Textos Básicos: João 7.37-39 e Efésios 5.18
Objetivo da lição:
Mostrar ao aluno como a plenitude do Espírito é recebida ou como é ser cheio ou controlado pelo Espírito Santo.
INTRODUÇÃO
"Ser cheio do Espírito" ou "controlado pelo Espírito" ou ainda "ser revestido do poder do Espírito Santo", são expressões sinônimas que significam nos tornarmos continuamente e cada vez mais semelhantes a Cristo e gozar do poder de Deus em nosso andar e testemunho diário. Tenho certeza que o coração de cada crente está a gritar - é disso que precisamos, é isso que queremos. Uma pergunta se nos impõe: Como obter essa bênção? O que é necessário? O que devemos fazer? Quais são as condições?
No momento da conversão, a pessoa recebe o Espírito Santo em sua plenitude. Isso está enfatizado no nosso texto em estudo: (Jo 7.37-39). Na verdade o verso 39 deixa claro que, sob a metáfora da água, toda pessoa que recebe a Jesus Cristo está recebendo o Espírito Santo, em abundante plenitude. Não somente a sua sede espiritual é estancada, mas "do seu interior fluirão rios de água viva". Isto é confirmado pela Bíblia que diz: "Deus não dá o Espírito por medida" (Jo 3.34). Essa é a maneira pela qual a vida cristã sempre começa e continua (Ef 5.18).
Walter K. Price (The Holy Spirit: Channel of Power) diz - "a plenitude do Espírito não é uma nova bênção a ser obtida pela primeira vez, mas uma bênção perdida a ser recuperada"- uma pergunta está nos sufocando: Como poderemos recuperar nossa bênção perdida? A resposta é simples. Podemos recuperar a plenitude do Espírito Santo, isto é, "ser cheio do Espírito" da mesma maneira pela qual a obtivemos por ocasião de nossa conversão. Isto significa que podemos usar João 7.37-39 como guia em nossa busca para recuperar o controle do Espírito em nossa vida diária.
Observemos novamente o que Jesus diz, nesta passagem: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba". Jesus está falando de 03 (três) coisas. A primeira é ter sede de Cristo; a segunda é ir a Cristo e a última é beber de Cristo. Se observarmos bem a linguagem figurada usada por Cristo, encontramos nesta passagem um direcionamento, tanto para a recepção quanto para a recuperação da plenitude do Espírito Santo. Vamos, agora, tratar dessas condições detalhadamente.
EXPOSIÇÃO
1. PRECISAMOS TER SEDE DE CRISTO ["...se alguém tem sede..."]
Quem tem sede, fisicamente, experimenta uma angustiosa sensação de secura e um grande desejo de água. Ter sede espiritual é ficar angustiado com a secura e a esterilidade da alma, bem como desejar ardentemente as águas da graça de Deus. Há uma razão pela qual a sede e a satisfação da sede estão ligadas. É esta: Deus dá suas bênçãos espirituais somente àqueles que as desejam. Há muitas passagens na Bíblia que relatam as bênçãos de Deus segundo os desejos de Seu povo (2 Cr 7.14; 15.15; SI 10.17; 21.2; 34.4; 145.19; Pv 10.24). Observe a enorme significação dessas passagens. Deus é encontrado por aqueles que O desejam intensamente.
Assim, desejemos corretamente: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3.1-3). O problema é que, frequentemente, nossos desejos não são espirituais, e sim carnais e materiais. Estão em níveis tão baixos que não somente nos privamos das bênçãos de Deus, como também somos por Ele disciplinados.
Uma pergunta se impõe: O que devemos, então, fazer?
Lembremos o que o apóstolo Paulo diz em Fp 2.13 - "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade". A palavra "querer" é também traduzida, muitas vezes, por "desejo". O que Paulo está querendo dizer é que Deus está trabalhando em nós não somente para nos suprir com a habilidade de servi-Lo, mas também para nos dar o desejo de deixá-Lo trabalhar através de nós. Deus está muito mais interessado em nos encher do Seu Espírito do que nós mesmos de recebê-Lo. Toda a nossa salvação é de Deus. E isso inclui todo o elevado e santo desejo que venhamos a ter. Desde que isso é verdade, podemos então abrir o nosso coração diante de Deus e confessar quão pouco espirituais têm sido os nossos desejos mais profundos. Dizer em oração:
"Querido Pai, eu realmente não tenho tido sede das Tuas mais ricas bênçãos como deveria. Purifica-me, eu te suplico, de todos os desejos carnais e egoístas e dá-me um profundo e constante desejo de ser controlado por Teu Espírito na minha vida diária".
Temos certeza de que Deus responderá esta oração, porque é uma petição que está inteiramente de acordo com a Sua santa vontade (1 Jo 5.14-15).
Essa é a primeira condição. Para sermos cheios do Espírito Santo precisamos ter sede de Cristo. Pois Ele não nos encherá, a menos que nos sintamos insatisfeitos com a relativa esterilidade de nossa vida espiritual, e a menos que tenhamos profundo desejo de que o Espírito Santo nos controle, nos tornando cada vez mais semelhantes a Cristo e nos dê mais poder para o nosso testemunho e serviço.
2. PRECISAMOS IR A CRISTO ["...venha a mim..."]
Mas ir a Cristo é um caminho de dupla ação. Significa de um lado, abandonar o pecado (vaso limpo), e de outro, submissão ao senhorio de Cristo (entregar o vaso).
2.1. Vaso Limpo
Deus deseja encher vasos de todos os tamanhos e de todos os formatos. Mas se recusa, terminantemente, a encher um vaso sujo ou imundo! Vejamos Is 59.1-2: “Eis que a mão do senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. Se desejo, sinceramente, ser enchido pelo Espírito Santo, então preciso tratar corajosamente o caso dos meus pecados. Vimos que todo pecado não confessado e não abandonado bloqueia o canal entre Deus e nós.
Para que nossas vidas sejam cheias do Espírito Santo, é preciso que estejamos espiritualmente limpos. Isto envolve o reconhecimento de nossa natureza pecaminosa, bem como o fato de que nós frequentemente cometemos pecados (1 João 1.8,10).
Temos, então, que tratar nossos pecados na sua relação para com Deus e para com os homens. Precisamos confessar honestamente cada pecado a Deus e pela fé suplicar o perdão e a purificação que Ele prometeu em 1 João 1.9. Depois, precisamos agradecer-Lhe por essa dupla bênção. Quando este envolve qualquer quebra de relação com nosso próximo, precisamos buscar reconciliação. Quando a culpa é de outro, devemos, de coração, perdoar essa pessoa, sem querer saber se ela quer ser perdoada ou não. Quando tivermos feito essas coisas, estaremos, então, prontos para dar o passo seguinte:
2.2. Entregar o Vaso ["...venha a mim..."]
Já vimos que quando falamos de enchimento do Espírito ou plenitude de Espírito, estamos usando uma linguagem figurada que significa o controle do Espírito. Desde que a obra do Espírito é glorificar a Cristo e torná-Lo real para nós (João 16.14), esse é apenas um outro meio de designar o controle de Cristo. Assim, se queremos ser cheios do Espírito, precisamos, sem nenhuma reserva, entregar a direção de nossas vidas a Jesus Cristo. Foi isso que fizemos quando fomos a Cristo em nossa conversão. É por isso que não fomos apenas habitados pelo Espírito, naquela ocasião, mas cheios do Espírito. Cabe aqui uma pergunta: Qual a diferença entre ser habitado e ser cheio?
James D. Crane responde: "A habitação do Espírito em nós é permanente e se relaciona com a nossa posição de filhos de Deus. Mas o enchimento do Espírito é flutuante e se relaciona com a nossa posição de servos de Deus. É por isso que Paulo nos exorta a "...sermos continuamente cheios do Espírito...".
A vida é dinâmica e não estática, o fato de hoje eu estar completamente entregue ao senhorio de Jesus, não é garantia de que amanhã eu esteja. Alguma coisa pode acontecer. E, quando essa coisa acontecer, terei que tomar uma decisão. Colocarei esta nova perspectiva de vida sob o senhorio de Cristo ou não. No caso positivo, essa minha experiência da plenitude do Espírito irá continuar. No caso negativo, perderei essa preciosa bênção até o tempo em que venha a arrepender-me de minha rebelião e reafirmar a minha total submissão a meu Senhor.
Durante a 2ª Guerra Mundial, numa das missões, um avião foi atingido por forte fogo anti-aéreo e retornou à sua base perfurado como uma peneira. Para o piloto isso pareceu um milagre, e declarou: "Deus foi o meu copiloto". Será isso mesmo verdade? O que é um copiloto? É o segundo no comando. É muito prático ter por perto um copiloto num caso de emergência, é como ter um pneu sobressalente. Mas quem está no controle é o Piloto.
Muitos crentes estão procedendo desta maneira para com Deus. Desejam-NO como copiloto. Desejam manter o controle de suas próprias vidas, mas ao mesmo tempo desejam que Deus fique por perto, caso se vejam em apuros. Porém, se desejamos conhecer a plenitude do poder do Espírito Santo em nossas vidas, precisamos nos entregar inteiramente ao seu comando. Paulo diz em Rm 12.1-2 - que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Mas nunca descobriremos isso, enquanto não nos oferecermos totalmente a Ele em sacrifício vivo.
3. PRECISAMOS BEBER ["...e beba..."]
Retornemos ao texto em estudo: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba..." Está claro que nesses versículos os verbos "beber" e "crer" são usados como sinônimos. Um é figura do outro. Jesus está dizendo em linguagem figurada que o último passo para "...ser cheio do Espírito Santo...", isto é, para recuperarmos a plenitude do Espírito, é crer nEle.
Quando uma pessoa bebe, fisicamente falando, põe um líquido na boca e o engole. Em assim fazendo, ela se apropria (torna seu) do valor desse líquido para o benefício do seu próprio corpo. Essa é a ideia básica da figura de linguagem empregada por Jesus. Nós nos apropriamos da plenitude do poder do Espírito, quando pela fé nos entregamos em submissão total a Jesus. Isto é beber espiritualmente de Cristo. Somos possuídos, totalmente, pelo Espírito, ou ainda, o Espírito Santo controla plenamente todos os compartimentos de nossa vida.
Essa apropriação pela fé, da plenitude do Espírito, significa, em primeiro lugar, que aceitamos essa bênção com gratidão como fato consumado. Considerando já preenchida a 1ª condição de ter sede de Cristo, bem como a 2ª condição ir a Cristo como vaso limpo em submissão total, cremos que agora somos cheios do Espírito. Uma coisa, entretanto, precisa ficar bem clara, os nossos sentimentos não devem ser levados em consideração! A verdade divina não está condicionada a sentimentos humanos de êxtases e emoções. Em segundo lugar, significa que em todas as coisas nós dependemos humildemente de Cristo para nos liderar e capacitar a fazer. E, finalmente, em 3° lugar, significa que enquanto nos lançamos ao serviço que Ele nos indicou esperamos confiadamente que Deus use nossos esforços para a Sua glória e para o benefício do próximo.
CONCLUSÃO
Convém lembrar que, em nossa conversão ao senhorio de Cristo, fomos não somente habitados, mas também, cheios do Espírito. A habitação do Espírito é permanente porque ela se relaciona com a nossa posição de filhos de Deus. Mas estar cheio do Espírito se relaciona com a nossa posição de servos de Deus. Enquanto mantemos uma atitude de completa submissão a Cristo como Senhor, continuamos a ser cheios do Espírito. Mas, sempre que nos rebelarmos contra o senhorio de Cristo, em qualquer aspecto da vida, perdemos a bênção da plenitude ou o controle do Espírito Santo.
Você quer ser cheio do Espírito Santo, quer receber a plenitude do poder do Espírito, quer ser controlado pelo Espírito, então conforme vimos, primeiramente você precisa ter sede de Cristo (...se alguém tem sede...). Depois vimos que só ter sede de Cristo não basta, é necessário também ir a Cristo (...venha a mim...) sem pecado e em submissão total. Você tem que se apresentar limpo de seus vícios e pecados, o vaso tem de estar purificado, e a entrega tem de ser plena de você mesmo. Submissão completa ao senhorio de Cristo. Redução do seu EU a nada para que Cristo seja tudo em sua vida. E, finalmente precisamos beber de Cristo (...e beba...), isto é aceitar tudo isso pela fé e não pelos sentimentos emocionais. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (Gl 5.25).
AMÉM
PONTOS PARA DISCUTIR
1. Você quer ser cheio do Espírito Santo?
2. Qual a diferença em "ser habitado" e "ser cheio" do Espírito Santo?
3. Qual é a fonte que nos enche?
Autor: José Milton Pinto
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