terça-feira, 9 de novembro de 2010

Práticas Devocionais - PRÁTICA DA OUSADIA

A prática da ousadia é a arte de portar-se corajosamente diante das obrigações, oportunidades e desafios da vida cristã e do ministério decorrente da vocação celestial, em função do poder de Deus e dos recursos que Ele coloca à disposição de todos que o cercam e de todos que o servem. O exercício da ousadia não prejudica o exercício da humildade, nem este prejudica aquele. Uma virtude não ofusca nem danifica a outra virtude. Ousadia não é esbravejar, ameaçar, bazofiar, autopromover-se, prometer mundos e fundos, mas simplesmente dar conta do recado com permanente disposição, plena confiança em Deus e com o devido acompanhamento da modéstia cristã.

Não é pequeno o número de tímidos. Por causa da timidez, o homem não faz tudo que poderia fazer, não alcança todas as vitórias que poderia alcançar. Fica parado, sonhando sempre, desejando sempre, planejando sempre, tendo sempre as mesmas boas intenções. Com o preguiçoso acontece o mesmo. Mas o mal de muitos não é exatamente a preguiça, e sim o receio, o medo, a vergonha, o acobardamento. Todavia, a timidez favorece a preguiça e a preguiça favorece a timidez.

A Bíblia trata a timidez com rigor. Entre os judeus, o soldado "medroso e de coração tímido" deveria voltar para casa: além de inapto, ele poderia contagiar os outros com a sua timidez (Dt 20.8). Jesus fez uma pergunta muito séria aos discípulos por ocasião da travessia do mar de Genezaré: "Por que sois assim tímidos?" (Mc 4.40.) O medroso precisa descobrir as razões de sua timidez e livrar-se dela.

CORAGEM!

A ordem "Sê forte e corajoso" é muito insistente nas Escrituras. Foi dirigida ao povo de Israel em ocasiões de pe¬rigo e desafio, na época de Moisés (Dt 31.6), Josué (Js 10.25) e Ezequias (2 Cr 32.7). Foi dirigida a Josué, o sucessor de Moisés, seguidas vezes (Dt31.7, 23; Js 1.6, 7, 9, 18). Mais de quinhentos anos depois, Davi achou por bem repetir as mesmas palavras a Salomão, seu filho e herdeiro do trono (l Cr 22.13; 28.10). Jesus usava com frequência uma expressão semelhante ("Tem bom ânimo"), que a Bíblia na Lingua¬gem de Hoje reduz para uma só palavra: "Coragem!" O Senhor deu esse conselho ao paralítico de Cafarnaum (Mt 9.2), à mulher hemorrágica (Mt 9.22), aos discípulos (Mt 14.27), ao cego de Jericó (Mc 10.49) e mais uma vez aos discípulos: "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo" (Jo 16.33). À tripulação e aos passageiros do barco seriamente ameaçado de naufrágio nas proximidades da ilha de Malta, no Mediterrâneo, Paulo aconselhou com insistência: "Senhores, tende bom ânimo; pois eu confio em Deus" (At 27.22, 25). O próprio Paulo, antes dessa viagem a Roma na qualidade de prisioneiro, ouviu a oportuna advertência de Jesus Cristo: "Coragem! pois do modo porque deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma" (At 23.11).

OUSADIA PARA QUÊ?

Precisamos de ousadia para entrar com naturalidade no Santo dos Santos, como diz as Escrituras (Hb 10.19), certos de que Deus nos recebe e nos atende em Cristo.

Precisamos de ousadia para sair da rotina e fazer proezas: "Em Deus faremos proezas" (Si 60.12). A ousadia espiritual pode conduzir-nos à experiência de Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13).

Precisamos de ousadia para seguir os caminhos do Senhor, indo contra a opinião pública, contrariando o sistema, nadando contra "o curso deste mundo" (Ef 2.2), não nos conformando com este século (Rm 12.2). Esses alvos são profundamente difíceis e exigem séria e constante intrepidez. Vejamos a experiência de Josafá: "Tornou-se-lhe ousado o coração em seguir os caminhos do Senhor" (2 Cr 17.6).

Precisamos de ousadia para confiar em Deus, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte (Si 23.4), "ainda que a terra se transtorne, e os montes se abalem no seio dos mares" (Sl 46.2), e ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide (He 3.17-19). Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, Paulo e Silas tiveram ousada confiança em Deus para anunciar o evangelho aos tessalonicenses, "em meio de muita luta" (l Ts 2,2).

Precisamos de ousadia para tornar conhecido o evangelho do reino, para anunciar a Palavra de Deus, para ensinar, para falar, para pregar a um mundo incrédulo, corrompido, desinteressado, cego e zombador, como aconteceu com os apóstolos: "Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a Palavra de Deus" (At 4.31; 9.27, 28; 13.46; 14.3; 18.26; 19.8; e 28.30, 31). Só com muita ousadia é possível alargar, alongar e firmar bem as estacas, transbor¬dando para a direita e para a esquerda, não importa sejamos fracos e poucos (Is 54.1-3).

Precisamos de ousadia para enfrentar o sofrimento, para não deixar de seguir para Jerusalém, para beber o cálice do sacrifício, para passar pela prova de escárnios e açoites, de algemas e prisões, de tortura e morte, e para, se necessário for, ser serrados pelo meio (Hb 11.35-38). Está registrado na Bíblia que, quando estava para ser morto, Jesus "manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém" (Lc 9.51).

AS BASES DA OUSADIA

1. Jesus
Por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor, "temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele" (Ef 3.12). Porque Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, porque Ele é o supremo sacerdote, porque Ele subiu aos céus e está à direita de Deus, porque Ele é capaz de condoer-se das nossas fraquezas, porque Ele é o Autor e Consumador da fé e porque Ele, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz — somos tomados de grande ousadia para ir até o trono de Deus e lá permanecer "para recebermos a sua mi¬sericórdia e acharmos a sua graça para nos ajudar em nossos tempos de necessidade" (Hb 4.14-16; 12.1-3, BV).

2. A esperança
A esperança da glória vindoura nos faz andar altaneiramente (He 3.19), corno filhos do Rei, como irmãos do próprio Jesus, como herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). A esperança em si já é ousadia (Hb 3.6). Paulo explica: "Já que sabemos que esta glória nunca acabará, podemos pregar com grande ousadia" (2 Co 3.12, BV).

3. A oração
Dificilmente alguém se levanta tímido depois de orar fervorosamente: "Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a Palavra de Deus" (At 4.31). O apóstolo solicitava as orações da igreja em seu favor, para ele fazer conhecido o mistério do Evangelho com intrepidez (Ef 6.19).

4. A comunhão com Deus
O Sinédrio reconheceu que a convivência de Pedro e João com Jesus lhes dera intrepidez (At 4.13). Os que se demoram na presença do Senhor e nele permanecem têm possi-bilidades imensas (Jo 15-5). Adquirem, entre outras virtudes, a necessária coragem para enfrentar a oposição com sabedoria e vitória.

5. Os sucessos acumulados, a experiência obtida
Foi isso que o imberbe Davi explicou ao rei Saul "O Senhor me livrou das garras do leão, e das do urso; Ele me livrará da mão deste filisteu" (l Sm 17.37). Paulo lembra que "os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus" (l Tm 3.13).

6. O estímulo alheio
Veja-se a citação de Paulo: "A maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais assombro a Palavra de Deus" (Fp 1.14). Assim como o soldado tímido gera timidez, o soldado corajoso gera bravura. A ousadia é tão contagiante quanto o medo.

OUSADIA PECAMINOSA

Nem toda ousadia é virtude. Existe a ousadia pecaminosa. O ímpio também pode ser ousado. Paulo se queixa de alguns falsos irmãos "que fazem ousadas asseverações" (l Tm 1.7). O israelita que trouxe para dentro do arraial, "perante os olhos de Moisés e de toda a congregação", a mulher midianita para se deitar com ela no interior da tenda (Nm 25.6-15), foi de uma ousadia enorme. Judas foi muito ousado ao censurar Maria por motivos interesseiros (Jo 12.4-6) e mais ainda ao procurar o sumo sacerdote para ver quanto receberia se lhe entregasse Jesus (Mt 26.14-16). Aquele que é naturalmente ousado precisa tomar cuidado com a sua ousadia. Ela pode ser uma bênção, se for usada corretamente, e uma tremenda desgraça, se for usada em função do pecado. Ao mandar buscar a mulher de Urias para se deitar com ela, Davi foi muito ousado (2 Sm 11.3. 4). Mas essa ousadia foi negativa e lhe trouxe seriíssimos problemas.


Autor: Elben M. L. Cesar

terça-feira, 2 de novembro de 2010

História da Igreja - A IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA E OS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

A ORIGEM DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

A Igreja adventista tem duas origens distintas. A primeira está ligada ao nome ADVENTISTA. Não era para ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda vinda de Cristo pregada pelo pastor Guilherme Miller. A segunda está ligada ao nome Sétimo Dia, totalmente contrária a fé de Miller e implantado por uma mulher chamada Ellen G. White.

A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiro americano. Sua família foi toda batista. Havia entre seus primos alguns que eram pastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de ter servido o exercito em 1814. Ao aceitar Jesus mergulhou ele num profundo exame da Bíblia. Atraíram-no particularmente as passagens de Daniel e do Apocalipse, levando-o a investigar a data mais provável do fim do mundo.

Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nome adventistas), para o ano de 1843. Diz ter ouvido uma voz interior que lhe insistiu: "Vá e di-lo ao mundo". Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas, metodistas e congregacionais, proclamava o ADVENTO. Pregou o advento durante dez anos por toda a costa oriental dos EUA. Muitos de seus ouvintes começaram a pregar também. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.

Pessoas houve que começaram a preparar o vestuário para o dia da ascensão. Passando o ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia 21 de Março de 1844. Neste dia, milhares de pessoas, vestidas de branco, passaram a noite toda esperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que estava errado. Voltou a sua congregação e pediu desculpas por tão grave erro. Até voltou a ser um pastor batista. Infelizmente o mesmo não se deu com alguns de seus seguidores, que a partir de 1844, formaram o movimento do ADVENTISMO.

De 1844 a 1860, os seguidores de Miller, sendo uma boa porcentagem deles batistas excluídos, foram conhecidos apenas como adventistas. Continuaram na insistência por datas. Quase uma por ano até o ano de 1877.

Entre os fiéis seguidores de Miller estava a senhora Ellen G. White, que, depois de ver fracassadas outras tentativas de marcação de datas, afirmou ter tido visões dos céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel 8,13-14, está no céu e não na terra. Cristo teria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse santuário celestial. A próxima visão de Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde surgiu o complemento do nome Adventista do Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve uma visão havia onde uma arca no céu e nela estavam escritos os dez mandamentos. Dos mandamentos se destacava o quarto, porque se apresentava dentro de um circulo de luz. Entendeu ela que esse mandamento precisava receber maior atenção que os outros. Sua mensagem foi aceita pelos membros do adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

A ORIGEM DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Esta seita foi formada por um homem que sentia verdadeiro ódio pelas comunidades cristãs. Seu nome era Charles Taze Russel, nascido na Pensilvania em 1852. De origem presbiteriana, passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da nova seita, a dos adventistas do sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro fã do adventismo. Tomando o seu próprio caminho, começou a fazer estudos bíblicos semanais com um grupo composto inclusive de pessoas de outras igrejas evangélicas. Não demorou muito, lançou sua própria profecia, em nítida semelhança ao fundador do adventismo: "A segunda vinda de Cristo se daria em 1914".

Logo começou a discordar de muitos pontos doutrinários dos adventistas e, em 1872, reunindo alguns simpatizantes de suas idéias, começou a organizar o movimento que hoje é conhecido como "Testemunhas de Jeová". Antes desse nome tiveram muitos outros. Somente entre os anos de 1917 a 1926, mudaram suas doutrinas nada menos que 148 vezes. Nem que Jesus é Deus. Dizem que o Espirito Santo não é uma pessoa inteligente. Jesus era o arcanjo Miguel. Não existe inferno, além muitas outras heresias que só eles mesmos para acreditar. Pior. Como tudo que é errado tendem a crescer cada vez mais.


Autor: Pastor Gilberto Stefano
Fonte: www.obreiroaprovado.com

História da Igreja - A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS

O terceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história das igrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o ano de 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entre as igrejas por motivos doutrinários e organizacional.

Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as igrejas sofriam externa e internamente. Externa devido as perseguições já mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois erros absurdos totalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a salvação pela graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.

OS DOIS ERROS QUE DIVIDIRIAM AS IGREJAS ENTRE 225 A 253 A.D.

O Batismo Como Meio de Salvação

Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem poderia alcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos eram unanimes: "Pela graça somos salvos". O Novo Testamento nunca deixou dúvidas sobre este assunto. Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema sério. O primeiro concílio das igrejas em Jerusalém foi realizado justamente para resolve-lo. O próprio apóstolo Pedro, vendo que havia contenda sobre o assunto, deixou claro que: "cremos que seremos salvos pela graça". Portanto, o ensinamento bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.

Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada nas escrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam: "A Bíblia tem muito a dizer em relação ao batismo. Muita ênfase é colocada na ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com a salvação". Dessa forma criou corpo a idéia de REGENERACÃO BATISMAL, ou seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a aparecer: O batismo infantil.

Formação de Uma Hierarquia Temporal

Hierarquia Dentro das Igrejas

Além desse grave erro houve um outro. Foi o surgimento dentro das igrejas de uma hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade única do Senhor Jesus Cristo sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículo algum do Novo Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé, ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homens comuns, sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16; Rom 7,24;).

Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de alcançar a primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do ensinamento de que todos os membros são iguais dentro da igreja. O pastor começou a exercer um papel de "chefão". Alguns historiadores relatam esse erro da seguinte forma:

O pastor de Hermas ( cerca de 150 A.D.)

‘Mestres dignos não faltam, mas há também tantos falsos profetas, vãos, cúpidos (desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisa na vida não é a prática da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando."

O Historiador Mosheim:

"Os pastores aspiravam agora a maiores graus de poder e autoridade do que possuíam antes. Não só violavam os direitos do povo como fizeram um arrocho gradual dos privilégios dos presbíteros..."

Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do "bispo". Comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo de um crente chamado Diotrefes. O apóstolo deixa claro que esse homem "buscava a primazia entre eles", referindo-se é claro aos irmãos na fé. Diotrefes tornou-se tão audacioso, que, quando João escrevia para a igreja ele impedia que os irmãos lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempo dos apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhor da igreja (I Pedro 5,1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: "Não como tendo domínio sobre a herança de Deus". O pastor jamais deve ser o chefe da igreja, mas o servo que irá conduzir o rebanho.

Essa terrível idéia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve início na pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a buscar a primazia entre os demais. Chegou a envolver-se num problema que não lhe pertencia por direito, querendo mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria, que viveu entre o I século. - II século. Ele exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros (20,2). Chegou a comparar a obediência ao bispo monárquico com as cordas de uma harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos. Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnou pelo poder dos bispos com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa.

Como se pode observar não foi uma lei feita do dia para a noite. Foi uma heresia que aos poucos penetrava dentro das igrejas, a saber, nas igrejas maiores dos grandes centros.

Hierarquia Entre as Igrejas

Esse erro veio a favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter autoridade sobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou seja: a igreja de Antioquia não tinha autoridade sobre a igreja de Éfeso. A igreja de Éfeso não tinha autoridade sobre a igreja de Laodicéia, e assim por diante. No livro de apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia, ele trata cada uma individualmente. Cada uma tem seu próprio anjo (pastor), e nenhuma será recompensada ou corrigida pelo erro da sua co-irmã.

Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou. Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja. Junto com as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores engrandeciam-se, e numa falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que principalmente Roma passou a gozar de uma distinção especial. Essa ajuda tinha um preço muito alto: A submissão de muitas igrejas menores. A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala.

Na luta para ver qual igreja ia ser a maior entre as igrejas erradas, prevaleceu a igreja de Roma, mas é claro, sem o consentimento dos grandes bispos monárquicos, iniciando-se assim uma luta interna entre as igrejas heréticas. Esse assunto será tratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.

A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL

As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens

Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas desviadas de volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto o poder político das igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações, e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus. Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202 d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.

As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude

O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia. Pior. Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram. O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros vindos das igrejas heréticas. Essa não aceitação, que a luz das escrituras é recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só Jesus salva - foi acrescida com o rebatismo dos membros vindos das igrejas desobedientes. Daí ter surgido o apelido "anabatista" para os seguidores de Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.

A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho

O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e politicamente mais aceitas, não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto. Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em Cartago em 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado como válido. Os historiadores McClintock e Strong comentam como se deu essa desfraternização: V.I pg 210.

"Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja correta. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos se convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas".

Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi excluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude do bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318, tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos:

"Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão, que instigado pelo espírito de arrogância eclesiástica, dominação e zelo, sem conhecimento, ligou a este ponto (salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253, lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo administrar um segundo batismo aqueles que tinham sido batizados, mas disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois sínodos reunidos em Cartago em 225 A.D. um composto de 18, outro de 71 pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo de heréticos não devia ser considerado como válido".

Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um bispo monárquico sobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma, Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.

O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS

A partir desta data, 253 d.C. as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes blocos. Os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejas erradas, e os católicos, nome dado as igrejas heréticas desde o ano de l70 por Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de terem excluído os demais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as escrituras, os cristãos anabatistas lutavam para sobreviver e manter de pé as chamas do evangelho.



Autor: Pastor Gilberto Stefano
Fonte: www.obreiroaprovado.com

História da Igreja - A ORIGEM DO APELIDO "CRISTÃO"

QUE SIGNIFICA A PALAVRA "CRISTÃO"

O significado para a palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nas escrituras. Hoje, qualquer um que segue uma religião denominada "cristã", acha se no direito de dizer que é um cristão. Alguns são tão depravados em sua forma de viver que de maneira nenhuma fazem jus a essa palavra. Outros são tão errados biblicamente e mesmo assim insistem em achar-se cristãos. E aí está o problema: O próprio indivíduo achar-se um cristão quando não o é.

A palavra cristão como é usada na bíblia é um apelido. E este apelido referia-se aos crentes que andavam de uma forma digna. A conduta (dentro da família e da sociedade), a transformação interior e exterior, sucediam a profissão de fé destes crentes. Tamanha era a transformação que se tornavam impossíveis de não serem notados. Então a própria sociedade, testemunhando esta transformação, chamava-os de "cristãos". Assim, ser apelidado de cristão seria uma grande honra a qualquer crente.

É errado, mesmo numa igreja considerada correta, chamar pessoas não regeneradas de cristãos. Não vemos na Bíblia um só exemplo dos apóstolos considerarem verdadeiros crentes aqueles que ainda viviam no pecado. Paulo nos dá um grande exemplo disso em I Co 6,9-11; quando fala que: "Os injustos não herdarão o reino de Deus", e numa lista muito ampla dá exemplo do que é ser um injusto: "Não vos enganeis, nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores, herdarão o reino dos céus, e tais fostes alguns de vós". Alguns Coríntios foram achados nos pecados mencionados acima. Foram! Mas o sangue de Jesus lavou-os, santificou-os e os justificou. O pecado era coisa do passado na vida destes crentes. Achar que se é um cristão por pertencer a uma igreja denominada de cristã é um grande erro. A maior igreja cristã do mundo tem um bilhão e duzentos milhões de fiéis. Todos idólatras, ou então não estariam lá. Herdarão os mesmos o reino dos céus? Se não herdarão os reino dos céus porque é certo chamá-los de cristãos?

O verdadeiro significado da palavra "cristão" não está tanto neste lindo apelido. Está na pessoa que aceita Jesus como seu salvador e vive dignamente como um verdadeiro discípulo do Senhor Jesus Cristo.

A palavra cristão também não é um nome próprio dado por Jesus aos seus discípulos. Ele jamais chamou um de seus apóstolos ou qualquer outra pessoa de "cristão". Ele simplesmente chamava-os de "discípulos" ou "seguidores". Esta palavra, no sentido que é usada na Bíblia, é nada mais e nada menos que um apelido dado aos discípulos ou membros da igreja de Jesus Cristo.

ONDE SURGIU PELA PRIMEIRA VEZ

O apelido "cristão" surgiu pela primeira vez na cidade de Antioquia em referencia aos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11,26). Foram assim chamados pelos moradores daquela grande metrópole devido ao bom exemplo que davam e por sempre testemunhar a respeito de Jesus. Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidos que eles tinham, como por exemplo o de "nazarenos", apelido pelo qual eram conhecidos os discípulos pelos judeus (At 24,5).O apelido cristão generalizou-se de tal forma que em pouco tempo todos os membros das igrejas de Cristo foram assim chamados. Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo até meados do terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome a este apelido.

Até o século terceiro não havia nenhuma instituição denominacional como temos hoje. Não havia a Igreja Católica, ou a Igreja Batista, ou a Igreja Anglicana. Havia apenas a Igreja de Jesus Cristo, e como vimos, seus membros foram apelidados de cristãos. Jesus, ao instituir sua igreja, nunca chamou-a por um nome como Católica ou Batista. Chamava-a de "minha igreja" (Mat. 16,18), ou quando muito, colocava o nome da cidade onde ela se encontrava, "Igreja de Esmirna" (Apoc. 2,8).

O CRESCIMENTO DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS

O crescimento dos cristãos foi espantoso. O núcleo formado por Cristo em Jerusalém se espalhou para a Judéia, Galiléia e Samaria. Não tardou muito e o evangelho atravessou as fronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía grandes centros de cristãos. Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil encontrar um cristão professando a fé bíblica.

O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coração dos apóstolos. Esse espírito foi transmitido a primeira geração de convertidos, os quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o mundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos (ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgar pelo que diz Paulo era sempre no mesmo local - I Co 11,18 e 20 ), facilitava o esparramar do evangelho. O costume de prédios par as igrejas favorece no conforto e na questão denominacional, mas desfavorece no sentido de trazer novas pessoas a Jesus. A julgar pelas escrituras será preciso as igrejas verdadeiras repensarem o fator prédio.

AS PERSEGUIÇÕES SOFRIDAS PELOS CRISTÃOS ATÉ 313 D.C.

O crescimento veio acompanhado do ciúmes do judaísmo e das religiões pagãs, sendo as últimas protegidas pelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez vítimas como Estevão e o apóstolo Tiago. Décadas depois o paganismo entrou em ação, e com o apoio dos imperadores, suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano, imperador entre 98 a 117, decretou um ofício em que o cristianismo em si já constituía um crime, e todos que nele fossem encontrados deveriam ser julgados e punidos com a morte. Ofícios como este voltaram a ser decretados por outros imperadores, e bem como este davam força às religiões pagãs para tentarem destruir a igreja de Cristo.

Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. Tertuliano, escreveu certa vez que: "o sangue dos cristãos era uma semente. Quanto mais matava mais crescia."

A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam as atrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem diversos se convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos crentes. Ë certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis. Além do que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida a igreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente.

Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Sempre houve as erradas. Desde o tempo apostólico as heresias entraram e permaneceram em algumas igrejas de Cristo. Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve no terceiro século uma grande desfraternização das igrejas cristãs.



Autor: Pastor Gilberto Stefano
Fonte: www.obreiroaprovado.com

Compartilhe

Leia também

Related Posts with Thumbnails