terça-feira, 21 de junho de 2011

[Vida Cristã] EXAMINANDO NOSSO ARREPENDIMENTO

"Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." II Cor 7.10,11

Se alguém diz que se arrependeu, desejo que examine-se a si mesmo, seriamente, por meio dos sete... efeitos do arrependimento delineados pelo apóstolo em 2 Coríntios 7.11.

1. Cuidado. A palavra grega significa uma diligência intensa ou um esquivar-se atento de todas as tentações ao pecado. O homem verdadeiramente arrependido foge do pecado como Moisés fugiu da serpente.

2. Defesa. A palavra grega é apologia. O sentido é este: embora tenhamos muito cuidado, podemos cair no pecado devido à força da tentação. Ora, nesse caso, o crente arrependido não deixa o pecado supurar em sua alma; antes, julga a si mesmo por causa de seu pecado. Derrama lágrimas perante o Senhor. Clama por misericórdia em nome de Cristo e não O deixa, enquanto não obtém o seu perdão. Assim, em sua consciência, ele é defendido da culpa e se torna capaz de criar uma apologia para si mesmo contra Satanás.

3. Indignação. Aquele que se arrepende levanta o seu espírito contra o pecado, assim como o sangue de alguém sobe quando ele vê um indivíduo a quem odeia mortalmente. A indignação significa ficar importunado no coração por causa do pecado. O penitente sente-se inquieto consigo mesmo. Davi chamou a si mesmo de "ignorante" e "irracional" (Sl 73.22). Agradamos mais a Deus quando arrazoamos com nossa alma por conta do pecado.

4. Temor. Um coração sensível é sempre um coração que teme. O penitente sentiu a amargura do pecado. Este vespa o ferrou, e agora, tendo esperança de que Deus está reconciliado, ele teme se aproximar novamente do pecado. A alma penitente está cheia de temor. Tem medo de perder o favor de Deus, que é melhor do que a vida, e receia que, por falta de diligência, fique aquém da salvação. A alma penitente teme que, depois de amolecido o seu coração, as águas do arrependimento sejam congeladas, e ela seja endurecida no pecado novamente. "Feliz o homem constante no temor de Deus" (Pv 28.14)... Uma pessoa que se arrependeu teme e não peca; uma pessoa que não tem a graça de Deus peca e não teme.

5. Desejo intenso. Assim como o bom tempero estimula o apetite, assim também as ervas amargas do arrependimento estimulam o desejo. O que o penitente deseja? Ele deseja mais poder contra o pecado, bem como ser livre deste. É verdade que ele está livre de Satanás; mas anda como um prisioneiro que escapou da prisão com algemas nas pernas. Ele não pode andar com liberdade e destreza nos caminhos de Deus. Deseja, portanto, que as algemas do pecado sejam removidas. Ele quer ser livre da corrupção. Clama nas mesmas palavras de Paulo: "Quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7.24). Em resumo, ele deseja estar com Cristo, assim como tudo deseja estar em seu devido lugar.

6. Zelo. Desejo e zelo são colocados lado a lado a fim de mostrar que o verdadeiro desejo se manifesta em esforço zeloso. Oh! como o crente arrependido se estimula nas coisas pertinentes à salvação! Como se empenha para tomar por esforço o reino de Deus (Mt 11.12)! O zelo incita a busca pela glória. Ao se deparar com dificuldades, o zelo é encorajado pela oposição e sobrepuja o perigo. O zelo faz o crente arrependido persistir na tristeza santa mesmo diante de todos os desencorajamentos e oposições. O zelo desprende o crente de si mesmo e leva-o a buscar a glória de Deus. Paulo, antes de sua conversão, era enfurecido contra os santos (At 26.11). Depois da conversão, ele foi considerado louco por amor a Cristo: "As muitas letras te fazem delirar!" (At 26.24). Paulo tinha zelo e não delírio. O zelo causa fervor na vida espiritual, que é como fogo para o sacrifício (Rm 12.11). O zelo é um estímulo para o dever, assim como o temor é um freio para o pecado.

7. Vindita. Um crente verdadeiramente arrependido persegue os seus pecados com uma malignidade santa. Busca a morte dos pecados como Sansão queria vingar-se dos filisteus pelos seus dois olhos. O crente arrependido age com seus pecados da mesma maneira como os judeus agiram com Cristo. Ele lhes dá fel e vinagre para beberem. Crucifica as suas concupiscências (Gl 5.24). Um verdadeiro filho de Deus busca a ruína daqueles pecados que mais desonram a Deus... Com o pecado, Davi contaminou o seu leito; depois, pelo arrependimento, ele inundou seu leito com lágrimas. Os israelitas pecaram pela idolatria e, posteriormente, viram como desgraça os seus ídolos: "E terás por contaminados a prata que recobre as imagens esculpidas e o ouro que reveste as tuas imagens de fundição" (Is 30.22)... As mulheres israelitas que haviam se vestido à moda da época e, por orgulho, tinham abusado do uso de seus espelhos ofereceram-nos depois, tanto por zelo como por vingança, para o serviço do tabernáculo de Deus (Êx 38.8). Com o mesmo sentimento, os mágicos... quando se arrependeram, trouxeram seus livros e, por vindita, queimaram-nos (At 19.19).

Estes são os benditos frutos e resultados do arrependimento. Se os acharmos em nossa alma, chegamos àquele arrependimento do qual nos arrependeremos (2 Co 7.10).

Autor: Thomas Watson
Fonte: http://editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=301

domingo, 12 de junho de 2011

[Pneumatologia] - COMO SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO

Textos Básicos: João 7.37-39 e Efésios 5.18

Objetivo da lição:
Mostrar ao aluno como a plenitude do Espírito é recebida ou como é ser cheio ou controlado pelo Espírito Santo.

INTRODUÇÃO
"Ser cheio do Espírito" ou "controlado pelo Espírito" ou ainda "ser revestido do poder do Espírito Santo", são expressões sinônimas que significam nos tornarmos continuamente e cada vez mais semelhantes a Cristo e gozar do poder de Deus em nosso andar e testemunho diário. Tenho certeza que o coração de cada crente está a gritar - é disso que precisamos, é isso que queremos. Uma pergunta se nos impõe: Como obter essa bênção? O que é necessário? O que devemos fazer? Quais são as condições?

No momento da conversão, a pessoa recebe o Espírito Santo em sua plenitude. Isso está enfatizado no nosso texto em estudo: (Jo 7.37-39). Na verdade o verso 39 deixa claro que, sob a metáfora da água, toda pessoa que recebe a Jesus Cristo está recebendo o Espírito Santo, em abundante plenitude. Não somente a sua sede espiritual é estancada, mas "do seu interior fluirão rios de água viva". Isto é confirmado pela Bíblia que diz: "Deus não dá o Espírito por medida" (Jo 3.34). Essa é a maneira pela qual a vida cristã sempre começa e continua (Ef 5.18).

Walter K. Price (The Holy Spirit: Channel of Power) diz - "a plenitude do Espírito não é uma nova bênção a ser obtida pela primeira vez, mas uma bênção perdida a ser recuperada"- uma pergunta está nos sufocando: Como poderemos recuperar nossa bênção perdida? A resposta é simples. Podemos recuperar a plenitude do Espírito Santo, isto é, "ser cheio do Espírito" da mesma maneira pela qual a obtivemos por ocasião de nossa conversão. Isto significa que podemos usar João 7.37-39 como guia em nossa busca para recuperar o controle do Espírito em nossa vida diária.

Observemos novamente o que Jesus diz, nesta passagem: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba". Jesus está falando de 03 (três) coisas. A primeira é ter sede de Cristo; a segunda é ir a Cristo e a última é beber de Cristo. Se observarmos bem a linguagem figurada usada por Cristo, encontramos nesta passagem um direcionamento, tanto para a recepção quanto para a recuperação da plenitude do Espírito Santo. Vamos, agora, tratar dessas condições detalhadamente.

EXPOSIÇÃO
1. PRECISAMOS TER SEDE DE CRISTO ["...se alguém tem sede..."]
Quem tem sede, fisicamente, experimenta uma angustiosa sensação de secura e um grande desejo de água. Ter sede espiritual é ficar angustiado com a secura e a esterilidade da alma, bem como desejar ardentemente as águas da graça de Deus. Há uma razão pela qual a sede e a satisfação da sede estão ligadas. É esta: Deus dá suas bênçãos espirituais somente àqueles que as desejam. Há muitas passagens na Bíblia que relatam as bênçãos de Deus segundo os desejos de Seu povo (2 Cr 7.14; 15.15; SI 10.17; 21.2; 34.4; 145.19; Pv 10.24). Observe a enorme significação dessas passagens. Deus é encontrado por aqueles que O desejam intensamente.

Assim, desejemos corretamente: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3.1-3). O problema é que, frequentemente, nossos desejos não são espirituais, e sim carnais e materiais. Estão em níveis tão baixos que não somente nos privamos das bênçãos de Deus, como também somos por Ele disciplinados.

Uma pergunta se impõe: O que devemos, então, fazer?

Lembremos o que o apóstolo Paulo diz em Fp 2.13 - "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade". A palavra "querer" é também traduzida, muitas vezes, por "desejo". O que Paulo está querendo dizer é que Deus está trabalhando em nós não somente para nos suprir com a habilidade de servi-Lo, mas também para nos dar o desejo de deixá-Lo trabalhar através de nós. Deus está muito mais interessado em nos encher do Seu Espírito do que nós mesmos de recebê-Lo. Toda a nossa salvação é de Deus. E isso inclui todo o elevado e santo desejo que venhamos a ter. Desde que isso é verdade, podemos então abrir o nosso coração diante de Deus e confessar quão pouco espirituais têm sido os nossos desejos mais profundos. Dizer em oração:
"Querido Pai, eu realmente não tenho tido sede das Tuas mais ricas bênçãos como deveria. Purifica-me, eu te suplico, de todos os desejos carnais e egoístas e dá-me um profundo e constante desejo de ser controlado por Teu Espírito na minha vida diária".

Temos certeza de que Deus responderá esta oração, porque é uma petição que está inteiramente de acordo com a Sua santa vontade (1 Jo 5.14-15).

Essa é a primeira condição. Para sermos cheios do Espírito Santo precisamos ter sede de Cristo. Pois Ele não nos encherá, a menos que nos sintamos insatisfeitos com a relativa esterilidade de nossa vida espiritual, e a menos que tenhamos profundo desejo de que o Espírito Santo nos controle, nos tornando cada vez mais semelhantes a Cristo e nos dê mais poder para o nosso testemunho e serviço.

2. PRECISAMOS IR A CRISTO ["...venha a mim..."]
Mas ir a Cristo é um caminho de dupla ação. Significa de um lado, abandonar o pecado (vaso limpo), e de outro, submissão ao senhorio de Cristo (entregar o vaso).

2.1. Vaso Limpo
Deus deseja encher vasos de todos os tamanhos e de todos os formatos. Mas se recusa, terminantemente, a encher um vaso sujo ou imundo! Vejamos Is 59.1-2: “Eis que a mão do senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. Se desejo, sinceramente, ser enchido pelo Espírito Santo, então preciso tratar corajosamente o caso dos meus pecados. Vimos que todo pecado não confessado e não abandonado bloqueia o canal entre Deus e nós.
Para que nossas vidas sejam cheias do Espírito Santo, é preciso que estejamos espiritualmente limpos. Isto envolve o reconhecimento de nossa natureza pecaminosa, bem como o fato de que nós frequentemente cometemos pecados (1 João 1.8,10).

Temos, então, que tratar nossos pecados na sua relação para com Deus e para com os homens. Precisamos confessar honestamente cada pecado a Deus e pela fé suplicar o perdão e a purificação que Ele prometeu em 1 João 1.9. Depois, precisamos agradecer-Lhe por essa dupla bênção. Quando este envolve qualquer quebra de relação com nosso próximo, precisamos buscar reconciliação. Quando a culpa é de outro, devemos, de coração, perdoar essa pessoa, sem querer saber se ela quer ser perdoada ou não. Quando tivermos feito essas coisas, estaremos, então, prontos para dar o passo seguinte:

2.2. Entregar o Vaso ["...venha a mim..."]
Já vimos que quando falamos de enchimento do Espírito ou plenitude de Espírito, estamos usando uma linguagem figurada que significa o controle do Espírito. Desde que a obra do Espírito é glorificar a Cristo e torná-Lo real para nós (João 16.14), esse é apenas um outro meio de designar o controle de Cristo. Assim, se queremos ser cheios do Espírito, precisamos, sem nenhuma reserva, entregar a direção de nossas vidas a Jesus Cristo. Foi isso que fizemos quando fomos a Cristo em nossa conversão. É por isso que não fomos apenas habitados pelo Espírito, naquela ocasião, mas cheios do Espírito. Cabe aqui uma pergunta: Qual a diferença entre ser habitado e ser cheio?

James D. Crane responde: "A habitação do Espírito em nós é permanente e se relaciona com a nossa posição de filhos de Deus. Mas o enchimento do Espírito é flutuante e se relaciona com a nossa posição de servos de Deus. É por isso que Paulo nos exorta a "...sermos continuamente cheios do Espírito...".

A vida é dinâmica e não estática, o fato de hoje eu estar completamente entregue ao senhorio de Jesus, não é garantia de que amanhã eu esteja. Alguma coisa pode acontecer. E, quando essa coisa acontecer, terei que tomar uma decisão. Colocarei esta nova perspectiva de vida sob o senhorio de Cristo ou não. No caso positivo, essa minha experiência da plenitude do Espírito irá continuar. No caso negativo, perderei essa preciosa bênção até o tempo em que venha a arrepender-me de minha rebelião e reafirmar a minha total submissão a meu Senhor.

Durante a 2ª Guerra Mundial, numa das missões, um avião foi atingido por forte fogo anti-aéreo e retornou à sua base perfurado como uma peneira. Para o piloto isso pareceu um milagre, e declarou: "Deus foi o meu copiloto". Será isso mesmo verdade? O que é um copiloto? É o segundo no comando. É muito prático ter por perto um copiloto num caso de emergência, é como ter um pneu sobressalente. Mas quem está no controle é o Piloto.

Muitos crentes estão procedendo desta maneira para com Deus. Desejam-NO como copiloto. Desejam manter o controle de suas próprias vidas, mas ao mesmo tempo desejam que Deus fique por perto, caso se vejam em apuros. Porém, se desejamos conhecer a plenitude do poder do Espírito Santo em nossas vidas, precisamos nos entregar inteiramente ao seu comando. Paulo diz em Rm 12.1-2 - que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Mas nunca descobriremos isso, enquanto não nos oferecermos totalmente a Ele em sacrifício vivo.

3. PRECISAMOS BEBER ["...e beba..."]
Retornemos ao texto em estudo: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba..." Está claro que nesses versículos os verbos "beber" e "crer" são usados como sinônimos. Um é figura do outro. Jesus está dizendo em linguagem figurada que o último passo para "...ser cheio do Espírito Santo...", isto é, para recuperarmos a plenitude do Espírito, é crer nEle.

Quando uma pessoa bebe, fisicamente falando, põe um líquido na boca e o engole. Em assim fazendo, ela se apropria (torna seu) do valor desse líquido para o benefício do seu próprio corpo. Essa é a ideia básica da figura de linguagem empregada por Jesus. Nós nos apropriamos da plenitude do poder do Espírito, quando pela fé nos entregamos em submissão total a Jesus. Isto é beber espiritualmente de Cristo. Somos possuídos, totalmente, pelo Espírito, ou ainda, o Espírito Santo controla plenamente todos os compartimentos de nossa vida.

Essa apropriação pela fé, da plenitude do Espírito, significa, em primeiro lugar, que aceitamos essa bênção com gratidão como fato consumado. Considerando já preenchida a 1ª condição de ter sede de Cristo, bem como a 2ª condição ir a Cristo como vaso limpo em submissão total, cremos que agora somos cheios do Espírito. Uma coisa, entretanto, precisa ficar bem clara, os nossos sentimentos não devem ser levados em consideração! A verdade divina não está condicionada a sentimentos humanos de êxtases e emoções. Em segundo lugar, significa que em todas as coisas nós dependemos humildemente de Cristo para nos liderar e capacitar a fazer. E, finalmente, em 3° lugar, significa que enquanto nos lançamos ao serviço que Ele nos indicou esperamos confiadamente que Deus use nossos esforços para a Sua glória e para o benefício do próximo.

CONCLUSÃO
Convém lembrar que, em nossa conversão ao senhorio de Cristo, fomos não somente habitados, mas também, cheios do Espírito. A habitação do Espírito é permanente porque ela se relaciona com a nossa posição de filhos de Deus. Mas estar cheio do Espírito se relaciona com a nossa posição de servos de Deus. Enquanto mantemos uma atitude de completa submissão a Cristo como Senhor, continuamos a ser cheios do Espírito. Mas, sempre que nos rebelarmos contra o senhorio de Cristo, em qualquer aspecto da vida, perdemos a bênção da plenitude ou o controle do Espírito Santo.

Você quer ser cheio do Espírito Santo, quer receber a plenitude do poder do Espírito, quer ser controlado pelo Espírito, então conforme vimos, primeiramente você precisa ter sede de Cristo (...se alguém tem sede...). Depois vimos que só ter sede de Cristo não basta, é necessário também ir a Cristo (...venha a mim...) sem pecado e em submissão total. Você tem que se apresentar limpo de seus vícios e pecados, o vaso tem de estar purificado, e a entrega tem de ser plena de você mesmo. Submissão completa ao senhorio de Cristo. Redução do seu EU a nada para que Cristo seja tudo em sua vida. E, finalmente precisamos beber de Cristo (...e beba...), isto é aceitar tudo isso pela fé e não pelos sentimentos emocionais. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (Gl 5.25).

AMÉM

PONTOS PARA DISCUTIR
1. Você quer ser cheio do Espírito Santo?
2. Qual a diferença em "ser habitado" e "ser cheio" do Espírito Santo?
3. Qual é a fonte que nos enche?

Autor: José Milton Pinto

sexta-feira, 10 de junho de 2011

[Liturgia] UM TEMPLO OU UM TEATRO?

Os homens parecem nos dizer: "Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não creem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não creem em nada, não se preocupem; a 'dúvida sincera' de vocês é muito melhor do que a fé".

Talvez o leitor diga: "Mas ninguém fala desta maneira".

É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista.

O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?

Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.


Autor: Charles H. Spurgeon
Fonte: www.obreiroaprovado.com

quarta-feira, 1 de junho de 2011

[Liturgia] O PREGADOR E O SERMÃO

1.QUALIDADES DO PREGADOR DO EVANGELHO

Naturalmente para que alguém obtenha êxito como mensageiro de Deus deve possuir certas qualidades, ou satisfazer a determinadas condições.

O fator essencial, a característica de maior importância, é a piedade, que, no dizer do apóstolo, "para tudo é proveitosa", I Timóteo 4:8. Só o crente consagrado, verdadeiramente espiritual, alcançará grandes vitórias por Deus e para Deus. O homem leviano, superficial, poderá ser notável orador político e obterá, talvez o aplauso e admiração de muitos, porém jamais conseguirá tornar-se um eficiente pregador ou um instrumento poderoso usado pelo Senhor.

No mínimo três elementos são essenciais à eficiência do seu trabalho: humildade, para alcançar graça; oração, a fim de conseguir poder; estudo da Bíblia, para obter sabedoria.

2. PREPARO INDIVIDUAL DO PREGADOR

Antes mesmo de preocupar-se com a mensagem, deve o pregador cuidar de si. É princípio inegável que aquilo que ele faz depende do que ele é. Daí as recomendações de Paulo a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo (a pessoa) e da doutrina" (o trabalho); e mais adiante: "Procura apresentar-te aprovado perante Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar (o indivíduo) e que maneja bem a palavra da verdade", (a ação) (I Timóteo 3:16 e II Timóteo 2:15).

Para que o pregador seja bem sucedido em seu trabalho, é indispensável uma preparação completa, a qual abrange três aspectos: físico, intelectual e espiritual.

Preparação física: boa condição do organismo; saúde equilibrada. A Bíblia fala muito a respeito do equilíbrio das refeições. Nunca devemos exagerar na alimentação. Só recentemente que a ciência descobriu que a comida em excesso, pode ser prejudicial. Porém, a Bíblia Sagrada ensinava essa verdade há 3.500 anos atrás. "Depois disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis. Todavia pode-se usar a gordura do animal que morre por si mesmo, e a gordura do que é dilacerado por feras, para qualquer outro fim; mas de maneira alguma comereis dela" (Levítico 7:22-24). Temos conhecimento no dia de hoje, quão pernicioso é o colesterol em nosso sangue. O exercício também é muito importante para quem quer servir ao Senhor. Longas caminhadas e outras atividades que "desemperram" os músculos são indispensáveis na vida do servo do Senhor. Acredito que o fator que pesou na longevidade de anos na vida dos servos do Senhor, foi sem dúvida alguma, as longas caminhadas que eles eram obrigados a fazer no cotidiano de suas vidas. Abraão, Isaque, Jacó e muitos outros patriarcas eram caminhantes inveterados.

O próprio Moisés caminhou no deserto, conduzindo o rebelde povo de Israel, pelo menos quarenta anos. Não é de admirar que Moisé morreu com 120 anos de idade (Deuteronômio 34:7). Se Moisés tivesse algum problema sério de saúde, naturalmente não seria usado por Deus para estar à frente do povo hebreu por longos quarenta anos.

Vamos imaginar se Moisés fosse um cardíaco. Como resistiria ele as longas caminhadas naquele deserto abrasador? É necessário, portanto, que o servo do Senhor cuide de sua saúde. O apóstolo João, o ancião, desejou saúde ao seu amigo Gaio (III João 2).

Preparação intelectual: É natural que o pregador seja amante dos livros. Indispensável, pois, se torna que vá, aos poucos, formando a sua biblioteca. Devido ao elevado custo atual dos livros, deve o pregador selecionar os volumes que precisa adquirir, evitando gastar tempo e dinheiro com obras que poderia dispensar.

O pregador compreensivo se dedicará às matérias essenciais, ao tipo de estudo mais proveitoso para o seu ministério. Não perderá os seus momentos preciosos com leituras supérfluas ou que nada edificam.

Além da Bíblia, que é o primordial, e da Arte de Pregar, a língua materna deve merecer sua atenção perene. Como é lamentável o pregador, e quanto é prejudicial à mensagem, cometer graves erros de português. Não se fala de ser um erudito, mas de evitar erros primários. Quanto mais cultura ele tiver, mais fácil e mais eficiente será o seu ministério. O pregador precisa conhecer bem o homem e a cultura de seu tempo: suas idéias, seus costumes, seus problemas, seus recursos, sua personalidade e sua psicologia. Por isso, o pregador não pode contetar-se em estudar apenas sua Bíblia. O pregador não deve ser "homem de um livro só". Mas, há muita gente que se ufana disso. Quem afirma que o pregador deve estudar só a Bíblia revela ignorância ou preguiça mental.

O pregador precisa estar em dia com o seu tempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem ele vai ministrar. Se ele está no Brasil, precisa conhecer a psicologia do povo brasileiro, o grau de cultura deste povo, suas aspirações, suas frustrações, o que faz, como o faz, o que pensa e o que pretende. Se ele dirigir a outro país, terá que conhecer o mesmo a respeito do povo daquele país. Precisará não só conhecer essa cultura, mas assimilá-la e integrar-se nela.

Por isso, o pregador terá que ler muito (ser leitor inveterado e insaciável de informações). Ler jornais, revistas, livros; ouvir rádio, ver televisão (menos o que não presta); estar se informando dos mais diversos noticíarios do mundo. Ele precisa ver, ouvir e sentir o seu povo.

Paulo, o apóstolo aos gentios, não esquecia do seu preparo intelectual, e isto se nota quando ele pediu ao seu colega Timóteo, os livros e pergaminhos (II Timóteo 4:13). Concluimos, pois, que Paulo valorizava o preparo intelectual.

3. PREPARO ESPIRITUAL DO PREGADOR

O pregador deve, prioritariamente, buscar a qualidade espiritual. O bom condicionamento físico e o preparo intelectual são bons, e até necessários, mas nada disso adianta, se o pregador não empenhar-se na busca da santidade, (I Timóteo 4:13).

a) - Estudo da Bíblia. O pregador deve levar a sério o estudo das Sagradas Escrituras. Para obter sucesso em sua labuta no dia a dia, o pregador ou pastor precisa desenvolver o hábito de estudar com afinco o Santo Livro.

"Não se aparte de sua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás proseperar o teu caminho, e serás bem sucedido" (Josué 1:8). Neste pequeno e excelente versículo, temos uma receita divina. Deus, aqui, mostra o que futuro sucesso de Josué, seria observar e pôr em prática o Santo Livro. Paulo também sabia do valor das Escrituras Sagradas na vida de Timóteo, seu filho na fé. Eis o conselho que Paulo deu ao Jovem Timóteo: "Procure apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade" (II Timóteo 2:15).

As Santas Escrituras são instrumentos poderosíssimos na vida de quem quer dedicar na causa do Evangelho. Paulo, o maior pregador de todos os tempos, abaixo de Cristo, disse: "Porque não me envergonho do Evangelho, pois o é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Romanos 1:16).

b) - Oração: Devido a grande importância do assunto, dedicaremos alguns parágrafos à oração, como fator sem igual para o progresso espiritual do obreiro.

Alguém, numa certa ocasião, disse acertadamente: "A oração é a primeira, a segunda e a terceira coisa necessária ao pregador". O pregador que não se dedica à oração, não pode ser bem sucedido em seu ministério.

Todas as Escrituras estam cheias de exemplos de homens de oração profunda e piedosa. Os heróis do Antigo Testamento a usavam como arma eficiente nas suas grandes vitórias. Um dos grandes exemplos de oração é o do patrairca Jó. Jó sofreu as mais terríveis pressões que a vida reserva; porém, a Bíblia diz que Jó continuou imbatível em sua jornada de fé. Jó perdeu todos os seus bens materiais, perdeu todos os seus dez filhos, e, por fim, perdeu a saúde, mas não perdeu a sua esperança no Todo-Poderoso. Este valoroso homem continuava orando a Deus, apesar dos dissabores que sofreu. Vejamos o que a Bíblia diz a respeito de Jó e sua oração: "O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó 42:10).

Davi, o segundo rei da nação de Israel, também era um homem de oração. Este homem foi notável em seus momentos de devoção a Deus. São dele essas palavras que nos estimulam às orações: "De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei (oração); e Ele ouvirá a minha voz" (Salmos 55:17).

Quando estudamos o Evangelho de Lucas, que apresenta Jesus com homem perfeito, e dá ênfase à sua dependência de Deus na realização do ministério na terra, aprendemos que o Senhor vivia em constante comunhão com Deus; no batismo, "orando Ele, o céu se abriu" (Lucas 3:21); após a efetuação de prodígios, retirava-se para o deserto e ali orava (Lucas 5:16); antes de escolher os doze, "subiu ao monte a fim de orar, e passou a noite em oração a Deus" (Lucas 6:12); esteve sozinho, orando pouco antes de interrogar aos seus discípulos: "Quem dizem o homem que eu sou?" (Lucas 9:18); noutra ocasião levou três dos mais íntimos companheiros "e subiu ao monte a orar e ali se transfigurou" (Lucas 9:29); exultante, orou ao Pai com ação de graças pelas revelações aos humildes seguidores (Lucas 10:21); "estando Ele a orar em certo lugar" os seus discípulos suplicaram que lhes ensinasse a orar (Lucas 11"1); na cruz orou, pedindo perdão para os inimigos (Lucas 23:34). E conforme o testemunho do autor da carta aos hebreus, ainda hoje "vive para interceder por nós" (Hebreus 7:25).

Paulo é outro exemplo magnífico: não obstante as múltiplas responsabilidades do apóstolo, suas contínuas viagens, as perseguições que enfrentava, as lutas do ministério e os labores constantes, encontramo-lo sempre em oração intercessória, conforme aprendemos dos seus escritos: "Incessantemente faço menção de vós, pedindo nas minhas orações..." (Romanos 1:9-10). "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada"

(I Coríntios 1:4). "Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria" (Filipenses 1:4). "Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós" (Colossenses 1:3).

Por falta de espaço e tempo, não podemos transcrever aqui muitas outras passagens que revelam a importância da oração.

4. AQUELES QUE O SENHOR CHAMA

Consideremos então a importância do crente redimido por Jesus Cristo ser o arauto das verdades eternas do Evangelho. Como crente em Cristo, muitos privilégios tenho tido em minha vida. Porém, nenhum outro privilégio pode se comparar com a oportunidade de servir o meu Criador. Lembro-me do apóstolo Paulo que considerava o grande privilegiado de ser escolhido para "...anunciar as inescrutáveis riquezas de Cristo" (Efésios 3:8). Pregar o Evangelho de Cristo, sem dúvida alguma, é pregar a maior riqueza de todo o universo. Estou certo de que Deus concede a todos os convertidos, seja homem ou mulher, seja moço ou moça, menino ou menina, essa grande bênção de falar de Cristo aos seus semelhantes que necessitam de salvação. Todos os regenerados pelo poder do Espírito Santo de Deus, podem e devem falar de Jesus como sendo a única esperança ao perdido pecador.

Pregar o Evangelho de Cristo, não quer dizer com isso, que todos devem ocupar a direção ou liderança de uma determinada igreja. Aprendemos nas Escrituras Sagradas que nem todos são chamados para ocuparem o pastorado da igreja. Deus, que conhece os corações, escolhe e capacita àqueles que por Ele são chamados para este grandioso serviço. Paulo mesmo disse que nem todos têm um mesmo dom na Igreja de Cristo. "E uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas: são todos mestres? são todos operadores de milagres? todos têm dom de curar? Falam todos línguas? Interpretam todos? Mas procurai com melhor zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente" (I Coríntios 12:28-31).

Sabemos que, no caso da mulher, Deus proíbe terminantemente ocupar uma posição de liderança na igreja. Apesar deste ensino produzir muita polêmica entre igrejas e pastores, ele continua firme nas páginas das Escrituras Sagradas. Veja as seguintes passagens: (I Coríntios 14:34; I Timóteo 2:11-13). Quando uma mulher se levanta para fazer uma pregação, exercendo assim, a liderança sobre os homens, ela está frontalmente desobedecendo a palavra do Senhor.

Porém, com isso, não quer dizer que a mulher não pode fazer nada pela causa de Cristo. Muito pelo contrário, a mulher pode e deve ser uma ferramenta útil nas mãos do Senhor. O mesmo apóstolo que ordenou que as mulheres aprendessem em silêncio nas igrejas, mais tarde disse: "E peço a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no Evangelho..." (Filipenses 4:3). Paulo está se referindo às duas mulheres (Evódia e Síntique) que aparentemente estavam tendo alguns problemas pessoais. Mas o que nos chama a atenção é Paulo (chamado por muitos de machista) dizendo que essas duas mulheres trabalharam com ele no Evangelho.

A mulher Samaritana também serve como exemplo de que a mulher pode ser muito útil na causa do Senhor. A mulher Samaritana, a mando de Cristo, foi à cidade e convidou (não pregou) aos homens e disse: "Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo?" (João 4:29-30). Sim, esta mulher fez algo muito importante, pois ela foi convidar os homens da cidade a virem até onde Cristo estava. Isto as mulheres podem fazer nos dias de hojem também. As convertidas, na semelhança da mulher Samaritana, podem convidar homens, seus conhecidos e amigos, a virem à Igreja para ouvir a pregação do Evangelho.

Algumas mulheres que foram milagrosamente curadas por Cristo, acompanhavam-no e o serviam com as suas posses (Lucas 8:1-3). Aprendemos, então, que as mulheres podem fazer muito em prol do Evangelho. Hoje em dias, em nossas igrejas, as irmãs têm contribuído muito, principalmente quando usam os seus dons musicais, ajudando com suas vozes e, mesmo nos intrumentos musicais, como pianos, teclados, acordeons etc. Elas colaboram desta maneira sem exercer nenhuma liderança sobre os homens. Quantas irmãs têm sido úteis no Evangelho como educadoras de crianças, encaminhando-as a Cristo como Salvador.

5. O QUE É CHAMADO DEVE OBEDECER IMEDIATAMENTE

Quando alguém se sente chamado para o ser pastor, evangelista ou pregador, não deve hesitar, mas sem delongas aceitar a chamada de Deus. Temos o exemplo do apóstolo Paulo, que quando chamado, não questionou com Deus, mas imediatamente aceitou o grande desafio de ser usado pelo Senhor. Veja Gálatas 1:16-17. Também o profeta Isaías, no Antigo Testamento, é um exemplo de obediência imediata quando sentiu que Deus o estava chamando para o ministério: "Depois disso ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim". (Isaías 6:8).

O chamado por Deus para pregar o Evangelho não deve esquecer que os anjos também desejariam desempenhar este glorioso serviço. "...para as quais coisas os anjos bem desejariam atentar" (I Pedro 1:12). Os anjos são numerosíssimos, pertencentes a muitas ordens diferentes, dotados de grande inteligência, poder e autoridade, e alguns deles são dirigentes de vastas regiões dos mundos celestiais. Veja Efésios 1:21 e Apocalipse 19:17.

Aceitar a chamada de Deus para o trabalho de anunciar o Santo Evangelho, é o que de mais honroso se poderia almejar. Muitos se enchem de orgulho pelo simples fato de ser aprovados num concurso do Banco do Estado, do Banco do Brasil, do Banco Central etc. Outros se acham agraciados por ocuparem altos cargos nas mais altas hierarquia do Governo ou de uma grande empresa de prestígio internacional. Mas digo com toda a convicção, que nenhum cargo na terra, por mais importante que seja entre os mortais, se eqüivale ser chamado por Deus para o seu santo serviço.

Há vária maneiras de pregar o Evangelho de Cristo. Você pode falar com um amigo ou amiga. Podemos ir a um hospital ou presidiário e, então expor com humildade, a mensagem aos doente ou presos.

6. EXEMPLOS DE ALGUNS HOMENS CHAMADOS E USADOS POR DEUS

Gostaria de relacionar alguns homens, que apesar de serem fracos e vulneráveis ao pecado, Deus os usou poderosamente para desempenhar alguns trabalhos especiais:

- Moisés foi chamado especialmente para tirar o povo da escravidão do Egito (Êxodo 3:10).
- Deus chamou Josué para liderar o povo de Israel em direção da terra prometida (Josué 1:1-2).
- Samuel foi usado para ser o último grande Juiz da nação Hebraica e ajudar o povo a escolher o primeiro rei de sua história (I Samuel 3:1-14; 8:6-7; 10:1).
- Davi, o segundo rei da história de Israel, foi chamado pelo Senhor para substituir Saul que deixara Israel com moral baixa (I Samuel 16:11-13).
- Salomão foi chamado por Deus para dar continuidade ao reinado de seu pai, o rei Davi (I Reis 1:37 e 2:1-4).
- Jonas foi chamado para pregar a um povo estranho às alianças de Deus, o povo de Nínive (Jonas 1:1-2).
- Jesus chamou os doze apóstolos para estarem ao seu lado e, também, para serem os primeiros fundamentos de sua Igreja (Lucas 9:1-6; I Coríntios 12:28).
- Paulo, o apóstolo aos gentios, foi chamado pelo Senhor para sofrer pelo seu nome (Atos 9:15-16).
- Timóteo, o jovem companheiro do apóstolo Paulo, foi chamado para trabalhar na causa do Evangelho (I Timóteo 4:14-15).
- Alguns são chamados para exercerem o pastorado da igreja e outros são chamados para o honrado trabalho diaconato (Atos 6:1-6 e I Timóteo 3:1-10).
É bom lembrar novamente, que, quando alguém é chamado por Deus para pregar o Evangelho, não se deve questionar o Todo-Poderoso. Lembremos de Moisés e como ele queria fugir, mas não pôde (Êxodo 4:10-17).
Outro homem que procurou "tirar o corpo fora" foi Gideão, mas também não pôde (Juízes 6:14-15).
Poderíamos ainda falar do profeta Jonas, que ao ser chamado para pregar aos ninivitas, ele procurou fugir desta grande responsabilidade (Jonas 1:1-4).

7. AS DIFICULDADES NA VIDA DO PREGADOR

A vida de quem prega o Evangelho de Jesus Cristo é marcada de muitos obstáculos e dificuldades. É lamentável que a maioria não compreende a vida daquele que se entrega para o serviço de Deus. Aqueles que acham que a vida do pregador, evangelista ou pastor é "moleza", são os que menos cooperam na causa do Evangelho.

Todo pregador do Evangelho, mais cedo ou mais tarde, será criticado. Porém, a crítica mais dolorida não é tanto dos descrentes, pois deles é de se esperar qualquer tipo de crítica, mas as que mais ferem o pregador são aquelas que vêm de pessoas que estão no rol da membros da igreja. Paulo sofreu este ataque de alguns membros da Igreja de Corinto (I Coríntios 4:3; II Corintios 10:10-13; II Coríntios 11:6). Outro exemplo de crítica ferina que abala o pregador ou dirigente encontra-se no livro de Números quando Arão e Míriam criticaram a Moisés devido o seu casamento com a mulher cuhita (Números 12:1-15). Deus, entretanto, tomou as dores de Moisés e deu uma dura reprimenda em Arão e Míriam por terem falado contra Moisés. Não sei o porquê, mas Deus foi muito mais severo com Míriam, irmã de Moisés, deixando-a leprosa (Números 12:10).

Outra dificuldade que o pregador, evangelista, pastor ou qualquer dirigente de igreja depara em seu caminho, é quando algumas pessoas o considera como um "superstar" ou "super-espiritual". Há pessoas, por incrível que pareça, que consideram o pastor ou dirigente de igreja um "semi-deus". É claro que o pastor ou pregador deve ser exemplo em tudo, mas considerá-lo como alguém que tem a solução para todos os tipos de problemas, é o cúmulo do absurdo. Creio que todo pregador mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar esse tipo de problema. A nação de Israel caiu grave neste erro quando achou que seu líder era um "super-homem". Moisés não agüentou a pressão de tanta "choradeira" do povo e disse a Deus: "Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juramento prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso levar a todo este povo, porque me é pesado demais. Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria"

(Número 11:12-15). Quando o pregador é pressionado desta maneira, a sua reação é semelhante à de Moisés. Mas com o tempo o pastor ou dirigente de uma igreja aprende a se esquivar de tais problemas, mas naturalmente, isto se aprende depois de muitos anos no "batente". Antigamente eu perdia noites de sono com alguns problemas que membros de minha igreja me traziam. Eram problemas que estavam além de minha capacidade. Eram questões familiares, tais como: brigas de esposo e esposa; pais que vinham reclamar de um determinado filho rebelde; alguns dizendo que precisavam de emprego; outros que diziam que estavam com falta de dinheiro etc. Ora, esses tipos de questões o pastor ou dirigente de igreja não pode solucionar. Podemos e devemos orar a Deus, e esperar que Ele dê a solução ao problema. Se o pastor ou dirigente de igrejas forem ajudar financeiramente os irmãos pobres, então precisaria de uma fortuna tal como a do Bill Gates ou de qualquer outro bilionário deste mundo. Porém, como é o caso de muitos pastores e dirigentes, eles estão na lista dos mais pobres de suas igrejas. O pastor ou pregador do Evangelho deve aprender que sua principal ocupação é cuidar do rebanho de Deus e procurar ganhar almas para Cristo. Que nós, pastores e pregadores, aprendamos agir como Cristo: "Homem, quem me constiuiu a mim como juíz ou repartidor entre vós?" (Lucas 12:14). As dificuldades financeiras e as diferenças sociais é uma realidade, porém, o pastor ou dirigente não pode fazer nada para resolver esta questão. As Sagtradas Escrituras dizem que os pobres sempre existirão na terra. Veja Deuteronômio 15:11 e Mateus 26:11.

8. A PREGAÇÃO

Vamos agora falar da pregação. Pregar significa anunciar, divulgar, proclamar em alta voz uma determinada mensagem. Qual é a mensagem que o pregador deve proclamar? A mensagem da Bíblia. A Bíblia e somente a Bíblia que o pregador deve anunciar.

As Sagradas Escrituras é a fonte inesgotável da mensagem de Deus. Suas páginas inspiradas contêm tudo o que precisa o servo de Deus para o desempenho eficiente da missão de pregar. Este maravilhoso Livro apresenta variado material para o abastecimento perene do obreiro: poesia, história, biografia, doutrina, profecia... A Bíblia tem uma palavra adequada para cada ouvinte, em todo o tempo e em qualquer circunstância: é pão para o faminto, água para o sedento, alívio para o amargurado, conforto para o perseguido e luz para o duvidoso.

Não podemos negar o valor da psicologia, da filosofia e da antropologia, mas recorrer a esses valores para convencer o homem de seu estado pecaminoso, é atingir as raias do absurdo!!!

O apóstolo Paulo reconheceu o valor das Escrituras Sagradas, quando disse: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (II Timóteo 3:16-17). Jeremias, o profeta do Antigo Testamento, também reconheceu o valor da Palavra do Senhor, quando ouviu de Deus as seguintes palavras: "Não é a minha Palavra como fogo, diz o Senhor; e como martelo que esmiúça a pedra?" (Jeremias 23:29). O famoso rei Davi disse: "Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos" (Salmos 19:8).

Portanto, não podemos deixar de reconhecer que o Livro Divino contém tudo quanto o pregador ou pastor precisa em seu trabalho.

É muito importante que o pregador examine a sua Bíblia de diferentes modos, evitando assim o enfado ou monotonia e tornando o estudo mais atraente e proveitoso. Deve considerá-la como um todo, procurando vê-la de maneira ampla ou geral, como alguém que, de avião, contempla panorâmicamente determinada cidade. A seguir, procure estudar livro por livro, a fim de compreender os ensinos principais, os fatos salientes de cada um deles, inclusive o autor, a data, as circunstâncias históricas, a quem foi dirigida a sua mensagem e com que intento. Depois estude os seus capítulos mais notáveis, os quais apresenta verdades profundas e essênciais. Então procure os textos que se destacam pelo seu valor e profundeza, buscando sempre entender o seu verdadeiro sentido.

9. TIPOS DE PREGAÇÃO

Todos apreciam a variedade. Em razão disso, o pregador deve esforçar-se para não se escravizar a um só tipo de mensagem, o que prejudicaria o seu trabalho. Porém, ele tem que expor ao povo do Senhor "...todo o conselho de Deus" (Atos 20:27). Nunca esquecer que em determinadas ocasiões, o pregador deve trazer uma mensagem apropriada. EXEMPLO: Num velório, a pregação deve ser mais séria; o pregador deve trazer uma mensagem de esperança às pessoas que assistem. O servo de Deus deve ter sempre em mente que numa ocasião desta, as pessoas estão mais receptivas do que, quando assistem culto em uma festa de aniversário ou de casamento. No livro de Eclesiastes encontramos as sábias palavras do rei Salomão: "Melhor é ir à casa de luto (velório) do que ir à casa onde há banquete (festa); porque naquela (no velório) se vê o fim de todos os homens, e os vivos (que estão no velório) o aplicam ao seu coração" (Eclesiaste 7:2).

Há vários tipos de sermões, e naturalmente todos eles são úteis, mas aquele que prega o Evangelho deve aprimorar-se no tipo de sermão que mais lhe agrada. Porém, os tipos de sermões mais usados e conhecidos são estes três: TÓPICOS, TEXTUAL E EXPOSITIVO. Vejamos então, através de exemplos, como se desenvolve estes três tipos de sermões:

1º) Tópico: quando um assunto se desenvolve através de comparação de diversos trechos da Bíblia. Muitos pregadores usam este tipo de sermão, pois a vantagem de ser usado facilita com que o pregador apresente um assunto mais completo. Jesus e seus apóstolos fizeram uso largamente deste tipo de sermão. Vamos ilustrar aqui alguns sermões deste tipo:

I - Palavra da Cruz - I Coríntios 1:18-31.
1) Mensagem do amor divino;
2) Mensagem da dor ou do sofrimento;
3) Mensagem do perdão;
4) Mensagem da vitória.

II - "Vinde" - Lucas 14:15-24.
1) Uma necessidade (do homem);
2) um apelo (de Deus);
3) Uma oportunidade (para todos);
4) umaresponsabilidade (dos que escutam o convite)

III - Símbolo e Realidade - Números 21:1-9.
A serpente de metal como um perfeito tipo de Cristo:
1) Providenciada por Deus;
2) Para socorrer a um povo aflito;
3) Semelhante, mas distinta;
4) Levantada;
5) O alvo da fé;
6) O suficiente.

2º) Textual: quando não apenas o assunto, mas de igual modo os pontos ou divisões são extraídos do próprio versículo. Assim, o pregador analisa mais minuciosamente o conteúdo do texto, explicando as suas verdades, ou salientando as suas frases. As divisões da mensagem correspondem exatamente às cláusulas do versículo sobre o qual está baseada. É de grande utilidade este método, pois consiste na interpretação do texto da maneira mais completa.

Vejamos alguns exemplos de sermões textuais:

I - A Mensagem do Evangelho - Atos 17:30-31
1) Divina: "Deus";
2) Perdoadora: "Não tendo em conta os tempos da ignorância;
3) Urgente: "Agora";
4) Universal: "A todos os homens, em todo o lugar";
5) Definida: "Que se arrependam";
6) Responsabilidade dos que a ouvem ou perigo de desprezá-la: "Há de julgar o mundo com justiça".

II - Os verdadeiros seguidores de Cristo - João 10:27-28.
1) Obedientes: "ouvem a minha voz";
2) Dedicados: "me seguem";
3) Salvos: "dou-lhes a vida eterna";
4) Seguros: "nunca perecerão";
5) Protegidos: "Ninguém as arrebatará da minhas mãos"

Ou, ainda, estes outros:

Baseando-nos no Salmo 9:17, usamos o seguinte esboço:
l) Uma classe: os ímpios;
2) uma punição: serão lançados;
3) U lugar: o inferno;
4) Uma atitude: esquecimento de Deus.
Usando Mateus 8:11, pregamos um sermão com as seguintes divisões:

1) A maior garantia - "EU vos digo"; (a palavra infalível de Cristo);
2) A mais sábia escolha: "virão";
3) A mais ampla oportunidade: "do Oriente e do Ocidente" (isto é, todos, a humanidade inteira);
4) O melhor descanso: "sentarão";
5) A mais doce companhia: "Abraão, Isaque e Jacó" (todos os remidos);
6) A mais feliz habitação: "o reino de Deus", o céu. Concluindo, analisamos, por contraste:
7) A mais lamentável tragédia: ser lançado fora (por desprezar o Evangelho).

3º) Expositivo: é uma exegese da Escritura, a análise de um trecho da Bíblia, com maior número de pormenores. Tem sido, por certo, o tipo menos popular. Sem dúvida alguma, esse tipo de sermão exige um estudo sério, uma meditação profunda. A essência do sermão expositivo é a explicação detalhada de um trecho das Escrituras Sagradas escolhido pelo pregador. Para este tipo de sermão, exige-se da parte do pregador um cuidado especial, pois, se a exposição do trecho não for bem claro em sua explanação, haverá da parte dos ouvintes uma interrogação ("no ar") pelo fato de não te entendidos a mensagem.

O sermão expositivo possibilita maior conhecimento bíblico tanto para o pregador, como para os ouvintes. É um método rápido e eficaz para o fortalecimento ou edificação da igreja; dá mais honra à Palavra inspirada; a interpretação é mais exata, mais fiel, pois o mensageiro não tem oportunidade de afastar-se do texto sob o impulso da imaginação, e, enfim, a persistência ou hábito no seu uso torna-se uma grande bênção para o obreiro.

Vamos mostrar alguns sermões bíblicos desta categoria:

I - A Mulher Cananéia - No trecho de Mateus 15:21-28.
1) Sua posicão - estrangeira;
2) Sua necessidade - a filha enferma;
3) - Seu embaraço - aparente indiferença de Jesus e repreensão do povo;
4) - Sua humildade, perseverança e fé;
5) - Resultado: a cura.

II - Na história do cego de nascensa - No capítulo 9 de João.
1) - Sua condição - cego, mendigo;
2) - Sua oportunidade: encontrar-se com Jesus;
3) - Sua atitude - obediência, fé, persistência;
4) - Sua cura - imediata, completa;
5) - Sua prova- as oposições;
6) - Seu testemunho corajoso - vs. 16, 33 e sobretudo o 25.

III - Podemos considerar na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-24) as diferentes atitudes do moço ou as suas várias situações.
1) - Arrogância - "da-me";
2) - Dissipação - "gastou tudo";
3) - Ruína total - padecendo necessidade;
4) - Humilhação - procurando emprego; Despertamento - "caiu em si";
5) - Decisão - voltando ao lar;
6) - Recompensa - a recepção festiva.

IV - Uma série de condições para se ser salvo encontramos no trecho clássico de Isaías 55:1-8.
1) - Ter sede;
2) - Vir a Cristo;
3) - Receber de graça;
4) - Não demorar;
5) - Abandonar a vida pecaminosa.

Creio que os exemplos destes três tipos de pregação é mais do que suficientes para aqueles, que porventura podem aproveitar este estudo. Obras Bibliográficas usadas neste trabalho: Ajuda a Pregadores Leigos, de Edgar Leitão. Exposição do Novo Testamento, de Walter L. Liefild A arte de pregar o Evangelho, de Plínio Moreira da Silva



Trabalho elaborado:
Antônio Carlos Dias
Bauru, São Paulo
Rua 12 de Outubro, nº 4-3
Jardim Bela Vista
17060-300 Bauru, São Paulo
Telefone: (014) 232-5025
E-mail: antodias@uol.com.br
Fonte: www.obreiroaprovado.com

[Liturgia] A UNIDADE CRISTÃ

"...HAVERÁ UM REBANHO E UM PASTOR" (JOÃO 10:16)

Fala-se muito atualmente em união de igrejas, aproximação das denominações, cooperação entre cristãos, unidade na diversidade, etc., sem se atentar ao que dispõe a Bíblia sobre a verdadeira união. Antes de nos unirmos a determinadas denominações evangélicas, devemos ter em mente aquilo que Deus estabeleceu como a verdadeira unidade do corpo de Cristo.

A UNIDADE É PELA VERDADE

Como exórdio ao presente estudo, devemos ressaltar que a unidade cristã é bíblica e, portanto, deve ser buscada pelos membros do Corpo de Cristo (embora essa unidade não decorra da mera vontade humana). Orando ao Pai, Jesus disse: "Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. ... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17:11, 20 e 21). Essa idéia de unidade do corpo de Cristo resulta da idéia central da Tri-Unidade de Deus. Por isso que o apóstolo Paulo declarou: "Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão" (1 Coríntios 10:17).

A unidade do Corpo de Cristo permite a união dos desiguais: "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. ... E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo" (1 Coríntios 12:13-14 e 19-20). Paulo assim escreve para demonstrar que cada membro do corpo é diferente um do outro, mas forma uma unidade: uns são mãos, outros, pés, outros olhos, assim por diante - não somos todos apenas um membro do corpo, mas vários membros formando um só corpo: "E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; ... Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele." (vs. 21-22; 25-26).

O cristianismo é, sobretudo, uma religião baseada na união - união de gregos e troianos, judeus e gentios, negros e brancos, ricos e pobres, todos unidos numa só fé - mas não tolera a conjunção entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, a luz e a escuridão. Assim, a unidade cristã se dá PELA verdade bíblica universal, a Palavra viva, santa e imutável de Deus. Na sua oração pela unidade, Jesus disse: "Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam; ... Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade." (João 17:8 e 17). Se não for PELA Palavra de Deus não haverá unidade cristã verdadeira. Portanto, a unidade não deve ser meramente espiritual, mas também bíblico-doutrinária, mediante a uniformidade da fé.

A UNIDADE É PARA A VERDADE

Muitos pastores e líderes buscam a unidade em meio ao erro doutrinário, o que contradiz a Palavra de Deus. Essa "unidade", na realidade, agrada muito mais aos homens do que a Deus. Não falo das pequenas diferenças existentes no meio cristão (pois, como dissemos, cada membro do corpo é desigual), que não comprometem a sã doutrina, mas daquelas que possam afetar a verdade bíblica. Por exemplo: como poderei andar com um irmão que vive de "revelações" e que coloca as suas experiências pessoais acima da Bíblia, se eu creio que a Bíblia é a minha única regra de fé e conduta? Ou como poderei participar de uma igreja que ensina um outro evangelho (do cristianismo fácil, da busca de sucesso material, da salvação condicionada ao mérito pessoal, do curandeirismo, da realização de "sinais e prodígios", do G12, etc.) se prego a simplicidade do evangelho de Cristo? "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3).

Respeito muito o trabalho daqueles que buscam a unidade no meio evangélico, mas esse trabalho será em vão se não for PARA A VERDADE, por obra e vontade do nosso Deus: "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmos 127:1). O nosso dever de afastamento daqueles que se desviaram da verdade é muito mais bíblico do que a busca pela unidade a qualquer custo: "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." (Romanos 16:17). Essa admoestação não se dirige à observação somente dos "hereges", mas também contra os que promovem "dissensões" doutrinárias, "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." (v. 18). Lembre-se bem deste conselho: "Compra a verdade, e não a vendas." (Provérbios 23:23a).

A UNIDADE É MEDIANTE A FÉ

Se cremos todos em conformidade de fé (essa é a unidade que deve ser buscada - a unidade da fé), há união cristã verdadeira, ainda que distâncias nos separem. Paulo ensina que devemos nos suportar uns aos outros em amor, procurando guardar a UNIDADE DO ESPÍRITO pelo vínculo da paz (Efésios 4:2-3). Para isso, foi-nos dado "uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos ...Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4:11-14). Note bem que essa unidade da fé não comporta variações doutrinárias, porque senão nos tornaríamos como meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina. Havendo a unidade de fé, todo o corpo de Cristo se torna bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas (v. 20), isto é, sem divergências doutrinárias relevantes.

A UNIDADE OCORRE NA SEPARAÇÃO

A união cristã verdadeira somente existirá separando-se o joio do trigo. Da mesma maneira que não devemos nos prender a um jugo desigual com os infiéis (2 Coríntios 6:14), de igual forma não podemos nos associar com os que promovem dissensões doutrinárias. Essa unidade do ponto de vista bíblico se dará exclusivamente se houver total separação. Contradição? Não, pois a verdade não se coaduna com o erro; não existe unidade em meio à discórdia.

O Pr. Ron Riffe, no maravilhoso artigo intitulado target="_blank">"A Doutrina Bíblica da Separação", publicado no Jornal Sã Doutrina (JARF) nº 10 (março/2003), pg 3, citando 2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15, lembra que "alguns crentes de Tessalônica estavam com a falsa idéia que o arrebatamento ocorreria em um futuro próximo. Muitos deles venderam suas propriedades, abandonaram seus empregos e ficaram ociosos, esperando o retorno do Senhor. Enquanto aguardavam, alguns recusavam-se a trabalhar pela comida que recebiam, enquanto outros ficavam se metendo na vida alheia". Paulo então os adverte:

"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. ... Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. ... Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão." (2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15).

Observe bem: todos aqueles que promoviam aquela desordem eram crentes em Cristo, esperavam a salvação em Jesus, criam na Bíblia, enfim, podiam ser chamados de "irmãos". Mas andavam desordenadamente (isto é, "marchando em outro ritmo", conforme explicado pelo pastor Riffe), contra a própria tradição apostólica. Qual a semelhança dos tessalonicenses para os crentes hodiernos que praticam coisas contrárias à sã doutrina? Nenhuma, pois ambos andam "desordenadamente". Devemos, pois, nos misturar com os que acreditam em coisas que reprovamos à luz da Bíblia? Ou será que teremos de admitir que eles estão certos e que nós estamos errados? Como nos entenderemos, estando nós em desacordo?

APARTAI-VOS DELES

Se você acha estas palavras duras e exegeticamente erradas, perdoe-me a franqueza, mas está se opondo ao próprio Deus, que deseja separar um povo santo para sua exclusiva glória e autoridade. A verdade é que, embora possamos considerar muitos deles como irmãos (assim os considero com fundamento em Mateus 24:24 e 2 Tessalonicenses 3:15), devemos nos afastar dos que não estão de acordo com a sã doutrina, para que não haja confusão doutrinária. Não sou eu quem diz, mas o próprio apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santos de Deus. A confusão doutrinária no meio cristão é semelhante à balbúrdia ocasionada pela multidão em alvoroço - ninguém se entende e cada um segue desordenadamente. Se eles estão dispostos a nos ouvir, aí sim poderá haver uma aproximação e, quiçá, até a almejada união (eu também a desejo, mas com a verdade).

O apóstolo Paulo ainda demonstra que devemos nos afastar daqueles que se desviaram da sã doutrina: "Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado" (Tito 3:10-11). Certamente o texto fala de heresias; mas, não são heresias as muitas coisas que se pregam em determinados círculos evangélicos? Lembramos que muitas das igrejas com as quais se almeja a união saíram do nosso meio. Por que? "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." (1 João 2:19). Saíram de nós por desacordo - voltaremos a nos unir com eles ainda em desacordo?

Várias são as admoestações bíblicas no sentido da separação mesmo: "Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais." (1 Timóteo 6:3-6). "Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras." (2 João 1:9-11)

CONCLUSÃO

Infelizmente, sempre haverá dissensões doutrinárias no meio evangélico - o joio crescerá no entre o trigo para, finalmente, ser arrancado e lançado fora (Mateus 13:30). E isso é necessário até mesmo para que se levantem os que são leais à sã doutrina: "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós." (1 Coríntios 11:19); os que não são leais à sã doutrina farão de tudo para alcançarem a união fora dos padrões bíblicos e muitos "leais" poderão se influenciar pela falsa união. No entanto, devemos nos separar dos contradizentes e dos que estão em desacordo com a [única] verdade, sob pena de estarmos agradando ao nosso próprio ventre, aos homens e de desobedecermos a Deus. Ora, "mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29). Essa unidade não pode ser a que almeja nossos corações e nem a que vislumbra nossos olhos humanos, mas deve estar centrada na Palavra da Verdade e se conformar com a vontade divina. Por esse motivo, o líder cristão deve seguir "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." (Tito 1:9).

Deus nos abençoe!



Autor: Marcos A. F. Martins - marcosafmartins@ig.com.br
Editor da Revista Sã Doutrina www.sadoutrina.cjb.net/
Fonte: www.obreiroaprovado.com

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