A primeira carta de Pedro é uma carta especial. Não foi escrita para uma localidade, ou uma igreja específica...
Foi uma carta escrita “aos forasteiros da Dispersão”. Uma carta escrita a irmãos, possivelmente de herança gentia, que estavam dispersos, morando em províncias que sofriam com a influência do Império Romano.
Em toda a carta, predomina uma linguagem paterna e de alerta sobre como o mundo, ou os desejos da carne, podem ter repercussão em nossa vida Cristã.
Vamos estudar alguns trechos dessa carta:
I Pe 1:13-14
Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;
Sede sóbrios. Não estar embriagado. Estar em pleno juízo e consciência.
Pedro nos exorta a prepararmos o entendimento para a sobriedade. E como somos filhos da obediência não podemos mais nos encaixar no mesmo procedimento de paixões que tínhamos antes da nossa conversão, quando éramos ignorantes com respeito ao Senhor.
Quando se está no meio congregação, a santidade é fácil. O difícil é manter um padrão de santidade quando se está disperso, longe do relacionamento forte com outros irmãos, e o que é pior, perto de uma prática mundana que lembra a nossa prática antiga de falta de santidade e de paixão sensual, frutos de uma vida passada, longe do senhor.
Sede Sóbrios! Não se deixem levar! Não sejam contaminados. Enganados! Vocês são filhos da obediência!
I Pe 1:15-16
pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
Pelo contrário! Aquele que vos chamou é “AGNUS”. Tem pureza moral. Está livre de impurezas da carne. É sagrado. É limpo. É Santo. Por isso, como Ele é Santo, vocês também devem ser santos. Também devem ser sem culpa, sem falta moral.
I Pe 1:17-18
Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação.
Ora, se invocais como Pai aquele que é puro, é santo, é limpo, então vocês também devem ser puros, santos, limpos. Porque se Ele é o vosso pai, vocês, como filhos, devem ser como Ele é.
Andai em temor, respeitando o vosso pai e imitando-o em todas as cousas durante o tempo em que vocês estiverem fora de sua casa verdadeira.
É necessário que a igreja entenda o seu chamado como “peregrinos” e “forasteiros”. Somos peregrinos porque aqui não é a nossa morada. Estamos de passagem. Aqui é apenas o nosso caminho. E somos forasteiros porque passamos por um povo que não é nosso, por uma cultura que não nos pertence e por apelos que não podem e não devem ter influência sobre nossas decisões.
I Pe 1:18-20
sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
Fomos comprados por um preço muito alto. Não um preço que possa ser medido pelos parâmetros humanos. Mas, um preço medido nos céus. O sangue de um cordeiro perfeito, sem nenhuma acusação.
I Pe 1:22
Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade,
Tendo adquirido a purificação da vossa alma pela vossa obediência á Cristo, que é a verdade. É por causa da nossa obediência a Cristo que recebemos de Deus a purificação das nossas almas.
I Pe 2:11
Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma,
Porque temos que nos privar das paixões carnais?
Primeiro porque fomos chamados por um Deus que é Santo. E como Ele é Santo eu também devo ser.
Segundo porque eu o invoco como pai. E se Ele é meu pai, eu, na qualidade de filho devo imitá-lo e ser como Ele é.
I Pe 2:21-22
Porque para isto sois chamados; Pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem engano algum se achou em sua boca.
Terceiro porque eu sou filho da obediência. E minha alma já foi purificada por causa dessa obediência à Cristo. E como filho da obediência eu não posso mais tomar a forma do mundo.
Quarto porque eu sou peregrino. Aqui não é meu “ponto final”. Estou aqui de passagem. Eu preciso “olhar para as coisas do alto” porque eu sou do alto.
Quinto porque eu sou forasteiro. Aqui não é minha morada. Minha cultura não é essa, meu povo não é esse.
Sexto porque eu devo me portar com temor durante essa minha caminhada.
Sétimo porque meu chamado custou um preço muito alto. Muito alto. Um preço que excede toda minha capacidade de entendimento. Um preço que não pode ser medido humanamente. Um preço muito valioso.
Mas, há um outro ponto, também muito valioso, que posso denominá-lo de “oitavo” ponto. Talvez a base de toda a carta de Primeira Pedro. Talvez a chave principal dessa carta e dessas verdades.
Pedro começa a carta afirmando:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos (I Pe 1:3)
“Nos gerou de novo”. Fomos gerados de novo. Somos nova criatura. Paulo, na sua carta aos romanos (7:1-4) afirma que a lei tem domínio sobre o homem enquanto ele vive. E usa o casamento como um exemplo, alegando que a mulher está ligada ao marido enquanto ele estiver vivo, mas, quando ele morre ela fica desobrigada da lei conjugal e pode contrair novas núpcias. E Paulo conclui esse pensamento afirmando: “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos...para que sejais de outro...para que pertençam aquele que ressurgiu dentre os mortos”.
“Nos gerou de novo!” Somos outra criatura. Uma nova criatura. Como podemos voltar à manter um casamento que não existe mais porque o marido morreu? Como podemos voltar à prática de coisas que não fazem mais parte de nossa nova natureza?
No verso 13 do Cap 01, Pedro começa suas exposições afirmando “por isso”. Por isso o que? Por causa dessa nova criatura, por causa do novo nascimento, porque fostes “gerado de novo” é que vocês devem preparar o entendimento e serem sóbrios na vossa caminhada. Sendo Santos, sendo puros, como é santo e puro o vosso pai! Por causa desse novo nascimento vocês são peregrinos e forasteiros e não pertencem mais a esse mundo. Por causa do fato de terem sido gerados de novo vocês devem se despojar de toda maldade, de hipocrisia, inveja e de toda sorte de maledicência. (2:1)
Por causa dessa nova vida vocês foram proclamados raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. (2:9)
Porque vocês não eram povo. Mas agora são. (2:10).
Agora vocês podem manter exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios (2:11). Vocês agora podem se submeter ás autoridades (2:13-15). Os servos podem obedecer aos patrões (2:18). As mulheres podem ser submissas aos maridos (3:1). Os maridos podem amar as esposas (3:7). Podemos ser compassivos, amorosos, misericordiosos, humildes, bendizentes...(3:8-9).
Porque nascemos de novo.
I Pe 1:23
pois fostes gerado de novo não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente
Pois fostes gerados de novo.
I Pe 4:2
Para que no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
I Pe 5:7
Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios.
Ora, aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais, nos conceda a graça da revelação dessas cousas e nos faça vislumbrar a beleza dessa nova vida em Cristo.
Autor: Paulo Ricardo