Mostrando postagens com marcador LITURGIA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador LITURGIA. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 10 de junho de 2011

[Liturgia] UM TEMPLO OU UM TEATRO?

Os homens parecem nos dizer: "Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não creem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não creem em nada, não se preocupem; a 'dúvida sincera' de vocês é muito melhor do que a fé".

Talvez o leitor diga: "Mas ninguém fala desta maneira".

É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista.

O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?

Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.


Autor: Charles H. Spurgeon
Fonte: www.obreiroaprovado.com

quarta-feira, 1 de junho de 2011

[Liturgia] O PREGADOR E O SERMÃO

1.QUALIDADES DO PREGADOR DO EVANGELHO

Naturalmente para que alguém obtenha êxito como mensageiro de Deus deve possuir certas qualidades, ou satisfazer a determinadas condições.

O fator essencial, a característica de maior importância, é a piedade, que, no dizer do apóstolo, "para tudo é proveitosa", I Timóteo 4:8. Só o crente consagrado, verdadeiramente espiritual, alcançará grandes vitórias por Deus e para Deus. O homem leviano, superficial, poderá ser notável orador político e obterá, talvez o aplauso e admiração de muitos, porém jamais conseguirá tornar-se um eficiente pregador ou um instrumento poderoso usado pelo Senhor.

No mínimo três elementos são essenciais à eficiência do seu trabalho: humildade, para alcançar graça; oração, a fim de conseguir poder; estudo da Bíblia, para obter sabedoria.

2. PREPARO INDIVIDUAL DO PREGADOR

Antes mesmo de preocupar-se com a mensagem, deve o pregador cuidar de si. É princípio inegável que aquilo que ele faz depende do que ele é. Daí as recomendações de Paulo a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo (a pessoa) e da doutrina" (o trabalho); e mais adiante: "Procura apresentar-te aprovado perante Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar (o indivíduo) e que maneja bem a palavra da verdade", (a ação) (I Timóteo 3:16 e II Timóteo 2:15).

Para que o pregador seja bem sucedido em seu trabalho, é indispensável uma preparação completa, a qual abrange três aspectos: físico, intelectual e espiritual.

Preparação física: boa condição do organismo; saúde equilibrada. A Bíblia fala muito a respeito do equilíbrio das refeições. Nunca devemos exagerar na alimentação. Só recentemente que a ciência descobriu que a comida em excesso, pode ser prejudicial. Porém, a Bíblia Sagrada ensinava essa verdade há 3.500 anos atrás. "Depois disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis. Todavia pode-se usar a gordura do animal que morre por si mesmo, e a gordura do que é dilacerado por feras, para qualquer outro fim; mas de maneira alguma comereis dela" (Levítico 7:22-24). Temos conhecimento no dia de hoje, quão pernicioso é o colesterol em nosso sangue. O exercício também é muito importante para quem quer servir ao Senhor. Longas caminhadas e outras atividades que "desemperram" os músculos são indispensáveis na vida do servo do Senhor. Acredito que o fator que pesou na longevidade de anos na vida dos servos do Senhor, foi sem dúvida alguma, as longas caminhadas que eles eram obrigados a fazer no cotidiano de suas vidas. Abraão, Isaque, Jacó e muitos outros patriarcas eram caminhantes inveterados.

O próprio Moisés caminhou no deserto, conduzindo o rebelde povo de Israel, pelo menos quarenta anos. Não é de admirar que Moisé morreu com 120 anos de idade (Deuteronômio 34:7). Se Moisés tivesse algum problema sério de saúde, naturalmente não seria usado por Deus para estar à frente do povo hebreu por longos quarenta anos.

Vamos imaginar se Moisés fosse um cardíaco. Como resistiria ele as longas caminhadas naquele deserto abrasador? É necessário, portanto, que o servo do Senhor cuide de sua saúde. O apóstolo João, o ancião, desejou saúde ao seu amigo Gaio (III João 2).

Preparação intelectual: É natural que o pregador seja amante dos livros. Indispensável, pois, se torna que vá, aos poucos, formando a sua biblioteca. Devido ao elevado custo atual dos livros, deve o pregador selecionar os volumes que precisa adquirir, evitando gastar tempo e dinheiro com obras que poderia dispensar.

O pregador compreensivo se dedicará às matérias essenciais, ao tipo de estudo mais proveitoso para o seu ministério. Não perderá os seus momentos preciosos com leituras supérfluas ou que nada edificam.

Além da Bíblia, que é o primordial, e da Arte de Pregar, a língua materna deve merecer sua atenção perene. Como é lamentável o pregador, e quanto é prejudicial à mensagem, cometer graves erros de português. Não se fala de ser um erudito, mas de evitar erros primários. Quanto mais cultura ele tiver, mais fácil e mais eficiente será o seu ministério. O pregador precisa conhecer bem o homem e a cultura de seu tempo: suas idéias, seus costumes, seus problemas, seus recursos, sua personalidade e sua psicologia. Por isso, o pregador não pode contetar-se em estudar apenas sua Bíblia. O pregador não deve ser "homem de um livro só". Mas, há muita gente que se ufana disso. Quem afirma que o pregador deve estudar só a Bíblia revela ignorância ou preguiça mental.

O pregador precisa estar em dia com o seu tempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem ele vai ministrar. Se ele está no Brasil, precisa conhecer a psicologia do povo brasileiro, o grau de cultura deste povo, suas aspirações, suas frustrações, o que faz, como o faz, o que pensa e o que pretende. Se ele dirigir a outro país, terá que conhecer o mesmo a respeito do povo daquele país. Precisará não só conhecer essa cultura, mas assimilá-la e integrar-se nela.

Por isso, o pregador terá que ler muito (ser leitor inveterado e insaciável de informações). Ler jornais, revistas, livros; ouvir rádio, ver televisão (menos o que não presta); estar se informando dos mais diversos noticíarios do mundo. Ele precisa ver, ouvir e sentir o seu povo.

Paulo, o apóstolo aos gentios, não esquecia do seu preparo intelectual, e isto se nota quando ele pediu ao seu colega Timóteo, os livros e pergaminhos (II Timóteo 4:13). Concluimos, pois, que Paulo valorizava o preparo intelectual.

3. PREPARO ESPIRITUAL DO PREGADOR

O pregador deve, prioritariamente, buscar a qualidade espiritual. O bom condicionamento físico e o preparo intelectual são bons, e até necessários, mas nada disso adianta, se o pregador não empenhar-se na busca da santidade, (I Timóteo 4:13).

a) - Estudo da Bíblia. O pregador deve levar a sério o estudo das Sagradas Escrituras. Para obter sucesso em sua labuta no dia a dia, o pregador ou pastor precisa desenvolver o hábito de estudar com afinco o Santo Livro.

"Não se aparte de sua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás proseperar o teu caminho, e serás bem sucedido" (Josué 1:8). Neste pequeno e excelente versículo, temos uma receita divina. Deus, aqui, mostra o que futuro sucesso de Josué, seria observar e pôr em prática o Santo Livro. Paulo também sabia do valor das Escrituras Sagradas na vida de Timóteo, seu filho na fé. Eis o conselho que Paulo deu ao Jovem Timóteo: "Procure apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade" (II Timóteo 2:15).

As Santas Escrituras são instrumentos poderosíssimos na vida de quem quer dedicar na causa do Evangelho. Paulo, o maior pregador de todos os tempos, abaixo de Cristo, disse: "Porque não me envergonho do Evangelho, pois o é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Romanos 1:16).

b) - Oração: Devido a grande importância do assunto, dedicaremos alguns parágrafos à oração, como fator sem igual para o progresso espiritual do obreiro.

Alguém, numa certa ocasião, disse acertadamente: "A oração é a primeira, a segunda e a terceira coisa necessária ao pregador". O pregador que não se dedica à oração, não pode ser bem sucedido em seu ministério.

Todas as Escrituras estam cheias de exemplos de homens de oração profunda e piedosa. Os heróis do Antigo Testamento a usavam como arma eficiente nas suas grandes vitórias. Um dos grandes exemplos de oração é o do patrairca Jó. Jó sofreu as mais terríveis pressões que a vida reserva; porém, a Bíblia diz que Jó continuou imbatível em sua jornada de fé. Jó perdeu todos os seus bens materiais, perdeu todos os seus dez filhos, e, por fim, perdeu a saúde, mas não perdeu a sua esperança no Todo-Poderoso. Este valoroso homem continuava orando a Deus, apesar dos dissabores que sofreu. Vejamos o que a Bíblia diz a respeito de Jó e sua oração: "O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó 42:10).

Davi, o segundo rei da nação de Israel, também era um homem de oração. Este homem foi notável em seus momentos de devoção a Deus. São dele essas palavras que nos estimulam às orações: "De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei (oração); e Ele ouvirá a minha voz" (Salmos 55:17).

Quando estudamos o Evangelho de Lucas, que apresenta Jesus com homem perfeito, e dá ênfase à sua dependência de Deus na realização do ministério na terra, aprendemos que o Senhor vivia em constante comunhão com Deus; no batismo, "orando Ele, o céu se abriu" (Lucas 3:21); após a efetuação de prodígios, retirava-se para o deserto e ali orava (Lucas 5:16); antes de escolher os doze, "subiu ao monte a fim de orar, e passou a noite em oração a Deus" (Lucas 6:12); esteve sozinho, orando pouco antes de interrogar aos seus discípulos: "Quem dizem o homem que eu sou?" (Lucas 9:18); noutra ocasião levou três dos mais íntimos companheiros "e subiu ao monte a orar e ali se transfigurou" (Lucas 9:29); exultante, orou ao Pai com ação de graças pelas revelações aos humildes seguidores (Lucas 10:21); "estando Ele a orar em certo lugar" os seus discípulos suplicaram que lhes ensinasse a orar (Lucas 11"1); na cruz orou, pedindo perdão para os inimigos (Lucas 23:34). E conforme o testemunho do autor da carta aos hebreus, ainda hoje "vive para interceder por nós" (Hebreus 7:25).

Paulo é outro exemplo magnífico: não obstante as múltiplas responsabilidades do apóstolo, suas contínuas viagens, as perseguições que enfrentava, as lutas do ministério e os labores constantes, encontramo-lo sempre em oração intercessória, conforme aprendemos dos seus escritos: "Incessantemente faço menção de vós, pedindo nas minhas orações..." (Romanos 1:9-10). "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada"

(I Coríntios 1:4). "Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria" (Filipenses 1:4). "Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós" (Colossenses 1:3).

Por falta de espaço e tempo, não podemos transcrever aqui muitas outras passagens que revelam a importância da oração.

4. AQUELES QUE O SENHOR CHAMA

Consideremos então a importância do crente redimido por Jesus Cristo ser o arauto das verdades eternas do Evangelho. Como crente em Cristo, muitos privilégios tenho tido em minha vida. Porém, nenhum outro privilégio pode se comparar com a oportunidade de servir o meu Criador. Lembro-me do apóstolo Paulo que considerava o grande privilegiado de ser escolhido para "...anunciar as inescrutáveis riquezas de Cristo" (Efésios 3:8). Pregar o Evangelho de Cristo, sem dúvida alguma, é pregar a maior riqueza de todo o universo. Estou certo de que Deus concede a todos os convertidos, seja homem ou mulher, seja moço ou moça, menino ou menina, essa grande bênção de falar de Cristo aos seus semelhantes que necessitam de salvação. Todos os regenerados pelo poder do Espírito Santo de Deus, podem e devem falar de Jesus como sendo a única esperança ao perdido pecador.

Pregar o Evangelho de Cristo, não quer dizer com isso, que todos devem ocupar a direção ou liderança de uma determinada igreja. Aprendemos nas Escrituras Sagradas que nem todos são chamados para ocuparem o pastorado da igreja. Deus, que conhece os corações, escolhe e capacita àqueles que por Ele são chamados para este grandioso serviço. Paulo mesmo disse que nem todos têm um mesmo dom na Igreja de Cristo. "E uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas: são todos mestres? são todos operadores de milagres? todos têm dom de curar? Falam todos línguas? Interpretam todos? Mas procurai com melhor zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente" (I Coríntios 12:28-31).

Sabemos que, no caso da mulher, Deus proíbe terminantemente ocupar uma posição de liderança na igreja. Apesar deste ensino produzir muita polêmica entre igrejas e pastores, ele continua firme nas páginas das Escrituras Sagradas. Veja as seguintes passagens: (I Coríntios 14:34; I Timóteo 2:11-13). Quando uma mulher se levanta para fazer uma pregação, exercendo assim, a liderança sobre os homens, ela está frontalmente desobedecendo a palavra do Senhor.

Porém, com isso, não quer dizer que a mulher não pode fazer nada pela causa de Cristo. Muito pelo contrário, a mulher pode e deve ser uma ferramenta útil nas mãos do Senhor. O mesmo apóstolo que ordenou que as mulheres aprendessem em silêncio nas igrejas, mais tarde disse: "E peço a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no Evangelho..." (Filipenses 4:3). Paulo está se referindo às duas mulheres (Evódia e Síntique) que aparentemente estavam tendo alguns problemas pessoais. Mas o que nos chama a atenção é Paulo (chamado por muitos de machista) dizendo que essas duas mulheres trabalharam com ele no Evangelho.

A mulher Samaritana também serve como exemplo de que a mulher pode ser muito útil na causa do Senhor. A mulher Samaritana, a mando de Cristo, foi à cidade e convidou (não pregou) aos homens e disse: "Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo?" (João 4:29-30). Sim, esta mulher fez algo muito importante, pois ela foi convidar os homens da cidade a virem até onde Cristo estava. Isto as mulheres podem fazer nos dias de hojem também. As convertidas, na semelhança da mulher Samaritana, podem convidar homens, seus conhecidos e amigos, a virem à Igreja para ouvir a pregação do Evangelho.

Algumas mulheres que foram milagrosamente curadas por Cristo, acompanhavam-no e o serviam com as suas posses (Lucas 8:1-3). Aprendemos, então, que as mulheres podem fazer muito em prol do Evangelho. Hoje em dias, em nossas igrejas, as irmãs têm contribuído muito, principalmente quando usam os seus dons musicais, ajudando com suas vozes e, mesmo nos intrumentos musicais, como pianos, teclados, acordeons etc. Elas colaboram desta maneira sem exercer nenhuma liderança sobre os homens. Quantas irmãs têm sido úteis no Evangelho como educadoras de crianças, encaminhando-as a Cristo como Salvador.

5. O QUE É CHAMADO DEVE OBEDECER IMEDIATAMENTE

Quando alguém se sente chamado para o ser pastor, evangelista ou pregador, não deve hesitar, mas sem delongas aceitar a chamada de Deus. Temos o exemplo do apóstolo Paulo, que quando chamado, não questionou com Deus, mas imediatamente aceitou o grande desafio de ser usado pelo Senhor. Veja Gálatas 1:16-17. Também o profeta Isaías, no Antigo Testamento, é um exemplo de obediência imediata quando sentiu que Deus o estava chamando para o ministério: "Depois disso ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim". (Isaías 6:8).

O chamado por Deus para pregar o Evangelho não deve esquecer que os anjos também desejariam desempenhar este glorioso serviço. "...para as quais coisas os anjos bem desejariam atentar" (I Pedro 1:12). Os anjos são numerosíssimos, pertencentes a muitas ordens diferentes, dotados de grande inteligência, poder e autoridade, e alguns deles são dirigentes de vastas regiões dos mundos celestiais. Veja Efésios 1:21 e Apocalipse 19:17.

Aceitar a chamada de Deus para o trabalho de anunciar o Santo Evangelho, é o que de mais honroso se poderia almejar. Muitos se enchem de orgulho pelo simples fato de ser aprovados num concurso do Banco do Estado, do Banco do Brasil, do Banco Central etc. Outros se acham agraciados por ocuparem altos cargos nas mais altas hierarquia do Governo ou de uma grande empresa de prestígio internacional. Mas digo com toda a convicção, que nenhum cargo na terra, por mais importante que seja entre os mortais, se eqüivale ser chamado por Deus para o seu santo serviço.

Há vária maneiras de pregar o Evangelho de Cristo. Você pode falar com um amigo ou amiga. Podemos ir a um hospital ou presidiário e, então expor com humildade, a mensagem aos doente ou presos.

6. EXEMPLOS DE ALGUNS HOMENS CHAMADOS E USADOS POR DEUS

Gostaria de relacionar alguns homens, que apesar de serem fracos e vulneráveis ao pecado, Deus os usou poderosamente para desempenhar alguns trabalhos especiais:

- Moisés foi chamado especialmente para tirar o povo da escravidão do Egito (Êxodo 3:10).
- Deus chamou Josué para liderar o povo de Israel em direção da terra prometida (Josué 1:1-2).
- Samuel foi usado para ser o último grande Juiz da nação Hebraica e ajudar o povo a escolher o primeiro rei de sua história (I Samuel 3:1-14; 8:6-7; 10:1).
- Davi, o segundo rei da história de Israel, foi chamado pelo Senhor para substituir Saul que deixara Israel com moral baixa (I Samuel 16:11-13).
- Salomão foi chamado por Deus para dar continuidade ao reinado de seu pai, o rei Davi (I Reis 1:37 e 2:1-4).
- Jonas foi chamado para pregar a um povo estranho às alianças de Deus, o povo de Nínive (Jonas 1:1-2).
- Jesus chamou os doze apóstolos para estarem ao seu lado e, também, para serem os primeiros fundamentos de sua Igreja (Lucas 9:1-6; I Coríntios 12:28).
- Paulo, o apóstolo aos gentios, foi chamado pelo Senhor para sofrer pelo seu nome (Atos 9:15-16).
- Timóteo, o jovem companheiro do apóstolo Paulo, foi chamado para trabalhar na causa do Evangelho (I Timóteo 4:14-15).
- Alguns são chamados para exercerem o pastorado da igreja e outros são chamados para o honrado trabalho diaconato (Atos 6:1-6 e I Timóteo 3:1-10).
É bom lembrar novamente, que, quando alguém é chamado por Deus para pregar o Evangelho, não se deve questionar o Todo-Poderoso. Lembremos de Moisés e como ele queria fugir, mas não pôde (Êxodo 4:10-17).
Outro homem que procurou "tirar o corpo fora" foi Gideão, mas também não pôde (Juízes 6:14-15).
Poderíamos ainda falar do profeta Jonas, que ao ser chamado para pregar aos ninivitas, ele procurou fugir desta grande responsabilidade (Jonas 1:1-4).

7. AS DIFICULDADES NA VIDA DO PREGADOR

A vida de quem prega o Evangelho de Jesus Cristo é marcada de muitos obstáculos e dificuldades. É lamentável que a maioria não compreende a vida daquele que se entrega para o serviço de Deus. Aqueles que acham que a vida do pregador, evangelista ou pastor é "moleza", são os que menos cooperam na causa do Evangelho.

Todo pregador do Evangelho, mais cedo ou mais tarde, será criticado. Porém, a crítica mais dolorida não é tanto dos descrentes, pois deles é de se esperar qualquer tipo de crítica, mas as que mais ferem o pregador são aquelas que vêm de pessoas que estão no rol da membros da igreja. Paulo sofreu este ataque de alguns membros da Igreja de Corinto (I Coríntios 4:3; II Corintios 10:10-13; II Coríntios 11:6). Outro exemplo de crítica ferina que abala o pregador ou dirigente encontra-se no livro de Números quando Arão e Míriam criticaram a Moisés devido o seu casamento com a mulher cuhita (Números 12:1-15). Deus, entretanto, tomou as dores de Moisés e deu uma dura reprimenda em Arão e Míriam por terem falado contra Moisés. Não sei o porquê, mas Deus foi muito mais severo com Míriam, irmã de Moisés, deixando-a leprosa (Números 12:10).

Outra dificuldade que o pregador, evangelista, pastor ou qualquer dirigente de igreja depara em seu caminho, é quando algumas pessoas o considera como um "superstar" ou "super-espiritual". Há pessoas, por incrível que pareça, que consideram o pastor ou dirigente de igreja um "semi-deus". É claro que o pastor ou pregador deve ser exemplo em tudo, mas considerá-lo como alguém que tem a solução para todos os tipos de problemas, é o cúmulo do absurdo. Creio que todo pregador mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar esse tipo de problema. A nação de Israel caiu grave neste erro quando achou que seu líder era um "super-homem". Moisés não agüentou a pressão de tanta "choradeira" do povo e disse a Deus: "Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juramento prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso levar a todo este povo, porque me é pesado demais. Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria"

(Número 11:12-15). Quando o pregador é pressionado desta maneira, a sua reação é semelhante à de Moisés. Mas com o tempo o pastor ou dirigente de uma igreja aprende a se esquivar de tais problemas, mas naturalmente, isto se aprende depois de muitos anos no "batente". Antigamente eu perdia noites de sono com alguns problemas que membros de minha igreja me traziam. Eram problemas que estavam além de minha capacidade. Eram questões familiares, tais como: brigas de esposo e esposa; pais que vinham reclamar de um determinado filho rebelde; alguns dizendo que precisavam de emprego; outros que diziam que estavam com falta de dinheiro etc. Ora, esses tipos de questões o pastor ou dirigente de igreja não pode solucionar. Podemos e devemos orar a Deus, e esperar que Ele dê a solução ao problema. Se o pastor ou dirigente de igrejas forem ajudar financeiramente os irmãos pobres, então precisaria de uma fortuna tal como a do Bill Gates ou de qualquer outro bilionário deste mundo. Porém, como é o caso de muitos pastores e dirigentes, eles estão na lista dos mais pobres de suas igrejas. O pastor ou pregador do Evangelho deve aprender que sua principal ocupação é cuidar do rebanho de Deus e procurar ganhar almas para Cristo. Que nós, pastores e pregadores, aprendamos agir como Cristo: "Homem, quem me constiuiu a mim como juíz ou repartidor entre vós?" (Lucas 12:14). As dificuldades financeiras e as diferenças sociais é uma realidade, porém, o pastor ou dirigente não pode fazer nada para resolver esta questão. As Sagtradas Escrituras dizem que os pobres sempre existirão na terra. Veja Deuteronômio 15:11 e Mateus 26:11.

8. A PREGAÇÃO

Vamos agora falar da pregação. Pregar significa anunciar, divulgar, proclamar em alta voz uma determinada mensagem. Qual é a mensagem que o pregador deve proclamar? A mensagem da Bíblia. A Bíblia e somente a Bíblia que o pregador deve anunciar.

As Sagradas Escrituras é a fonte inesgotável da mensagem de Deus. Suas páginas inspiradas contêm tudo o que precisa o servo de Deus para o desempenho eficiente da missão de pregar. Este maravilhoso Livro apresenta variado material para o abastecimento perene do obreiro: poesia, história, biografia, doutrina, profecia... A Bíblia tem uma palavra adequada para cada ouvinte, em todo o tempo e em qualquer circunstância: é pão para o faminto, água para o sedento, alívio para o amargurado, conforto para o perseguido e luz para o duvidoso.

Não podemos negar o valor da psicologia, da filosofia e da antropologia, mas recorrer a esses valores para convencer o homem de seu estado pecaminoso, é atingir as raias do absurdo!!!

O apóstolo Paulo reconheceu o valor das Escrituras Sagradas, quando disse: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (II Timóteo 3:16-17). Jeremias, o profeta do Antigo Testamento, também reconheceu o valor da Palavra do Senhor, quando ouviu de Deus as seguintes palavras: "Não é a minha Palavra como fogo, diz o Senhor; e como martelo que esmiúça a pedra?" (Jeremias 23:29). O famoso rei Davi disse: "Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos" (Salmos 19:8).

Portanto, não podemos deixar de reconhecer que o Livro Divino contém tudo quanto o pregador ou pastor precisa em seu trabalho.

É muito importante que o pregador examine a sua Bíblia de diferentes modos, evitando assim o enfado ou monotonia e tornando o estudo mais atraente e proveitoso. Deve considerá-la como um todo, procurando vê-la de maneira ampla ou geral, como alguém que, de avião, contempla panorâmicamente determinada cidade. A seguir, procure estudar livro por livro, a fim de compreender os ensinos principais, os fatos salientes de cada um deles, inclusive o autor, a data, as circunstâncias históricas, a quem foi dirigida a sua mensagem e com que intento. Depois estude os seus capítulos mais notáveis, os quais apresenta verdades profundas e essênciais. Então procure os textos que se destacam pelo seu valor e profundeza, buscando sempre entender o seu verdadeiro sentido.

9. TIPOS DE PREGAÇÃO

Todos apreciam a variedade. Em razão disso, o pregador deve esforçar-se para não se escravizar a um só tipo de mensagem, o que prejudicaria o seu trabalho. Porém, ele tem que expor ao povo do Senhor "...todo o conselho de Deus" (Atos 20:27). Nunca esquecer que em determinadas ocasiões, o pregador deve trazer uma mensagem apropriada. EXEMPLO: Num velório, a pregação deve ser mais séria; o pregador deve trazer uma mensagem de esperança às pessoas que assistem. O servo de Deus deve ter sempre em mente que numa ocasião desta, as pessoas estão mais receptivas do que, quando assistem culto em uma festa de aniversário ou de casamento. No livro de Eclesiastes encontramos as sábias palavras do rei Salomão: "Melhor é ir à casa de luto (velório) do que ir à casa onde há banquete (festa); porque naquela (no velório) se vê o fim de todos os homens, e os vivos (que estão no velório) o aplicam ao seu coração" (Eclesiaste 7:2).

Há vários tipos de sermões, e naturalmente todos eles são úteis, mas aquele que prega o Evangelho deve aprimorar-se no tipo de sermão que mais lhe agrada. Porém, os tipos de sermões mais usados e conhecidos são estes três: TÓPICOS, TEXTUAL E EXPOSITIVO. Vejamos então, através de exemplos, como se desenvolve estes três tipos de sermões:

1º) Tópico: quando um assunto se desenvolve através de comparação de diversos trechos da Bíblia. Muitos pregadores usam este tipo de sermão, pois a vantagem de ser usado facilita com que o pregador apresente um assunto mais completo. Jesus e seus apóstolos fizeram uso largamente deste tipo de sermão. Vamos ilustrar aqui alguns sermões deste tipo:

I - Palavra da Cruz - I Coríntios 1:18-31.
1) Mensagem do amor divino;
2) Mensagem da dor ou do sofrimento;
3) Mensagem do perdão;
4) Mensagem da vitória.

II - "Vinde" - Lucas 14:15-24.
1) Uma necessidade (do homem);
2) um apelo (de Deus);
3) Uma oportunidade (para todos);
4) umaresponsabilidade (dos que escutam o convite)

III - Símbolo e Realidade - Números 21:1-9.
A serpente de metal como um perfeito tipo de Cristo:
1) Providenciada por Deus;
2) Para socorrer a um povo aflito;
3) Semelhante, mas distinta;
4) Levantada;
5) O alvo da fé;
6) O suficiente.

2º) Textual: quando não apenas o assunto, mas de igual modo os pontos ou divisões são extraídos do próprio versículo. Assim, o pregador analisa mais minuciosamente o conteúdo do texto, explicando as suas verdades, ou salientando as suas frases. As divisões da mensagem correspondem exatamente às cláusulas do versículo sobre o qual está baseada. É de grande utilidade este método, pois consiste na interpretação do texto da maneira mais completa.

Vejamos alguns exemplos de sermões textuais:

I - A Mensagem do Evangelho - Atos 17:30-31
1) Divina: "Deus";
2) Perdoadora: "Não tendo em conta os tempos da ignorância;
3) Urgente: "Agora";
4) Universal: "A todos os homens, em todo o lugar";
5) Definida: "Que se arrependam";
6) Responsabilidade dos que a ouvem ou perigo de desprezá-la: "Há de julgar o mundo com justiça".

II - Os verdadeiros seguidores de Cristo - João 10:27-28.
1) Obedientes: "ouvem a minha voz";
2) Dedicados: "me seguem";
3) Salvos: "dou-lhes a vida eterna";
4) Seguros: "nunca perecerão";
5) Protegidos: "Ninguém as arrebatará da minhas mãos"

Ou, ainda, estes outros:

Baseando-nos no Salmo 9:17, usamos o seguinte esboço:
l) Uma classe: os ímpios;
2) uma punição: serão lançados;
3) U lugar: o inferno;
4) Uma atitude: esquecimento de Deus.
Usando Mateus 8:11, pregamos um sermão com as seguintes divisões:

1) A maior garantia - "EU vos digo"; (a palavra infalível de Cristo);
2) A mais sábia escolha: "virão";
3) A mais ampla oportunidade: "do Oriente e do Ocidente" (isto é, todos, a humanidade inteira);
4) O melhor descanso: "sentarão";
5) A mais doce companhia: "Abraão, Isaque e Jacó" (todos os remidos);
6) A mais feliz habitação: "o reino de Deus", o céu. Concluindo, analisamos, por contraste:
7) A mais lamentável tragédia: ser lançado fora (por desprezar o Evangelho).

3º) Expositivo: é uma exegese da Escritura, a análise de um trecho da Bíblia, com maior número de pormenores. Tem sido, por certo, o tipo menos popular. Sem dúvida alguma, esse tipo de sermão exige um estudo sério, uma meditação profunda. A essência do sermão expositivo é a explicação detalhada de um trecho das Escrituras Sagradas escolhido pelo pregador. Para este tipo de sermão, exige-se da parte do pregador um cuidado especial, pois, se a exposição do trecho não for bem claro em sua explanação, haverá da parte dos ouvintes uma interrogação ("no ar") pelo fato de não te entendidos a mensagem.

O sermão expositivo possibilita maior conhecimento bíblico tanto para o pregador, como para os ouvintes. É um método rápido e eficaz para o fortalecimento ou edificação da igreja; dá mais honra à Palavra inspirada; a interpretação é mais exata, mais fiel, pois o mensageiro não tem oportunidade de afastar-se do texto sob o impulso da imaginação, e, enfim, a persistência ou hábito no seu uso torna-se uma grande bênção para o obreiro.

Vamos mostrar alguns sermões bíblicos desta categoria:

I - A Mulher Cananéia - No trecho de Mateus 15:21-28.
1) Sua posicão - estrangeira;
2) Sua necessidade - a filha enferma;
3) - Seu embaraço - aparente indiferença de Jesus e repreensão do povo;
4) - Sua humildade, perseverança e fé;
5) - Resultado: a cura.

II - Na história do cego de nascensa - No capítulo 9 de João.
1) - Sua condição - cego, mendigo;
2) - Sua oportunidade: encontrar-se com Jesus;
3) - Sua atitude - obediência, fé, persistência;
4) - Sua cura - imediata, completa;
5) - Sua prova- as oposições;
6) - Seu testemunho corajoso - vs. 16, 33 e sobretudo o 25.

III - Podemos considerar na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-24) as diferentes atitudes do moço ou as suas várias situações.
1) - Arrogância - "da-me";
2) - Dissipação - "gastou tudo";
3) - Ruína total - padecendo necessidade;
4) - Humilhação - procurando emprego; Despertamento - "caiu em si";
5) - Decisão - voltando ao lar;
6) - Recompensa - a recepção festiva.

IV - Uma série de condições para se ser salvo encontramos no trecho clássico de Isaías 55:1-8.
1) - Ter sede;
2) - Vir a Cristo;
3) - Receber de graça;
4) - Não demorar;
5) - Abandonar a vida pecaminosa.

Creio que os exemplos destes três tipos de pregação é mais do que suficientes para aqueles, que porventura podem aproveitar este estudo. Obras Bibliográficas usadas neste trabalho: Ajuda a Pregadores Leigos, de Edgar Leitão. Exposição do Novo Testamento, de Walter L. Liefild A arte de pregar o Evangelho, de Plínio Moreira da Silva



Trabalho elaborado:
Antônio Carlos Dias
Bauru, São Paulo
Rua 12 de Outubro, nº 4-3
Jardim Bela Vista
17060-300 Bauru, São Paulo
Telefone: (014) 232-5025
E-mail: antodias@uol.com.br
Fonte: www.obreiroaprovado.com

[Liturgia] A UNIDADE CRISTÃ

"...HAVERÁ UM REBANHO E UM PASTOR" (JOÃO 10:16)

Fala-se muito atualmente em união de igrejas, aproximação das denominações, cooperação entre cristãos, unidade na diversidade, etc., sem se atentar ao que dispõe a Bíblia sobre a verdadeira união. Antes de nos unirmos a determinadas denominações evangélicas, devemos ter em mente aquilo que Deus estabeleceu como a verdadeira unidade do corpo de Cristo.

A UNIDADE É PELA VERDADE

Como exórdio ao presente estudo, devemos ressaltar que a unidade cristã é bíblica e, portanto, deve ser buscada pelos membros do Corpo de Cristo (embora essa unidade não decorra da mera vontade humana). Orando ao Pai, Jesus disse: "Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. ... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17:11, 20 e 21). Essa idéia de unidade do corpo de Cristo resulta da idéia central da Tri-Unidade de Deus. Por isso que o apóstolo Paulo declarou: "Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão" (1 Coríntios 10:17).

A unidade do Corpo de Cristo permite a união dos desiguais: "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. ... E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo" (1 Coríntios 12:13-14 e 19-20). Paulo assim escreve para demonstrar que cada membro do corpo é diferente um do outro, mas forma uma unidade: uns são mãos, outros, pés, outros olhos, assim por diante - não somos todos apenas um membro do corpo, mas vários membros formando um só corpo: "E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; ... Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele." (vs. 21-22; 25-26).

O cristianismo é, sobretudo, uma religião baseada na união - união de gregos e troianos, judeus e gentios, negros e brancos, ricos e pobres, todos unidos numa só fé - mas não tolera a conjunção entre o certo e o errado, a verdade e a mentira, a luz e a escuridão. Assim, a unidade cristã se dá PELA verdade bíblica universal, a Palavra viva, santa e imutável de Deus. Na sua oração pela unidade, Jesus disse: "Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam; ... Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade." (João 17:8 e 17). Se não for PELA Palavra de Deus não haverá unidade cristã verdadeira. Portanto, a unidade não deve ser meramente espiritual, mas também bíblico-doutrinária, mediante a uniformidade da fé.

A UNIDADE É PARA A VERDADE

Muitos pastores e líderes buscam a unidade em meio ao erro doutrinário, o que contradiz a Palavra de Deus. Essa "unidade", na realidade, agrada muito mais aos homens do que a Deus. Não falo das pequenas diferenças existentes no meio cristão (pois, como dissemos, cada membro do corpo é desigual), que não comprometem a sã doutrina, mas daquelas que possam afetar a verdade bíblica. Por exemplo: como poderei andar com um irmão que vive de "revelações" e que coloca as suas experiências pessoais acima da Bíblia, se eu creio que a Bíblia é a minha única regra de fé e conduta? Ou como poderei participar de uma igreja que ensina um outro evangelho (do cristianismo fácil, da busca de sucesso material, da salvação condicionada ao mérito pessoal, do curandeirismo, da realização de "sinais e prodígios", do G12, etc.) se prego a simplicidade do evangelho de Cristo? "Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3).

Respeito muito o trabalho daqueles que buscam a unidade no meio evangélico, mas esse trabalho será em vão se não for PARA A VERDADE, por obra e vontade do nosso Deus: "Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." (Salmos 127:1). O nosso dever de afastamento daqueles que se desviaram da verdade é muito mais bíblico do que a busca pela unidade a qualquer custo: "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." (Romanos 16:17). Essa admoestação não se dirige à observação somente dos "hereges", mas também contra os que promovem "dissensões" doutrinárias, "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." (v. 18). Lembre-se bem deste conselho: "Compra a verdade, e não a vendas." (Provérbios 23:23a).

A UNIDADE É MEDIANTE A FÉ

Se cremos todos em conformidade de fé (essa é a unidade que deve ser buscada - a unidade da fé), há união cristã verdadeira, ainda que distâncias nos separem. Paulo ensina que devemos nos suportar uns aos outros em amor, procurando guardar a UNIDADE DO ESPÍRITO pelo vínculo da paz (Efésios 4:2-3). Para isso, foi-nos dado "uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos ...Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4:11-14). Note bem que essa unidade da fé não comporta variações doutrinárias, porque senão nos tornaríamos como meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina. Havendo a unidade de fé, todo o corpo de Cristo se torna bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas (v. 20), isto é, sem divergências doutrinárias relevantes.

A UNIDADE OCORRE NA SEPARAÇÃO

A união cristã verdadeira somente existirá separando-se o joio do trigo. Da mesma maneira que não devemos nos prender a um jugo desigual com os infiéis (2 Coríntios 6:14), de igual forma não podemos nos associar com os que promovem dissensões doutrinárias. Essa unidade do ponto de vista bíblico se dará exclusivamente se houver total separação. Contradição? Não, pois a verdade não se coaduna com o erro; não existe unidade em meio à discórdia.

O Pr. Ron Riffe, no maravilhoso artigo intitulado target="_blank">"A Doutrina Bíblica da Separação", publicado no Jornal Sã Doutrina (JARF) nº 10 (março/2003), pg 3, citando 2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15, lembra que "alguns crentes de Tessalônica estavam com a falsa idéia que o arrebatamento ocorreria em um futuro próximo. Muitos deles venderam suas propriedades, abandonaram seus empregos e ficaram ociosos, esperando o retorno do Senhor. Enquanto aguardavam, alguns recusavam-se a trabalhar pela comida que recebiam, enquanto outros ficavam se metendo na vida alheia". Paulo então os adverte:

"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. ... Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. ... Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão." (2 Tessalonicenses 3:6, 11 e 14-15).

Observe bem: todos aqueles que promoviam aquela desordem eram crentes em Cristo, esperavam a salvação em Jesus, criam na Bíblia, enfim, podiam ser chamados de "irmãos". Mas andavam desordenadamente (isto é, "marchando em outro ritmo", conforme explicado pelo pastor Riffe), contra a própria tradição apostólica. Qual a semelhança dos tessalonicenses para os crentes hodiernos que praticam coisas contrárias à sã doutrina? Nenhuma, pois ambos andam "desordenadamente". Devemos, pois, nos misturar com os que acreditam em coisas que reprovamos à luz da Bíblia? Ou será que teremos de admitir que eles estão certos e que nós estamos errados? Como nos entenderemos, estando nós em desacordo?

APARTAI-VOS DELES

Se você acha estas palavras duras e exegeticamente erradas, perdoe-me a franqueza, mas está se opondo ao próprio Deus, que deseja separar um povo santo para sua exclusiva glória e autoridade. A verdade é que, embora possamos considerar muitos deles como irmãos (assim os considero com fundamento em Mateus 24:24 e 2 Tessalonicenses 3:15), devemos nos afastar dos que não estão de acordo com a sã doutrina, para que não haja confusão doutrinária. Não sou eu quem diz, mas o próprio apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santos de Deus. A confusão doutrinária no meio cristão é semelhante à balbúrdia ocasionada pela multidão em alvoroço - ninguém se entende e cada um segue desordenadamente. Se eles estão dispostos a nos ouvir, aí sim poderá haver uma aproximação e, quiçá, até a almejada união (eu também a desejo, mas com a verdade).

O apóstolo Paulo ainda demonstra que devemos nos afastar daqueles que se desviaram da sã doutrina: "Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado" (Tito 3:10-11). Certamente o texto fala de heresias; mas, não são heresias as muitas coisas que se pregam em determinados círculos evangélicos? Lembramos que muitas das igrejas com as quais se almeja a união saíram do nosso meio. Por que? "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." (1 João 2:19). Saíram de nós por desacordo - voltaremos a nos unir com eles ainda em desacordo?

Várias são as admoestações bíblicas no sentido da separação mesmo: "Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais." (1 Timóteo 6:3-6). "Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras." (2 João 1:9-11)

CONCLUSÃO

Infelizmente, sempre haverá dissensões doutrinárias no meio evangélico - o joio crescerá no entre o trigo para, finalmente, ser arrancado e lançado fora (Mateus 13:30). E isso é necessário até mesmo para que se levantem os que são leais à sã doutrina: "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós." (1 Coríntios 11:19); os que não são leais à sã doutrina farão de tudo para alcançarem a união fora dos padrões bíblicos e muitos "leais" poderão se influenciar pela falsa união. No entanto, devemos nos separar dos contradizentes e dos que estão em desacordo com a [única] verdade, sob pena de estarmos agradando ao nosso próprio ventre, aos homens e de desobedecermos a Deus. Ora, "mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29). Essa unidade não pode ser a que almeja nossos corações e nem a que vislumbra nossos olhos humanos, mas deve estar centrada na Palavra da Verdade e se conformar com a vontade divina. Por esse motivo, o líder cristão deve seguir "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." (Tito 1:9).

Deus nos abençoe!



Autor: Marcos A. F. Martins - marcosafmartins@ig.com.br
Editor da Revista Sã Doutrina www.sadoutrina.cjb.net/
Fonte: www.obreiroaprovado.com

sexta-feira, 27 de maio de 2011

[Liturgia] APASCENTANDO OVELHA OU ENTRETENDO BODE?

Um mal acontece no arraial professo do Senhor, tão flagrante na sua imprudência, que até o menos perspicaz dificilmente falharia em notá-lo. Este mal evoluiu numa proporção anormal, mesmo para o erro, no decurso de alguns anos. Ele tem agido como fermento até que a massa toda levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso, quanto insinuar a Igreja que parte da sua missão é prover entretenimento para o povo, visando alcançá-los. De anunciar em alta voz, como fizeram os puritanos, a Igreja, gradualmente, baixou o tom do seu testemunho e também tolerou e desculpou as leviandades da época. Depois, ela as consentiu em suas fronteiras. Agora, ela as adota sob o pretexto de alcançar as massas.

Meu primeiro argumento é que prover entretenimento ao povo, em nenhum lugar das Escrituras, é mencionado como uma função da Igreja. Se fosse obrigação da Igreja, porque Cristo não falaria dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Lc.16:15). Isto é suficientemente claro. Assim também seria, se Ele adicionasse "e provejam divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho". Tais palavras, entretanto, não são encontradas. Nem parecem ocorrer-Lhe.

Em outra passagem encontramos: "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef.4:11). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia, no que se refere a eles. Os profetas foram perseguidos por agradar as pessoas ou por oporem-se a elas?

Em segundo lugar, prover distração está em direto antagonismo ao ensino e vida de Cristo e seus apóstolos. Qual era a posição da Igreja para com o mundo? "Vós sois o sal da terra" (Mt.5:13), não o doce açúcar – algo que o mundo irá cuspir, não engolir. Curta e pungente foi à expressão: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Mt.8:22). Que seriedade impressionante!

Cristo poderia ter sido mais popular, se tivesse introduzido mais brilho e elementos agradáveis a sua missão, quando as pessoas O deixaram por causa da natureza inquiridora do seu ensino. Porém, eu não O escuto dizer: "Corre atrás deste povo Pedro, e diga-lhes que teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atrativo, com uma pregação bem pequena. Teremos uma noite agradável para eles. Diga-lhes que, por certo, gostarão. Seja rápido, Pedro, nós devemos alcançá-los de qualquer jeito!".

Jesus compadeceu-se dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca pretendeu entretê-los. Em vão as epístolas serão examinadas com o objetivo de achar nelas qualquer traço do evangelho do deleite. A mensagem que elas contêm é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!” Eles tinham enorme confiança no evangelho e não empregavam outra arma.

Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja reuniu-se em oração, mas não oraram: "Senhor, permite-nos que pelo sábio e judicioso uso da recreação inocente, possamos mostrar a este povo quão felizes nós somos". Dispersados pela perseguição, eles iam por todo mundo pregando o evangelho. Eles "viraram o mundo de cabeça para baixo". Esta é a única diferença! Senhor, limpe a tua Igreja de toda futilidade e entulho que o diabo impôs sobre ela e traze-a de volta aos métodos apostólicos.

Por fim, a missão do entretenimento falha em realizar o objetivo a que se propõe. Ela produz destruição entre os jovens convertidos. Permitam que os negligentes e zombadores, que agradecem a Deus porque a Igreja os recebeu no meio do caminho, falem e testifiquem! Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o bêbado para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de promover entretenimento não produz convertidos verdadeiros.

O que os pastores precisam hoje, é crer no conhecimento aliado a espiritualidade sincera; um jorrando do outro, como fruto da raiz. Necessitam de doutrina bíblica, de tal forma entendida e experimentada, que ponham os homens em chamas.



Autor: Charles H. Spurgeon
Fonte: www.obreiroaprovado.com

[Liturgia] A ESPIRITUALIDADE DE DEUS

JOÃO 4:1-26

Introdução: Quando falamos de Deus, da Sua natureza e atributos, referem-nos à essência de Deus e não nas maneiras que Ele tem se manifestado, e não necessariamente de uma determinada pessoa da trindade. A palavra ‘Pai’ mostra a Sua personalidade enquanto a palavra ‘Deus’ manifesta a Sua essência (Charnock, V. I, pg. 178).

Os atributos de Deus são as características distintivas da natureza divina inseparáveis da idéia de Deus e que constituem a base e apoio das suas varias manifestações às suas criaturas

Chamamo-los atributos porque somos compelidos a atribuí-los a Deus como qualidades ou poderes fundamentais ao Seu ser a fim de dar um relato racional de alguns fatos constantes nas auto-revelações de Deus. Não são existências separadas. São atributos de Deus (A. H. Strong, V.I, pg. 364, 366).

Atributo é a essência total agindo de um modo. O centro da unidade não está em qualquer atributo, mas na essência. ... A diferença entre o atributo divino e a pessoa divina é que a pessoa é um modo da existência da essência, enquanto o atributo é um modo da relação, ou da operação da essência (Shedd, Dogmatic Theology., 1.335. citado em A. H. Strong, V. I., pg.367).

QUAL É A NATUREZA DE DEUS?

“DEUS É ESPÍRITO” (JOÃO 4.24)

Dizendo que Deus é Espírito é fácil a dizer pois a Bíblia diz assim. Mas o que quer dizer por “espírito”? A palavra espírito é usada varias vezes de vários significados. Quais apontam a Deus?

Espírito aerificado (Reduzir (-se) ao estado gasoso; aerizar, Dicionário Aurélio Eletrônico), Salmos 11.6, no hebraico “vento tempestuoso” ‘espírito de tempestade

Respiração – “espírito de vida”, Gênesis 6.17.

Anjos – Salmos 104.4, “faz dos seus anjos espíritos”. Podem ser tanto os bons quanto os imundos (Marcos 1.27)

Alma/espírito - do homem (Eclesiastes 12.7); de Cristo (João 19.30); Deus é Deus “dos espíritos de toda a carne” (Números 16.22).

Sem Carne – “seus cavalos, carne, e não espírito” (Isaías 31.3); “um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24.39)

Ativo e eficaz – “Porém o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me”; Calebe manifestou uma afeição ativa e não uma índole preguiçosa. Usado ‘espírito’ pois um espírito geralmente tem uma natureza ativa (Números 13.24; Daniel 6.3).

A forte atividade do pecado - Oséias 4.12, “O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde, porque o espírito da luxúria os engana, e prostituem-se, apartando-se da sujeição do seu Deus”. Esta mesma idéia é embutida em Provérbios 29.11, “O tolo revela todo o seu pensamento (Hebraico = ‘espírito’)” no sentido que ele não sabe refrear a atividade da sua mente; ação espontânea sem controle ou limite.

Quando a Bíblia diz que Deus é Espírito ela quer transmitir que Deus é a somatório de todos os significados, ou seja: substância invisível e ativa que promove ações em Si e em outros. Não tem corpo, é sem o tamanho, a figura, a bitola, ou o cumprimento de um corpo, completamente separado de algo que é carnal ou de matéria (Charnock, V. I, pg.181). “Deus é Espírito espiritíssimo, mais espiritual de todos os anjos ou almas” (Charnock, V. I., pg. 181, citando Gerhard). Como Ele excede tudo na essência do Seu ser, assim Ele excede tudo na Sua natureza de espírito: tem nada grosso, pesado, ou de matéria na Sua essência.

A afirmação que “Deus é Espírito” testifica da heresia dos Saduceus que deram a Deus um corpo somente. Atos 23:8, “Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa”.

Afirmando “Deus é Espírito”, no contexto de João 4.24, manifesta verdades sobre a verdadeira adoração do homem à Divindade. A própria essência de Deus, e não a vontade de apenas uma Pessoa da Trindade, se agrada com adoração espiritual, espírito com Espírito. Não é isento, nessa adoração espiritual, o uso de lugares específicos e de objetos corporais, pois tudo que Ele criou, e ao homem deu-lhe um corpo, deve dá-Lo o Seu devido louvor (Salmos 150.6). O uso do corpo, com gestos cerimoniais, como os quais Jesus referia-Se no contexto, os dos fariseus e os dos samaritanos, não Si agradaram, pois eram cerimoniais mortas, feitos por tradição e não de um coração com entendimento. Os gestos cerimoniais originalmente apontavam às verdades de Deus. Deus quer que adoremos Ele de entendimento e não com cerimônias mortas. Jesus está dizendo à mulher Samaritana que ela deve se separar de todos os modos carnais (“Nossos pais adoraram neste monte”, v. 20) e prestar louvor primeiramente nas ações do coração e acondicioná-lo mais corretamente à condição do Objeto adorado, que “é Espírito” (Charnock, V. I, pg. 179).

Substâncias espirituais são mais excelentes do que as corporais, pois dão vitalidade às corporais; a alma do homem mais excelente do que outros animais; anjos mais excelentes do que os homens (Salmos 8.5; Hebreus 2.7). O superior, na sua própria natureza, contém a dignidade do inferior; Deus deve ter, portanto, uma excelência acima de todos esses e assim sendo, é inteiramente remoto das condições de um corpo (Charnock).

Alguns sugerem que no tabernáculo o ouro e os outros ornamentos do tabernáculo apontavam a uma qualidade de Cristo, mas qualquer coisa visível era inadequada representar a natureza de Deus que é puramente invisível, não podendo representar-Se à mente do homem adequadamente. Porém, sabendo que a adoração envolve a Trindade e pelo fato do tabernáculo representando a presença de Deus no meio do povo pecador, seria apto para o tabernáculo manifestar os atributos de Deus. Para representar a espiritualidade da natureza de Deus alguns apontam ao ar contido na arca da aliança. O ar é invisível e se difusa em todas as partes do mundo, flui em todas as partes das criaturas e, enche o espaço entre o céu e a terra. Ensinando assim que Deus é espírito e não há lugar onde Deus não está presente. (Charock).

“DEUS É ESPÍRITO”

– Se Deus tivesse a forma de homem, os gentios não seriam acusados de pecado por mudar a Sua glória incorruptível em semelhança de homem corruptível (Romanos 1.23) (Charnock, V. I, pg. 182).
Se “Deus é Espírito”, porque a Bíblia atribua a Ele partes corporais (? “Devem ser consideradas como antropomórficas e simbólicas. Quando se fala que Deus aparece aos patriarcas e anda com eles, tais passagens devem ser explicadas como referindo-se às manifestações temporárias do próprio Deus em forma humana – manifestações que prefiguravam o tabernácular final do Filho de Deus em carne” (A. H. Strong, V.I, pg.373). Por Deus ser Espírito puro estas passagens se tomem num sentido figurado e simbólico (T. P. Simmons, pg.84). Gênesis 32.30; Deuteronômio 34.10 somente podem ensinar que Deus se manifestou a Jacó e a Moisés numa representação que adequava à mente, ao espírito ou à vista deles, não que Ele tem um corpo (A H Strong). Estas representações aludem à Sua obra, e não à Sua natureza invisível. O olho – Sua sabedoria; braço e mão – Sua eficiência. Nelas são manifestas as Suas perfeições ao homem: os olhos e os ouvidos – onisciência; a face – Seu favor; a boca – revelação da Sua vontade; as narinas – aceitação das nossas orações; as entranhas – Sua compaixão; o coração – a Sua sinceridade das afeições; a mão – a força do Seu poder; os pés – a Sua presença. Também por elas Ele nos ensina e nos conforta: Seus olhos – a Sua vigilância sobre nós; Seus ouvidos – a Sua prontidão a ouvir as súplicas dos oprimidos, Salmos 34.15; Seu braço – Seu poder, para aliviar os Seus e para destruir os inimigos, Isaías 51.9 (Charnock, pg. 189).

“Deus é Espírito” – “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3.14) manifesta-se a Si mesmo com tal descrição como um ser puro, simples, não criado; tão infinitamente superior do ser das criaturas quanto mais alto das concepções que elas têm dEle (Jó 37.23; Isaías 55.8,9). A Sua superioridade é percebida em que Deus é nomeado “Pai dos espíritos” (Hebreus 12.9) – Charnock.

SE DEUS NÃO FOSSE ESPÍRITO:

1. Não pode ser Criador. A sabedoria, bondade, poder, são tão infinitas, perfeitas e admiráveis que não podem ser contidas numa forma corporal. Pode uma substancia corporal por a sabedoria no íntimo, ou dar à mente o entendimento (Jó 38.36)?

2. Não pode ser invisível. Paulo adiciona invisível como parte das perfeições de Deus (I Timóteo 1,17). A Sua divindade se entende pelas Suas obras que são visíveis mas não é visível o Seu ser (João 1.18; I Timóteo 6.16).

3. Não pode ser infinito. Deus é infinito (II Crônicas 2.6; 6.18; Isaías 66.1) portanto não pode ser feito de partículas e membros; nem partes finitas, que nunca podem constituir um Ser eterno e ilimitado, nem de partes infinitas, que precisariam existir antes do Deus que elas compõem. Portanto, não tendo membros e sendo infinito, Deus é Espírito.

4. Não pode ser imutável. Por Deus ser Espírito puro e não composto, Deus é imutável (Malaquias 3.6; I Timóteo 1.17; Tiago 1.17). Tudo que é composto é mutável na sua natureza, mesmo que nunca mudava. Se Adão não pecasse nunca teria tornado ao pó, mas por ser um ser composto, poderia mudar. Mas, Deus é imutável em essência, e portanto, é Espírito.

5. Não pode ser onipresente. Um corpo não pode encher o céu e a terra de uma só vez com tudo que é pois é limitado ao tempo e espoco. Mas Deus é onipresente (Salmos 139.7-10; Jeremias. 23.23, 24), portanto Espírito.

6. Não pode ser o Ser mais perfeito. Como a alma e espírito do homem corporal faz ele ser superior de todo demais que tem corpos (animais), e como os anjos, que são espíritos sem corpos são superior dos homens, Deus é mais perfeito do que a Sua criação por ser Espírito puro. O efeito não pode superar a Causa. Cada ser composto é criado é, em essência, finito e limitado, e assim sendo, longe de perfeição.. Por Deus ser a Luz sem nenhuma trevas (I João 1.5) e sem sombra de mudança (Tiago 1.17), sabemos que Ele é perfeito. Se perfeito, é o mais sublime Espírito.

Por Deus ser Espírito, é tanto pecado (Êxodo 20.5; Deuteronômio 5.8,9) quanto tolice formar em matéria qualquer imagem ou desenho de Deus. Nossas mãos são tão incapazes de formar uma imagem dEle ou desenha-lO como são incapazes os nossos olhos de O ver. Que a proibição de fazer imagens de Deus para O adorar ou ajudar na adoração é para todos os povos e de todos os tempos é claro pois Ele julgará tanto o Seu povo quanto os pagãos de fazer tal tolice (Isaías 40.18-26; Romanos 1.21-25). Tais pessoas que fazem as imagens e desenhos, reais ou imaginativos, são tão estúpidas quanto as imagens (Salmos 115.4-8).

APLICAÇÕES:

1. Por Deus ser Espírito, o homem só pode conversar com Ele pelo espírito vivificado por Cristo (I João 1.3). Ele não é um corpo, portanto a beleza de templos, o valor ou o tamanho dos sacrifícios, o perfume doce da fumaça de incenso ou o esforço de qualquer ação externa, não são aceitáveis a Ele. Deus olha no coração, aos sacrifícios de um espírito quebrantado. Isto é o que é agradável a Ele. Disso Ele não desprezará (Salmos 34.18; Salmos 51.16, 17). Para termos comunhão mantida com Ele devemos ter o espírito da nossa mente renovado (João 3.5; Efésios 4.23). Nunca podemos ser unidos a Deus senão no espírito vivificado em Cristo. Não podemos manter comunhão com Ele se não mantemo-nos limpos espirituais. Tanto mais espirituais, mais comunhão temos com Ele.

2. Se Deus é Espírito, o Cristão só pode ser satisfeito verdadeiramente com Ele. Como somos feitos na Sua imagem pela natureza espiritual da nossa alma, assim podemos ter nenhuma satisfação verdadeira senão nEle. Não temos inter-relacionamento com anjos. A influencia que eles têm conosco, a proteção que nos dão, é oculta e não discernida; mas Deus, o Espírito mais sublime, vem a nós por Seu Filho. A Ele devemos buscar; nEle devemos descansar, com Ele podemos comungar (Salmo 90.1; Salmos 63.1). Deus, sendo Espírito, nos fez na Sua imagem espiritual, devemos, portanto somente nos satisfazer nEle.

3. Se Deus é Espírito, devemos ter cuidado naquilo que mais somos na Sua imagem. O espírito é mais nobre que o corpo, portanto devemos pôr valor em nosso espírito mais no que no corpo. A nossa alma, através do espírito tem mais comunhão com a natureza divina e, portanto, merece o nosso maior cuidado. Aquilo que tem a imagem do Espírito em nós deve ser valioso. Davi, entendendo esse valor, chama a sua alma a sua predileta (Salmos 35.17). Manifestamos pouca reverencia para Deus Espírito quando não cuidamos do nosso espírito.

4. Se Deus é Espírito, devemos desviar-nos especialmente daqueles pecados que são espirituais. O Apóstolo Paulo fez diferença entre a imundícia da carne e a do espírito. Devemos nos purificar de todo pecado, tanto da carne quanto do espírito para sermos aperfeiçoados em santificação (II Coríntios 7.1). Pela imundícia da carne corrompamos o corpo, aquilo que o homem vê e usa para servir Deus diante do homem. Pela imundícia do espírito corrompamos aquilo que, na sua natureza, tem parentesco ao Criador, e é pelo qual intimamente servimos a Deus e qual Ele vê particularmente. Quando fazemos o nosso espírito o anfitrião de imaginações vãs, desejos imundos, e afeições torpes, pecamos contra a excelência de Deus em nós; contaminamo-nos naquilo pelo qual temos comunicação e vida com Ele, o nosso espírito. Pecados espirituais são os piores pecados, pois como a graça em nossos espíritos nos conforma ao fruto do Espírito Santo, assim os pecados espirituais nos contamina com semelhanças ao espírito depravado, o dos anjos caídos (Efésios 2.2,3). Pecado na carne transforma homens em brutos; pecados espirituais conformam-nos á imagem de Satanás. De maneira nenhuma devemos fazer dos nossos espíritos um monturo, mas, pela renovação dos entendimentos, por pensar no que é puro, justo e divino, seremos transformados para saber e realizar qual é a perfeita vontade de Deus (Filipenses 4.8,9; Romanos 12.1,2).

Essa transformação é espiritual (João 3.3, 5-8). É por Cristo (Efésios 1.3, 7, 13; 2.13-18). Já se arrependeu dos pecados e creu pela fé em Cristo Jesus? Já está a hora!



Autor: Pastor Calvin Gardner
Fonte: www.obreiroaprovado.com

quinta-feira, 26 de maio de 2011

[Liturgia] A ADORAÇÃO ESPIRITUAL - III

SALMOS 150.6

Salmos 150.6, “Tudo quanto tem fôlego louve ao SENHOR. Louvai ao SENHOR”.
Tudo que tem fôlego deve louvar o SENHOR. Porém toda e qualquer adoração deve ser espiritual pois Deus é Espírito. A adoração espiritual não é uma adoração sem entendimento mas uma que usa o conhecimento da excelência de Deus como motivo do seu louvor. Reconhecendo Deus como soberano e regozijando na glória dos Seus atributos manifestos no Redentor é adoração espiritual e são ações do espírito do homem regenerado. É assim que o Salmista nos instrui: “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com inteligência.” (Salmos 47.7; I Coríntios 14.12-20). A adoração sem entendimento, ou inteligência, não é culto racional, algo que Deus pede (Romanos 12.1,2). Tentativas de adorar o Senhor somente com as sensações são ações de um bruto. Louvor que usa a razão é adoração de um homem para com seu Deus. Adoração espiritual é louvor que corresponde com a natureza nova de um homem regenerado (Romanos 8.5 “os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito.”). Portanto, regeneração deve preceder qualquer possibilidade de adoração espiritual e verdadeira. Importa a Deus que os que “adoram adorem em espírito e em verdade” (João 4.24). Não procure a adorar a Deus se não for regenerado. Procure Cristo! Ele é O Salvador do pecador arrependido e que crê nEle para asalvação. Por intermédio dEle o pecado tenha o novo homem.

Como temos percebido nos estudos anteriores, adoração espiritual só pode ser uma atividade do homem interior que nasce do espírito de Deus (João 3.3,5,7). O cristão precisa do auxílio do Espírito Santo de Deus para adorar corretamente. Não podemos mortificar a concupiscência sem o auxílio do Espírito (Romanos 8.13), e tampouco a nossa adoração é espiritual sem o Seu auxílio (Romanos 8.6 “mas a inclinação do Espírito é vida e paz”; 8.26 “o mesmo Espírito intercede por nós”; Efésios 6.18 “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito”; Judas 20 “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo”). Não podemos clamar “Abba, Pai” sem o Espírito Santo nos impelindo a tal adoração espiritual.

A adoração espiritual também deve ser com sinceridade. Quando Paulo diz “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito”, ele não estava se referindo ao auxílio do Espírito Santo impelindo ele a servir Deus. Ele está expressando que ele serve o Senhor Deus com um coração reverente e sincero (Romanos 1.9). Deus merece o nosso coração. Podemos dar a nossa língua, lábios, ou as nossas mãos, sem o nosso coração, mas o coração não pode ser exercitado em adoração verdadeira sem a atividade da nossa língua, lábios, e as nossas mãos santas (I Timóteo 2.8; Provérbios 23.26). As duas pequenas moedas da viúva foram mais valiosas do que as ofertas volumosas dos ricos por serem de um coração sincero em adoração espiritual e verdadeira (Marcos 12.41-44). Portanto a adoração espiritual envolve a sinceridade com o que temos, seja financeira, ou seja física.

A adoração corporal não é rejeitada por Deus na adoração espiritual. Mesmo que a adoração espiritual é o mais importante e prazerosa a Deus, não devemos omitir o que foi menos exigido, ou seja, o uso do corpo na adoração (Mateus 23.23; Lucas 11.42). A lei cerimonial tinha a intenção do espiritual, assim o nosso espiritual pode ter a ação do corpo. Mas a adoração só pode ser verdadeira se o corpo que adora adore com um espírito santo. Um corpo moralmente sujo indica um coração pecaminoso. Tal adoração é rejeitada. O culto racional consiste tanto numa mente renovada quanto num corpo santo apresentado a Deus (Romanos 12.1,2; I Timóteo 2.8). Os nossos corpos devem ser sacrifícios vivos. Na adoração espiritual os nossos corpos não devem ser mortos mas mortificados ao pecado (Romanos 8.13). Um sacrifício vivo se manifesta pela vivência da nova natureza, numa postura santa com as afeições crucificadas à tudo que é da carne ou do mundo. Como a divindade de Cristo foi manifesta pelas Suas ações, assim também a nossa espiritualidade deve ser manifesta nas nossas ações de adoração. “Dar a Deus louvor pelo corpo e não da alma é hipocrisia; dar a Deus culto em espírito e não com o corpo é sacrilégio; não dar louvor com o corpo nem com o espírito é ateísmo.” (Citação de Sherman’s Greek in the Temple, pgs. 61,62 por Charnock, pg. 220).

Mas a adoração corporal deve ser espiritual para ser aceito do Deus que é Espírito. Portanto ela deve ser limitada aquilo que é reverente, solene, respeitoso e dirigida pela inteligência. Somente dessa maneira pode a adoração correta ser um culto racional e espiritual. A expressão corporal deve ser uma reflexão do homem novo que deleita-se na lei de Deus (Romanos 7.22). Nenhuma carnalidade, sensualidade, ou movimento sugestivo da carne, é reflexão daquele homem novo que deleita-se na lei de Deus (I Pedro 3.3,4; Efésios 4.22,24 “novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”; Tiago 3.13-18, “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”). Portanto, a adoração verdadeira usa o corpo mas nunca a carne.

Cristo é o nosso exemplo e Ele adorou mais corretamente o Seu Pai. Ele adorou Deus corporalmente; Ele orou em voz alta, ajoelhou-Se, ergueu Seus olhos ao céu juntamente com Seu espírito quando Ele louvou o Seu Pai pela misericórdia recebida, ou rogou para que Seus discípulos fossem abençoados (João 11.41; 17.1,11). Os homens santos de Deus têm usado os seus corpos em expressões de adoração espiritual: Abraão se prostrou, apóstolo Paulo ajoelhou, estes usaram suas línguas e levantaram suas mãos, mostrando-nos que adoração espiritual necessita expressão corporal. E por Deus ser Espírito e também Santo essas expressões corporais devem espelhar o homem novo regenerado adorando reverentemente.

É verdade que o corpo deve ser usado, segundo o entendimento, na adoração espiritual e entendemos isso pelo fato que Jesus instituiu o Seu tipo de igreja e estabeleceu ordenanças nela que só podem ser observadas empregando o corpo. Deus pede a nossa presença corporal no ajuntamento (Hebreus 11.25; Salmos 122.1). As ordenanças, tanto de batismo, quanto a ceia, pedem a participação do nosso corpo na adoração (Mateus 28.19; I Coríntios 11.23-27). As duas ordenanças manifestem publicamente Cristo e a Sua redenção completa e vitoriosa. Mas, nem por isso, devemo-nos a ser entregues à gritaria ou à expressão corporal espontânea e sem controle (Efésios 4.31, “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós”; I Coríntios 14.40). Somente pelo fato que o corpo participa na adoração verdadeira não indica que ela deve ser menos espiritual, mas as ações do corpo também devem expressar reverência e santidade (Habacuque 2.20 “Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.”). A adoração não deve deixar de ser um “culto racional”, ou quer dizer com entendimento quando há o uso do corpo nela. É sábio notar que as expressões corporais são somente expressões, e não se substituta a própria adoração. Orações compridas, cânticos talentosos, ou qualquer outra expressão corporal, são nada sem o amor interior a Deus (I Coríntios 13.1-3). Deus quer para Ele mesmo o nosso coração. As cerimônias religiosas foram instituídas como servos da nossa adoração espiritual, não para ser a própria adoração. Um homem que se mostra religioso mas sem aquela adoração com o espírito é igual a igreja de Sardes que “tens nome de que vives, e estás morto.” (Apocalipse 3.1). A adoração usa o corpo para se expressar, mas mesmo assim é necessário que examinemos que ela não deixa de ser espiritual (Lucas 11.39-44).

Por causa do perigo da carne misturar-se na adoração corporal devemos examinar-nos concernente a nossa maneira de adoração. Estamos nos últimos dias e o apóstolo Paulo nos diz: terão muitos nestes dias que tem “aparência de piedade, mas negando a eficácia dela” (II Timóteo 3.1,5). Portanto, devemos nos examinar se não é assim conosco. Para ajudar nessa examinação particular considera essas indagações: A nossa diligência é o exterior ou o interior? Os nossos sacrifícios ao Senhor são sacrifícios vivos e santos, ou sacrifícios das obras mortas da carne? Está lembrado que qualquer carnalidade na adoração não só faz a adoração ser inaceitável, mas abominável a Deus (Apocalipse 3.16; Salmos 66.18)?

Para ter adoração espiritual lembre-se: vigilância contínua é necessária (Mateus 26.41). Um andar espiritual de dia impedirá a contaminação com a concupiscência na adoração noturna. Lembre-se também é necessário nutrir um amor para com Deus que leva-nos a depender nEle (Provérbios 16.3; Salmos 37.4). Para cultivar uma adoração espiritual, nutri pensamentos corretas da majestade de Deus na sua mente. Praticando esses conselhos fará que adoremos o Senhor em espírito “e em verdade” (João 4.24; Filipenses 4.8). Também para auxiliar a adoração espiritual pública devemos cultivar uma comunhão particular com o Senhor (Jeremias 15.16).

Para medir a veracidade da nossa adoração somente devemos notar se somos mais maduros espiritualmente depois do exercício dela. O fruto de adoração espiritual é visto numa obediência maior da Palavra de Deus (Mateus 7.24-27) e num amor aperfeiçoado para com Deus e para com os homens (João 13.35). O homem novo pelo conhecimento de Deus foi renovado (Colossenses 3.10)? A comunhão que você experimentou na adoração foi uma comunhão com Deus ou um inter-relacionamento com seu próprio ego? Foi algo que se edificou ou somente si entreteve?

Que Deus nos abençoa com aquele entendimento da Palavra de Deus que nos leva à adoração verdadeira expressada tanto espiritualmente quanto corporalmente segundo a verdade. Assim Cristo será exaltado e o povo de Deus edificado.



Autor: Pastor Calvin Gardner
Fonte: www.obreiroaprovado.com

[Liturgia] A ADORAÇÃO ESPIRITUAL - II

ROMANOS 1.8-10

v. 9, “Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós”

“DEUS É ESPÍRITO”

Substâncias espirituais são mais excelentes do que as corporais, pois dão vitalidade às corporais; a alma do homem é mais excelente do que outros animais; anjos são mais excelentes do que os homens (Salmos 8.5; Hebreus 2.7). O superior, na sua própria natureza, contém a dignidade do inferior; Deus deve ter, portanto, uma excelência acima de todos esses e assim sendo, é inteiramente remoto das condições de um corpo (Charnock).

O QUE A ESPIRITUALIDADE DE DEUS NOS ENSINA DA ADORAÇÃO ESPIRITUAL?

1. Ensina-nos que o culto reverente e a adoração apropriada do evangelho de Seu Filho baseiam-se no espiritual. A obediência do evangelho de Seu Filho é mais espiritual do que qualquer cerimônia ou oblação da Lei de Moisés. O alvo do evangelho de Seu Filho é a adoração espiritual, pelo Espírito Santo regenerando o espírito do homem que era morto pelo pecado. Na mesma medida e grau que as ações da observação da lei eram do corpo, o alvo do evangelho de Jesus Cristo é espiritual. Mostrando a espiritualidade da adoração verdadeiro do evangelho é dito por Paulo que ele serve a Deus em seu espírito pelo evangelho do Seu Filho (Romanos 1.9).

O evangelho é proclamado aos que são espiritualmente mortos e vivifica-os espiritualmente para com Deus (I Pedro 4.6; Efésios 2.1,4). Deus, pelo Espírito, testifica de Cristo o único Salvador, aos pecadores pelo evangelho (Atos 20.21). Somente depois do homem ser vivificado no espírito pode ele cultuar Deus (II Coríntios 2.14-16). Pelo fato que a regeneração do espírito do homem, ou seja, a vivificação ou ressurreição do homem novo é uma obra do Espírito Santo, o culto e adoração do evangelho baseiam-se no espiritual. A obediência do evangelho faz a adoração a Deus ser a adoração mais sublime e espiritual por ser realizada no homem interior que foi vivificado pelo Espírito Santo de Deus.

Em contraste com a adoração do Velho Testamento pode ser dito que os adoradores foram dados o pão dos anjos (Salmos 78.25). Todavia, na época do Novo Testamento, temos os próprios anjos se ministrando a nós (Hebreus 1.14). Nisso percebemos que o evangelho é mais espiritual do que a adoração cerimonial do Velho Testamento.

O evangelho é dito “culto racional” (Romanos 12.1). É dito assim pois o evangelho é um culto adequado às capacidades racionais da alma. As capacidades racionais do homem Cristão são aperfeiçoadas quando o evangelho é obedecido.

2. Ensina-nos que a substância da adoração verdadeira é espiritual pois se expressa pelo amor a Deus (I João 4.19; João 14.15), pela fé em Deus (Atos 16.31), e movida por causa da Sua bondade (Romanos 2.4). A substancia da adoração prazerosa é espiritual, pois é comunhão com Ele que é Espírito (I João 1.3).

Pelo evangelho de Seu Filho as cerimônias, oblações, holocaustos, e tradições da lei são removidas e o seu significado moral é espiritualizada. Os mandamentos que nos instruíram tanto o nosso dever a Deus quanto o nosso dever ao homem, no evangelho são reduzidos ao seu significado espiritual, ou seja, amor a Deus de todo o nosso coração e amor pelo próximo como amamo-nos a nós mesmos (Marcos 12.30,31; Tiago 2.8). Por isso a adoração verdadeira é espiritual.

3. Ensina-nos que a maneira da adoração espiritual é mais espiritual do que aquela adoração da lei. A alma voa mais alta, pois entra no céu. O cheiro das afeições renovadas pelo evangelho de Jesus Cristo é um perfume mais forte do que qualquer cerimônia de religião. O alvo da maneira da adoração do evangelho é mais sincero, pois Cristo é conhecido pessoalmente e o Espírito Santo vem habitar no cristão auxiliando a sua adoração (Gálatas 4.4-6; Romanos 8.9-16). Por isso a adoração verdadeira é espiritual.

4. Ensina-nos que o auxílio da adoração verdadeira é mais espiritual com o evangelho de Seu Filho do que qualquer adoração anterior. O próprio Espírito Santo é derramado pela proclamação do evangelho de Jesus Cristo (Efésios 1.13; Filipenses 1.27; I Pedro 4.6). No Velho Testamento o Espírito Santo somente visitou os santos (Números 11.25; Juizes 3.10). No evangelho, o Espírito Santo não somente paira, mas habita no coração do cristão (Gálatas 4.6; João 7.38,39), fazendo a adoração do evangelho de Jesus Cristo mais espiritual da adoração dada pela Lei de Moisés.

Cristo fez que o evangelho fosse apto para um coração espiritual, e o Espírito transformou o coração de carne e adequou-o para o evangelho espiritual.

5. Ensina-nos que por Deus ser espiritual, Ele merece o culto reverente e a adoração espiritual que é através do evangelho de Seu Filho. Ele se agrada mais com o espiritual do que com as cerimônias exigentes, as ordenanças custosas e as tradições corporais da Lei de Moisés. Um único cristão O adorando em culto reverente e na adoração adequada pela obediência de Seu Filho é mais prazeroso a Deus do que milhões de altares fumaçando com as oblações mais custosas. Deus se agrada mais desta adoração que exala-se do coração de um Cristão espiritual porque Deus é Espírito e importa a Ele que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade (João 4.23.24)..

Quando Deus olha a você e a sua adoração, Ele vê o que é mais prazeroso a Ele? Ele recebe de você a adoração espiritual e obediente do homem novo criado pelo Espírito Santo no evangelho do Seu Filho? Não seja contente com a mera religião, evangélica ou protestante, nem com as cerimônias de uma adoração mecânica (Mateus 7.21-23). Deus não se contenta com obras de qualquer religião que não emana de um coração transformado por Seu Espírito (Salmos 51.6, “Eis que amas a verdade no íntimo”; I Pedro 3.4, “Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus”). Examine-se a si mesmo se a sua adoração origina de um espírito quebrantado e de um coração quebrantado e contrito, pois desta adoração Deus não desprezará (Salmos 51.16,17; Mateus 5.3-6). Que lugar tem o arrependimento e a fé em Cristo Jesus na sua adoração? A sua adoração ao Deus que é Espírito é do homem novo criado pelo Espírito Santo pelo evangelho do Seu Filho Jesus Cristo?



Autor: Pastor Calvin Gardner
Fonte: www.obreiroaprovado.com

Compartilhe

Leia também

Related Posts with Thumbnails