sábado, 25 de maio de 2013

[Perguntas e respostas] POR QUE CRER NA BÍBLIA SE EXISTEM TANTOS OUTROS LIVROS SAGRADOS? Mateus 5.17-18

É do conhecimento de todos a existência dos vários livros chamados sagrados. Os cristãos dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus, afirmando a autoridade única da Bíblia. Seria isso razoável? Em primeiro lugar, devemos abordar a ideia muito comum de que todos os livros sagrados são de igual valor e que todos eles são verdadeiros e divinos. Seria lógico afirmar isso? Quando avaliamos os diversos livros vamos descobrir que muitas das ideias de um livro sagrado são absolutamente contrárias às doutrinas de um outro. Como podem os dois dizer a verdade? Com certeza, um deles está errado. A Bíblia, por exemplo, declara que Jesus Cristo é o único caminho para Deus (João 14.6); ou isso é verdadeiro, ou é falso. Diante de uma decisão sobre que livro seguir, há dez sérias razões pelas quais deve-se considerar a singularidade da Bíblia, o que indica a sua origem divina.

1. A história bíblica tem sido confirmada pela arqueologia.
2. A Bíblia convida-nos à verificação de seus fatos, em vez de criar um sistema religioso não passível de verificação.
3. As profecias bíblicas têm sido cumpridas na história humana.
4. A Bíblia afirma com clareza sua origem divina. Por mais de 400 vezes, lemos: "Assim diz o Senhor".
5. A Bíblia é o livro mais lido da história humana, inclusive em nossos dias.
6. O poder de atuação da mensagem bíblica é visto em qualquer povo, em qualquer época e em qualquer classe social.
7. A transformação de vidas pela mensagem bíblica é fato indiscutível.
8. Nenhum outro documento antigo foi tão bem preservado em relação aos documentos originais.
9. Sempre que os preceitos bíblicos foram aplicados em uma nação, essa foi abençoada com isso.
10. Nenhum outro livro pode ser equiparado à Bíblia na história humana.

sábado, 13 de abril de 2013

[Esboços para pregação] CARTA DE DEUS - 2 Timóteo 3.10-16


Leitura Complementar: Salmo 119.165-176

Quantas bíblias há? Ora, há milhões, em centenas de línguas diferentes. E em realidade há uma Bíblia só. É a palavra de Deus. E a descrição daquilo que Deus fez, criando e mantendo o mundo, seguindo suas criaturas extraviadas para salvá-las, revelando-se em Jesus Cristo, abrindo por ele o caminho da salvação para todos os que o quiserem aceitar.

Sim, graças a Deus: há uma Bíblia só. Não é verdade que há uma Bíblia protestante e outra católica. As pequenas diferenças de tradução, a inclusão de algumas páginas a mais, no Antigo Testamento, não têm importância alguma. Deus seja louvado por termos este tesouro em comum: a Bíblia Sagrada. Ela vai permanecer a base de nossa fé. Nela Deus explicou com clareza qual a sua vontade e quais os seus planos. Católicos, protestantes, seitas, crentes e descrentes, todos precisam enfrentar esta realidade: este maravilhoso livro é um só. Sua mensagem é uma só, e é uma mensagem dirigida a todos, por igual. Ninguém tem o direito de fazer com este livro o que bem entende. Deus é o Senhor deste livro. Cristo é o seu conteúdo. O Cristo, ainda encoberto no Antigo Testamento, e revelado no Novo. Assim, ao lermos a Bíblia com fé, vamos notando que já não são as letras dela que falam. É Deus mesmo que nos vai chamando, que nos vai orientando, consolando e fortalecendo. É por isso que o evangelista João chama Jesus de "Palavra de Deus", ou "Verbo de Deus". É importante que o compreendamos: a Bíblia não é nenhuma coleção de sabedorias religiosas ou de doutrinas a respeito de Deus. Nela se revela o próprio Deus pessoal. O Deus, que em Cristo se tornou homem.

Quantas bíblias há? Uma só, como acabamos de dizer. E, no entanto, de certa forma podemos afirmar que há duas bíblias. Ou, ao menos, que há uma cópia viva da Bíblia Sagrada, um espelho, no qual se reflete o evangelho  Esta cópia, este espelho, esta explicação viva da Escritura Sagrada são os cristãos. O apóstolo Paulo chegou a escrever à comunidade de Corinto (2 Coríntios 3.2-3): "Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações e lida por todos os homens, estando já manifesta como carta de Cristo, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente".

Há quem diga que hoje em dia os descrentes não são mais convertidos com a simples leitura da Bíblia Sagrada; que eles são convertidos com a leitura daquela carta de Cristo, que é uma comunidade viva, criada e guiada por seu Espírito. Não vou dizer que aqueles que assim falam estejam com toda a razão. Eles só têm razão em parte. Porque ninguém deve separar estas duas cartas. A carta da Bíblia, documento dos grandes feitos de Deus no passado, e a carta viva de uma comunidade onde o mesmo Deus hoje vai realizando e cumprindo suas promessas e onde vai escrevendo sua vontade nos corações de seus filhos. Deus não tem duas vontades diferentes. Ele tem uma vontade só. A vontade de Deus revelada na Escritura Sagrada é a mesma que ele manifesta através de suas cartas escritas hoje, nos corações dos crentes, através de seu Espírito Santo. E, sempre que estas duas cartas não combinarem, devemos ficar alertas. Então há algo errado, ou com nossas vistas, que talvez se tornaram fracas ou míopes e que não enxergam mais direito o que está escrito na Bíblia, ou, então, a carta de Cristo ao mundo, a carta viva, que é a sua comunidade, foi sendo borrada, manchada e tornada ilegível pela descrença.

Vejamos o que o apóstolo Paulo diz em nosso trecho bíblico, que lemos há pouco. Talvez, leiamos mais uma vez a passagem toda, bem atentos ao que ele diz das "duas cartas" de que falamos.

Notamos que, na primeira parte de nosso trecho, Paulo fala de si mesmo, de seu ensino, seu procedimento, sua paciência, seu amor, sua fidelidade. Fala de seus sofrimentos e da perseguição que sofreu. Diz que todos os que querem servir a Cristo sofrem contrariedades e per seguição. Quem não conhece bem as cartas do apóstolo, até poderia pensar que ele vai pregando a si mesmo, colocando a sua própria pessoa como exemplo a ser imitado. Mas isto, em realidade, não acontece. Na mesma carta aos Coríntios (2 Coríntios 4.5), da qual já falamos, Paulo diz: "Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus." Pois é isso mesmo que nós precisamos enxergar para entendermos bem esta passagem. Paulo não se prega a si mesmo. Ele apenas descreve um servo de Jesus Cristo. Nada mais e nada menos. Ele diz a verdade. Não exalta a sua própria pessoa. Ele exalta Jesus Cristo, seu Senhor. Exalta-o com sua vida e com seu testemunho. Paulo passou a ser uma carta viva de Jesus, que podia ser lida e entendida até por analfabetos. Quem via a sua fé, sua paciência, sua firmeza na perseguição, era levado a perguntar: De onde este homem tem tudo isso? De onde recebe a sua força? Qual é o segredo de sua vida? Por que é diferente dos homens "perversos e impostores que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados"? E se houver, na vida de Paulo, um passado escuro (e sabemos que houve mesmo), que aconteceu com ele? E então os que liam esta carta, a saber, a vida de Paulo, daquele Paulo regenerado, nascido de novo pelo Espírito de Deus, esses iam sendo atraídos, puxados realmente para junto de Jesus. Quer dizer que não ficavam agarrados ao servo de Jesus, que era Paulo. Eles não eram cegos! Viam bem que este homem era um pecador. Paulo mesmo não negava que era um homem com defeitos e fraquezas, um homem como eles mesmos. Mas eles viam o que Cristo tinha feito dele e o que ele continuava fazendo dele e por ele. E assim eles liam esta "bíblia", nesta carta manifesta de Cristo, e passavam a procurar a fonte, da qual se alimentava aquele servo de Jesus.

E é o próprio Paulo que lhes indica esta fonte. Ele escreve a seu jovem amigo Timóteo: "Desde a infância conheces as Sagradas Letras (isto é, a Bíblia, no caso, o Antigo Testamento), que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus".

Aqui temos a chave para a compreensão de nossa passagem bíblica. O servo de Jesus dá o testemunho de sua vida. Ele deixa que outros leiam a carta que Jesus escreveu através do trabalho, do testemunho, do amor, do serviço obediente de seu servo Paulo. Mas não fica por aí. Ele leva os seus irmãos a beberem da mesma fonte da qual ele bebeu, e da qual ainda está bebendo. Se não fizesse isso, se apenas convidasse as pessoas a beberem do copo dele, ele não iria longe. O seu copo ficaria vazio. Ele acabaria não tendo mais água nem para si mesmo.

Os que distribuem água em tempo de seca precisam ir à fonte mais vezes do que qualquer outra pessoa. Mas não basta que eles vão para matarem a própria sede e para irem buscar água para outros. Eles precisam mostrar o caminho para a fonte a todos os sedentos. Senão eles acabam se matando de tanto correr para cá e para lá. Foi isso mesmo que Paulo fez com Timóteo. Ele lhe indicou o seu exemplo, deixou que lesse aquela carta viva de Cristo. Mas não parou nisso. Indicou-lhe a fonte, a Sagrada Escritura, e o Senhor desta Escritura, o próprio Deus, revelado em Jesus Cristo. "As Sagradas Letras podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Jesus Cristo." Entendamos bem: ele não diz que a Bíblia salva; diz que a salvação vem pela fé em Jesus Cristo. Mas a leitura da Bíblia nos torna sábios para esta salvação. E isso realmente não é pouco.

Tendo entendido isto, não nos vamos mais chocar com aquilo que Paulo continua dizendo: que a Escritura é "inspirada por Deus e útil para o ensino e para a educação na justiça...". Ele não nos convida a brigarmos por causa de letras e palavras da grande carta de Deus. Não nos permite jogar uma passagem contra outra, nem apoiar uma passagem com a outra, como se a Bíblia necessitasse de inspiração por parte de nós. Anuncia que Deus é o Senhor de toda a Sagrada Escritura e que importa acharmos, ouvirmos e obedecermos a ele, que nos vai falando através da mensagem que inspirou. Quer que leiamos os detalhes da Grande Carta, mas não quer que nos fixemos em detalhes, perdendo de vista o centro da Bíblia. Pois o centro da Bíblia é a comunicação de que Deus nos ama. Que ele deu o seu próprio Filho para que nós, os perdidos, pudéssemos ser salvos. Essa é a mensagem resumida da Bíblia, é o todo dela. E a mensagem inspirada que ela contém. Mensagem que realmente é infalível. A gente pode confiar nela. É palavra de Deus. Palavra de Deus, que não engana ninguém. Porque Deus é o Deus da Verdade.

E o que tudo isso tem comigo? Muito. Entendendo que a Bíblia é realmente a carta de Deus para o mundo todo, ela também o é para mim. Desprezando este livro, não abrindo e não lendo a carta de amor que Deus dirigiu a mim, estarei desprezando o próprio Deus.

E a carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo nos corações dos cristãos? Não a poderei desprezar tampouco. Será para mim uma questão de vida ou de morte seguir ou não seguir o exemplo dos servos de Jesus, em cuja vida eu estou lendo, como se fosse uma carta aberta. Será decisivo para mim que eu aprenda a ler esta carta viva de Cristo, conferindo o resultado da leitura com o que Deus me diz na Bíblia Sagrada.

E, afinal, o que importa é que eu mesmo me torne uma tal carta de Cristo, uma bíblia viva, que, com seu exemplo e com sua obediência, oferece orientação e apoio àqueles que estão tateando no escuro. Há pessoas que estão desejando ardentemente ler uma tal carta, não borrada, não falsificada, simples e clara, um comentário vivo da grande carta de amor de Deus, a Sagrada Escritura.

Oremos: Senhor, nós todos, que temos o nome de cristãos, deveríamos ser cartas abertas, em que o mundo pudesse ler com clareza a tua vontade. Temos de confessar-te, humildes, que muitas vezes somos cartas fechadas ou borradas. Perdoa-nos, Senhor. Santifica tu a nossa vida. Faze-nos viver de tua palavra. Dá-nos comunhão contigo e com teu povo. Amém.

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Autor: Lindolfo Weingärtner

segunda-feira, 11 de março de 2013

[Perguntas e respostas] É VERDADE QUE A BÍBLIA ESTÁ CHEIA DE CONTRADIÇÕES? 1 Crônicas 21.1


Aqui está uma das acusações comuns contra a Bíblia. Como podemos crer num livro que está cheio de contradições? As principais chamadas contradições envolvem datas de acontecimentos históricos, relatos bíblicos repetidos com enfoques diferentes (nos três primeiros Evangelhos) e discrepâncias numéricas e de listas genealógicas. Como
resolver tais dificuldades? Em 2 Samuel 24.1, temos um exemplo do problema, pois quando o texto é comparado com o seu paralelo em 1 Crônicas 21.1, notamos a diferença: Em Samuel, lemos que Deus levou Davi a fazer o censo de Israel; aqui em Crônicas, o texto afirma que foi Satanás. Não é uma contradição? Como entender? Segundo a própria Bíblia, Satanás só pode agir sob a permissão de Deus, pois o seu poder é limitado. Portanto, nada impede que Satanás tenha sido o motivador imediato do censo realizado por Davi, enquanto que, ao mesmo tempo, como Deus tem o domínio sobre tudo, inclusive sobre Satanás e sobre Davi, ele é também o motivador último do ato de Davi, tendo poder de levar a efeito os seus propósitos. Algumas sugestões podem nos ajudar a resolver o problema dessas contradições:
Ø  Quando o leitor lê a Bíblia sem um espírito prevenido contra a mesma, é muito mais fácil encontrar a resposta para uma dúvida.
Ø  A compreensão da cultura da época ajuda muito. Os estudos das genealogias demonstraram, por exemplo, que alguns nomes eram pulados propositadamente, conforme a intenção do autor, o que era prática comum na Antiguidade.
Ø  Outras dificuldades surgem do enfoque do autor. Certo autor bíblico procura enfatizar uma parte da história, enquanto que outro omite certos detalhes porque não são importantes para o seu propósito.
Ø  Não podemos exigir precisão científica para certas afirmações bíblicas. Quando Atos 7.6 diz que o povo de Israel ficou 400 anos no Egito, a afirmação é feita de modo arredondado, assim como alguém afirma que morou 5 anos em tal cidade hoje. Obviamente, ninguém vai dizer numa conversa informal que morou 5 anos, 3 meses, 12 dias e 8 horas e meia em tal lugar. Da mesma forma,  o texto bíblico faz afirmações generalizadas em muitas passagens.
Ø  Há alguns problemas linguísticos e relativos aos manuscritos bíblicos, que, quando avaliados com mais atenção por especialistas, resolvem muitas dificuldades aparentemente insolúveis.

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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

sábado, 9 de março de 2013

[Esboços para pregação] CRISTO VENCE O TENTADOR - Mateus 4.1-11


Leitura Complementar: Salmo 33

Eis uma história que parece bem distante, bem afastada de nosso dia-a-dia. O lugar dos acontecimentos é o deserto. As personagens: o Espírito, Jesus, o diabo, os anjos. Jesus, que jejua quarenta dias e quarenta noites; o diabo, que o tenta três vezes; os anjos, que vêm servir a Jesus, depois de ele ter resistido ao tentador. Nós perguntamos  onde estas coisas sobrenaturais acontecem em nossa vida? Que tem esta história a ver com nossa fé, nosso dia-a-dia, nossa luta?

Muito mais do que você poderia pensar à primeira vista. Porque tudo o que acontece com Jesus é importante para nós, para nossa fé, para nossa vida com Deus e os homens. Se a história da tentação de Jesus só tivesse sido importante para o próprio Filho de Deus, Mateus e Lucas não a teriam relatado em seus evangelhos. Então seria um dos segredos que permanecem ocultos a ouvidos humanos, até o fim dos tempos  Mas o relato da tentação foi escrito, e foi escrito por nossa causa. Ele contém uma mensagem de Deus para você e para mim, mensagem que nos quer ajudar a vencermos a nossa própria tentação.

"Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo". Quer dizer que Jesus não foi enfrentar o tentador por própria conta. Ele não foi por curiosidade  para ver como é a experiência da tentação. Não fez como Adão e Eva no Paraíso, que por iniciativa própria se aproximaram da árvore proibida e que concluíram que a árvore era boa para se comer e que sua fruta era agradável. Jesus foi levado pelo Espírito. O Espírito de Deus o conduzia, não só no dia em que foi ao deserto para ser tentado, mas em cada dia de sua vida.

Nós oramos no Pai Nosso: "Não nos deixes cair na tentação". Isso quer dizer: não nos deixes cair na tentação desprevenidos, desarmados, indefesos, assim como uma ovelha desprevenida cai nas garras do lobo. Guia-nos com teu Espírito para que não caiamos. A nossa força nada faz; com ela estamos perdidos! Mas o Espírito de Deus nos capacita a reconhecer o tentador, a descobrir as suas intenções e a resistir a seu poder maligno.

O próprio fato de Jesus ter sido tentado, igual a todos os filhos de Adão, é confortante para nós. Prova que Jesus realmente veio para ser nosso irmão. Assim como ele, o justo, entrou na fila dos pecadores, ao ser batizado no rio Jordão, assim ele, também aqui, no deserto, se põe ao lado do homem desencaminhado, perdido no deserto da tentação  onde nenhuma criatura o auxilia, onde se acha entregue ao ardil do demônio  Verdadeiramente uma boa mensagem para você e para mim, criaturas que vamos sendo tentados a cada dia de nossa vida. Nós temos a nosso lado Jesus Cristo, nosso Salvador, tentado igual a nós, que obteve a vitória.

"Depois de ter jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O tentador, aproximando-se dele, lhe disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pão. Jesus respondeu: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus". Se tu és o Filho de Deus! O tentador não muda o seu modo de agir. Não troca de método, ao tentar o homem. Ele começa sempre semeando a dúvida. "Será que Deus disse?" Foi a mesma semente infernal que levou o "velho Adão" e toda a sua descendência a comer do fruto proibido. Ele sabe bem: uma vez que consegue implantar a dúvida no coração do homem, o resto será brincadeira. As ações más e perversas sempre são consequência da "dúvida que pegou". São frutos da semente do "será que Deus disse?".

E observamos mais. O diabo ataca onde enxerga uma fraqueza do homem. Jesus tinha passado um longo tempo sem se alimentar. Tinha fome. O tentador procura arrombar a porta que lhe parece menos resistente. Ele é um senhor-psicólogo. Conhece os homens melhor do que eles mesmos, quase tão bem como Deus. Quase! Deus nos conhece melhor, louvado seja ele! Deus nos conhece com outras intenções. Ele nos ama!

A porta que o tentador procurou arrombar em Jesus parecia fraca. Ele teve fome, fome igual àquela que nós sentimos. Mas a porta estava guarnecida, estava protegida  Estava guarnecida pelo Espírito e pela palavra de Deus. Espírito e palavra de Deus sempre andam lado a lado. Sim, mais do que isso: andam tão unidos que não é possível separá-los. Assim Jesus não precisava pensar muito para saber como ia resistir ao tentador. Ele respondeu com a palavra de Deus, respondeu com uma citação da Bíblia: "Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus".

Jesus conhecia a Bíblia. Mas não só a conhecia. Ele vivia da palavra de Deus. Vivia dela como se vive de pão. Para resistirmos ao tentador, não basta conhecermos a Bíblia. E preciso que nos alimentemos de toda a palavra que procede da boca de Deus. Se não vivermos realmente da palavra de Deus, se não tivermos sede da palavra, do evangelho, das promissões de Deus, então a porta de nossa casa está desprotegida. Então o tentador vai rir das palavras bíblicas que lhe citarmos, porque a Bíblia ele também conhece. E melhor do que nós, por certo. Ele tiraria o primeiro lugar em qualquer concurso de conhecimentos bíblicos, sem sombra de dúvida!

O tentador dá provas de seus conhecimentos da Bíblia na segunda tentação. Levando Jesus para o alto do templo  lhe diz: "Se tu és o Filho de Deus, atira-te daí abaixo, porque está escrito: Aos teus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; eles te susterão nas mãos para não tropeçares em alguma pedra". Então, o diabo poderá tentar as pessoas, usando a própria Bíblia, como faz aqui, citando o salmo 91! E será, por certo, o diabo mais perigoso  o que vem com a Bíblia na mão, com a boca transbordando de palavras da Escritura, e as vai citando para dizer bem o contrário daquilo que Deus quer dizer! Porque a Bíblia, como livro, não é capaz de se defender. Cada um pode fazer uso dela, pode tirar palavras e frases do meio de outras para usá-las, assim como bem entender. E mais uma vez Jesus responde ao diabo com a Bíblia. Responde guiado pelo Espírito. Não entra naquela discussão estéril sobre a Bíblia, onde cada um usa a Escritura como arma, citando-a para provar seu próprio ponto de vista. Jesus cita a Bíblia como documento da vontade de Deus: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus". Jesus não duvida dos conhecimentos bíblicos do diabo. Poderia ter dito que ele tinha citado mal, porque no Salmo 91,11-12 diz que "os anjos te guardarão em todos os teus caminhos". E saltar do templo, evidentemente, não é caminho. É coisa de circo. Mas Jesus não entra nesta questão de explicação, de exegese, como dizem os teólogos  Ele cita a Bíblia conforme o Espírito o guia. Espírito e Bíblia não se contradizem para Jesus. Assim o diabo descobre que também esta porta está bem guardada pela palavra de Deus, revelada na Bíblia.

Quem somos nós, para pensarmos que podemos dispensar a Bíblia? Que somos capazes de defender-nos sem ela, confiados em nossa própria inteligência? Se o próprio Jesus conhece a fundo a palavra de Deus, a tal ponto que vive dela como se vive do pão, que suas palavras respiram a palavra da Bíblia? Que discípulos fracos de Jesus somos nós, se nem soubermos responder a um dos numerosos apóstolos da confusão religiosa, que hoje andam pelo mundo, muitas vezes com a Bíblia na mão! Aprendamos de Jesus a amar este livro, a cavar fundo nele. Não vamos deixar de descobrir água viva, se nos dermos o trabalho de cavar. E de água viva nós precisamos, neste mundo seco e estéril em que vivemos.

"E outra vez o diabo o levou a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória e lhe disse: Tudo isto te darei, se prostrado, me adorares". Jesus lhe disse: "Retira-te de mim, Satanás. Porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto".

Agora o tentador deixa a psicologia de lado. Põe as cartas na mesa. Vem com uma proposta maciça. Oferece poder, poder sobre o mundo inteiro. Claro que as cartas são falsas. O diabo é mentiroso desde o início. O que ele oferece é um cheque sem fundo. Procura vender uma coisa que não é dele. Porque a terra não é do diabo. A terra é de Deus. Apesar de tudo. Apesar das experiências em contrário. A própria palavra de Deus o diz: "A terra é do Senhor, e tudo o que ela contém" (Salmo 24,1). Também neste caso Jesus não começa a argumentar com o diabo, procurando apontar-lhe o seu erro, as suas cartas falsas. Com o diabo não se argumenta. Ele só respeita uma atitude: sim ou não. Se o "não" é claro, dito no poder do Espírito, então é o que basta. "Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás". Jesus também põe as cartas na mesa. Assim como ele tinha feito nas outras tentações. Não deixa nenhuma margem de dúvida: "Retira-te, Satanás". Esta é a linguagem que o diabo compreende  Jesus indica para seu único ponto de referência: para Deus, bem assim como fizera nas primeiras tentações  Para o Deus que é seu Pai e ao qual ele quer servir.

Dizem que cada homem tem o seu preço. Que é apenas uma questão de se oferecer a soma exata para dobrar o mais honesto dos homens. Pode ser que para o velho Adão isso confira. Mas Jesus é o novo Adão. Ele não tem preço. Ele é o Filho de Deus. Não só de nome, mas de verdade. Sua comunhão com o Pai é tão firme, que nada é capaz de a pôr em dúvida. Nós temos um Salvador poderoso, "tentado em todas as coisas, igual a nós, mas sem pecado" (Hebreus 4,15). Ele é o nosso baluarte, nossa defesa na hora em que o poder do maligno nos ameaçar.

"Então o diabo o deixou. E eis que vieram os anjos e o serviram". Não vamos tratar de imaginar como foi que os anjos serviram a Jesus, depois de o tentador o ter deixado. Vamos louvar a Deus porque, além do demônio e seus poderes maus, existem outros poderes, os anjos. Poderes invisíveis, criaturas santas e obedientes, totalmente sintonizadas com a vontade do Criador.

A Bíblia costuma ser muito reservada, quando fala de anjos. Não diz qual é a aparência deles. Mas os anjos são parte integrante do evangelho. E é algo muito confortador sabermos que Jesus, depois das tentações infernais que vieram sobre ele, recebe o conforto dos anjos. Nós ouvimos há pouco que tudo o que acontece com Jesus é importante também para o cristão. Saiba, pois, que os anjos de Deus também estão perto de você, que eles, não os demônios  são os poderes que definem a vida normal do cristão. Louvado seja Deus, por nos ter dado a vitória em Jesus Cristo.

Oremos: Deus e Pai. Tu nos dás comunhão de vida com teu Filho amado. Pela fé somos ligados a ele, e por meio dele, a ti, nosso Pai. Graças te damos por não precisarmos lutar sozinhos contra os poderes das trevas. Graças te damos porque a vitória de Jesus é também a nossa vitória. Amém.

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