sexta-feira, 20 de março de 2015

[Liderança] PRINCÍPIOS DA LIDERANÇA CRISTÃ

Texto-Base: 1Ts 5.11-17


INTRODUÇÃO

O objetivo desta palestra é falar sobre liderança na perspectiva cristã. Em virtude da delimitação do tempo seremos sucintos, abordando somente os pontos essenciais da liderança de acordo com o modelo bíblico. Esperamos que a nossa exposição possa nortear o trabalho daqueles que ocupam um papel de liderança tanto na igreja quanto em outros ambientes sociais, para que desenvolvam uma direção eficaz e sobretudo autêntica. A intenção é que você cresça e se aperfeiçoe como líder na obra do Senhor.

I – O QUE É LIDERANÇA

Concepções equivocadas. Antes de falarmos sobre o que é liderança, precisamos enfatizar o que ela não é.

1. Liderança não é cargo – Embora o cargo tenha grande importância, a liderança não se resume a um posto de comando dentro de uma determinada organização. A liderança é antes de tudo uma postura, que pode ser exercida independentemente de uma posição formal estabelecida. É por isso que se afirma que a liderança precede o cargo, e não o contrário. A liderança deve ser conquistada. Stanley Huffty escreveu: “Não é a posição que faz o líder; é o líder que faz a posição”.

2. Liderança não é gerência – Existe uma grande diferença entre liderar e gerenciar. Nós lideramos pessoas e gerenciamos coisas. Bons gerentes não são necessariamente bons líderes. Um bom líder é antes de tudo alguém que sabe se relacionar, ouvir e interagir com os outros.

3. Liderança não é inata – Ninguém nasce líder. Embora alguns de nós possa nascer com alguns habilidades naturais, a liderança é algo que se constrói e se desenvolve. Por isso se afirma que toda e qualquer pessoa tem potencial para ser um bom líder. Todos nós recebemos no mínimo um talento (Mt 25.15). Sempre lembramos de Abraham Lincoln como exemplo de um grande líder dos Estados Unidos. Contudo, Lincoln precisou aprender com os seus insucessos no exército americano, onde foi rebaixado de comandante a soldado. Para ser líder é preciso aprender!

4. Conceito de liderança. Feita essa breve consideração, podemos definir a liderança como a habilidade (ou a arte) de motivar e influenciar pessoas, de forma ética e autêntica, a fim de alcançar determinado objetivo. A palavra-chave da liderança é influência. O líder é aquele que inspira, anima e conduz pessoas. “A verdadeira essência de todo o poder de influenciar está em levar a outra pessoa a participar” (Harry Overstreet).

II – LIDERANÇA NA PERSPECTIVA CRISTÃ. 

1. Liderança com base bíblica. A liderança na perspectiva bíblica também envolve influência. O líder cristão, pois é aquele que foi escolhido e capacitado para influenciar pessoas para fazerem a obra do Senhor, com disposição e alegria.

2. Características da liderança cristã. Vejamos algumas características da liderança cristã:

Procede de Deus. A base de toda liderança é o próprio Deus. Não há autoridade que não foi constituída por ele (Rm 13.1), seja por sua vontade permissiva ou determinativa. Essa é razão pela qual Paulo diz que os liderados devem reconhecer aqueles que presidem/lideram (v. 12).

Deve ser exercida na dependência do Senhor. A liderança cristã difere da liderança secular na medida em que deve ser exercida exclusivamente dentro da orientação e dependência do Senhor. Moisés é um exemplo desse tipo de liderança.

É vocacionada e voluntária. A liderança cristã não se resume ao cargo. Ela provém de uma vocação; ou seja, o chamado divino (1 Co 7.20). Quando alguém sem vocação é posto em cargo de liderança, a obra perece.

Requer dedicação, zelo e compromisso. A liderança bíblica exige trabalho, cuidado e comprometimento (Ec 9.12; 2Co 11.2). Paulo disse que aquele que preside/lidera, deve fazer com cuidado (Rm 12.8)

III – PRINCÍPIOS PARA LIDERANÇA CRISTÃ

1. Princípio do líder servo. Esse é o ponto central da liderança na perspectiva bíblica. Líder é aquele que serve (Mt 23.11). A humildade é fundamental ao líder cristão (Fp 2.3). Ser autêntico e não arrogante.

2. Princípio do exemplo. John Maxwell chama esse princípio de Lei da Imagem. O melhor presente que um líder pode dar é o bom exemplo. Não adianta falar, se não fazer. As pessoas compram o líder, depois a visão. A grande maioria das pessoas são conduzidas pelo exemplo de seus líderes. Josué aprendeu com o exemplo de Moisés; Eliseu, com Elias; os discípulos com Jesus; Timóteo, com Paulo. “Sede exemplo para os fieis” (1Tm 4.12).

3. Princípio da comunicação. Uma boa liderança e trabalho em equipe precisa de comunicação. O líder deve passar aos seus líderes suas ideias e projetos. Mas, também deve ouvir as ideias dos liderados (Mc 4.9).

4. Princípio da motivação e do encorajamento. Líder é aquele que motiva e encoraja os seus liderados para uma determinada tarefa. Neemias encorajou o povo a reedificar o muros de Jerusalém (Ne 2.17). Davi deu forças e esperança a um grupo de homens de perspectiva de vida (1 Sm 22).

5. Princípio do propósito e do planejamento. O líder precisa dar um sentido de trabalho aos seus liderados, assim como planejar as suas atividades.

6. Princípio da formação de novos líderes. O verdadeiro líder forma novos líderes (2Tm 2.2). Jesus recrutou, formou e enviou os seus discípulos.

7. Princípio do amor. A liderança cristã é dirigida pelo amor. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece; Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade (1Co 13.4-6).

CONCLUSÃO

Como vimos, a liderança cristã é bela, mas exige dedicação, zelo e compromisso. Que possamos, como líderes e liderados, estar no centro da vontade do Senhor para fazer a sua maravilhosa obra. Finalizo com as palavras do apóstolo Paulo: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”. (1Co 15.58)

Bibliografia sugerida

- As 21 irrefutáveis leis da liderança, John Maxwell, Thomas Nelson.
- Liderança corajosa, Bill Hybels, Editora Vida.
- O monge e o executivo, James Hunter. 

Confira a palestra no Prezi.com http://prezi.com/swlefrg9jyse/?utm_campaign=share&utm_medium=copy

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Autor: Valmir Nascimento
Fonte: http://www.comoviveremos.com/principios-da-lideranca-crista/

segunda-feira, 16 de março de 2015

[Cosmovisão Cristã] PESSOAS, PODERES E AUTORIDADES

Algumas reações em meio às tensões políticas dos últimos meses, no Brasil, deixam transparecer algumas curiosidades. A maior delas parece ser aquela que está gerando um efeito que poucos talvez esperassem ver um dia neste país. Até poucos anos atrás era muito comum que o grosso da população mantivesse uma opinião negativa, de crítica e suspeitas com relação aos políticos. Com o advento da internet e, especialmente com as redes sociais, atualmente desenha-se um novo quadro. Muitos têm defendido governos, políticos e partidos de forma apaixonada. As eleições de 2014 geraram debates acalorados que, inclusive, culminaram em amizades desfeitas, mágoas, ofensas e todo nível de baixaria. Tudo isso vai revelando um quadro ainda confuso aos olhos do observador. Estariam alguns políticos brasileiros mudando drasticamente suas atitudes? A velha máxima do “político ladrão” está em desuso porque cada vez mais nossos políticos tem se convertido à causa do povo, representando, de fato, o anseio dos cidadãos?

Basta um olhar mais atento para perceber que parece ser o contrário. Se os políticos não estão ainda pior, no mínimo, também não temos muita melhora (embora, quando se trata das pessoas envolvidas na política, existam obviamente exceções). A defesa apaixonada de políticos através de eventos, passeatas e manifestações na internet (desde redes sociais, blogues, sites de notícias, etc.) não costuma revelar uma análise coerente, pormenorizada, atenta às ideias e projetos (novamente reconhecemos as exceções). As redes sociais contribuíram para o fenômeno que faz com que as pessoas apenas precisem gostar de determinado tema e debater sobre ele para considerarem-se especialistas (cá estou eu, dando uma de... rs...). Não que seja errado ou um crime emitir opiniões. O que assusta mesmo não é isso. Pois, discordância, discussões acaloradas, debates e conversas sobre temas diversos do cotidiano sempre estiveram presentes nas rodas de boteco e outros fóruns populares. Embora não livre de certas exaltações e, até mesmo, atitudes mais radicais de violência, estas rodas da vida real permitiam uma proximidade com a própria realidade, com o outro de carne e osso, o olho no olho. No mundo virtual, devido a impessoalidade e consciência de não ser responsabilizado de forma mais direta, a violência e agressividade tornam-se mais evidentes.

Quando deixamos de ver o outro como pessoa, um ser humano, alguém criado à imagem e semelhança de Deus como eu mesmo o sou, para ver apenas a camiseta estampada, a bandeira empunhada, o discurso ideológico proclamado, e tantos rótulos que saltam de nossos teclados sem nem ao menos refletirmos sobre o que estamos atribuindo apressadamente ao “oponente”, então, um sinal de alerta deveria soar. Pode ser que alguma espécie de fanatismo já esteja nos dominando de tal forma que nossa luta passou, sim, a ser contra carne e sangue, em favor de potestades e dominadores deste mundo (Efésios 6.12) que cativaram nossos corações de tal forma que não mais nos importamos em sacrificar família, amigos, enfim, seres humanos no altar de algum ídolo que nos escravizou. Se ainda nos resta algum sinal de lucidez, oremos para que Deus nos conserve humanos, sensíveis, e, com algum discernimento. Além se sermos seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus, a cosmovisão cristã revela também que o pecado corrompeu a boa criação de Deus. Assim, somos todos carentes da graça e da misericórdia do Senhor.

Cientes da soberania de Deus, cuidemos para não absolutizarmos nossas convicções a tal ponto de não mais conseguirmos escutar, ponderar, refletir e, quem sabe, admitir que não somos os donos da verdade. Quem sabe, estejamos, sim, equivocados. Talvez eu mesmo, com este texto, esteja. O que importa, não é se devo ou não me manifestar, mas, o quanto estou também disposto a deixar que esta minha posição, tornada, agora, pública, possa sofrer, críticas, questionamentos, correções. Tudo isso, sem que eu considere o autor das opiniões contrárias um inimigo, mas, tão somente, um instrumento de Deus nesta confusa peregrinação humana onde, muitas vezes, não passamos de cegos querendo guiar outros... Neste sentido, sim, mas, sem querer justificar ninguém com isso, nossos políticos são reflexo daquilo que somos todos, enquanto indivíduos falhos, propensos a escorregar, corromper, fraudar, tirar vantagem, legislar em causa própria. A pergunta que fica, portanto, é: Como organizar uma estrutura e processos que protejam os cidadãos de si mesmos? A quem ainda prestamos conta!?

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Autor: Rodomar Ricardo Ramlow

quinta-feira, 12 de março de 2015

[Salvação] APRENDA O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE SER FILHO DE DEUS

Identidade é importante. É importante para a nossa cultura, inundada por políticas identitárias e pelos apelos inatacáveis que o conceito de identidade proporciona. E é importante entre os cristãos. Nós chamamos as pessoas a viver de acordo com e à altura de quem elas são em Cristo: peregrinos e forasteiros, sal e luz, membros do corpo de Cristo ou da noiva de Cristo, templo do Espírito, nova criação e assim por diante. Nós encorajamos uns aos outros a nos revestirmos do novo homem. 
Contudo, com freqüência, os marcadores identitários do Novo Testamento são mais informados por nosso próprio contexto e nossas pressuposições culturais do que pelo enredo bíblico. O enredo do peregrino e forasteiro pode se tornar o enredo do fundamentalista cultural justificando seu desengajamento. O enredo da noiva pode facilmente se tornar o enredo de um sentimentalismo egocêntrico no qual, como acontece com as noivas americanas todos os sábados, nós somos o foco e o centro de tudo.

A história da filiação

Todavia, se havemos de aprender a usar os marcadores identitários da Bíblia em nosso aconselhamento e discipulado, então precisamos compreender o enredo bíblico mais amplo de nossa identidade como filhos e filhas de Deus. Esse enredo é uma ferramenta poderosa para combater o discipulado narcisista que permeia grande parte do cristianismo.

Princípios

Da criação de Adão e Eva conforme a semelhança de Deus à sua responsabilidade de representar Deus como vice-regentes sobre a criação (Gênesis 1.26-28), ao seu privilégio de intimidade com Deus (Gênesis 3.8) e sua habilidade singular de refletir de volta para Deus a sua glória, à sua obrigação de obedecer (Gênesis 2.15), a imago Deise projeta na forma de filiação. Desde o princípio, o padrão se estabelece: tal pai, tal filho. Assim como Deus governa a criação, também o filho deveria representar aquele governo.
Como é óbvio, o primeiro filho, Adão, foi desobediente ao seu Pai. A imagem de Deus não foi perdida, mas ela agora vem com a herança maldita do nosso pai terreno, uma natureza corrompida e arruinada pelo pecado. Desse ponto em diante, a inclusão na família de Deus não é mais por nascimento, mas por adoção.

Um novo começo? 

Em Gênesis 12, Abrão, o filho de um idólatra, é adotado por Deus a fim de tornar-se o pai de uma nova nação. Ele recebe um novo nome: Abraão. Ele recebe a promessa de um filho e, mais do que isso, de uma herança para aquele filho.
De novo e de novo, essa promessa é posta em xeque: pela esterilidade, pela traição, pela fome, pela própria morte. Quando Deus chama Abraão a sacrificar o seu filho como oferta queimada (Gênesis 22.2), parece que a promessa e a história do filho estão acabadas, porque o filho ainda é o filho de Adão que merece morrer.
Mas Deus não acabou. Ele resgata o filho de Abraão, o filho de Isaque e os filhos de Jacó, até que o filho se torna a nação de Israel inteira.
Em Êxodo 4, Deus diz a Moisés que diga a Faraó: “Deixe o meu filho ir para prestar-me culto” (v. 23, NVI). Deus então resgata o seu filho corporativo, Israel, do rei-serpente e conduz o seu filho à sua herança, a terra prometida, um segundo Jardim do Éden.
Deus também suscita um rei, um homem segundo o seu coração, chamado Davi, e lhe promete que um filho dele governará sobre um reino que não terá fim. O filho de Davi será o filho de Deus, que representará tanto Deus como o seu povo. Ele reinará em justiça e fará a obra que o Pai lhe confiar, resgatando o seu povo das mãos de seus inimigos.
Mas nem o filho corporativo nem os filhos de Davi são fiéis. Eles continuam em sua rebelião. Ao final do Antigo Testamento, o trono de Davi está vazio.

O Filho vem e nos torna filhos

Então veio o verdadeiro Filho de Deus. Jesus é o Filho Divino encarnado, o verdadeiro Rei, o Messias que veio para fazer a obra que o Pai lhe confiara (João 4.34, 5.19, 6.38). Ele afirmou representar Deus: se você o visse, teria visto o Pai (João 1.49). Jesus é a verdadeira imago Dei, o segundo Adão, o verdadeiro Israel. Enfim, tal Pai, tal Filho.
Surpreendentemente, o filho corporativo o rejeitou. Contudo, Deus ressuscitou o Filho dentre os mortos e o fez assentar no próprio trono dos céus, de modo que todos os filhos da desobediência que se voltarem de seus pecados e forem unidos ao verdadeiro Filho pela fé receberão o poder de se tornarem filhos de Deus, adotados na família de Deus.
Uma vez adotados, eles são conformados à imagem do Filho a quem Deus ama. Esse processo não terminará até o dia em que o virmos, quando enfim seremos como ele é. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 João 3.1). E, quando enfim formos como ele é, reinarmos com ele como filhos e filhas de Deus (2 Timóteo 2.2; Apocalipse 20.4, 6).

Discipulando e aconselhando a partir do enredo da filiação

Como esse enredo de filiação impacta o modo como nós usamos essa identidade bíblica em nosso discipulado e aconselhamento? Quero enfatizar quatro coisas.

1. O Pai ama os filhos porque o Pai ama o Filho
Primeiro, o Pai ama os filhos porque o Pai ama o Filho. O amor de Deus por nós como filhos não começa conosco. Começa com o seu amor pelo Filho Jesus Cristo. Por quê? Porque o Filho sempre foi e sempre será obediente ao Pai (João 10.17). E é esse amor que transborda em amor por nós, os filhos que estão unidos a Cristo pela fé.
Precisamos inculcar isso em nossas mentes enquanto discipuladores e conselheiros. Podemos dizer “Deus ama você” o dia inteiro, e isso de nada adiantar, porque as pessoas no fundo sabem que não merecem o amor de Deus. Mas, quando me é dito que Deus ama a Cristo e que eu fui adotado em Cristo pela fé, agora eu tenho algo em que pôr a minha confiança, algo que não contradiz o meu conhecimento de mim mesmo.
Cristão, você é amado, não porque você é amável ou obediente, mas porque Cristo é amável e obediente e você está em Cristo. Você foi adotado.

2. Um filho glorifica o seu Pai ao representá-lo perante o mundo
Segundo, o papel de um filho é dar glória ao seu Pai ao representá-lo perante o mundo. Jesus fez essa afirmação acerca de sua própria vida repetidamente. João 5.19: o Filho somente pode fazer “aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz”. E tudo isso é para trazer glória ao Pai. Como Jesus orou, “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (João 17.4).
Mas o que é verdade acerca de Cristo também é verdade acerca dos filhos que estão em Cristo. Mateus 5.9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Mateus 5.44-45: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste”. Efésios 5.1: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”. Herdeiros de Deus devem portar o nome do Pai e fazer avançar a reputação do Pai. Esse é um elevado chamado e privilégio.

3. O privilégio do Filho é uma herança segura
Terceiro, o privilégio do Filho é uma herança segura. Jesus afirma isto: “O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre” (João 8.35). Paulo assimila a mesma idéia: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gálatas 4.6). Muito mais do que uma experiência emocional e psicológica de amor, este versículo nos promete uma herança e um lugar permanente na família. Essa herança é certa e segura.
Que é essa herança? A principal imagem no Antigo Testamento é de uma terra. Na era presente, nós não recebemos uma terra, mas o Espírito. E, incrivelmente, o Espírito é apenas um penhor. A nossa plena herança ainda nos aguarda, pois a nossa plena herança é o próprio Deus Trino em uma nova criação perfeitamente planejada para o nosso florescimento e a sua glória.

4. A meta do Filho é a obediência
Quarto, a meta do Filho é a obediência. Essa deveria ter sido a meta de Adão, de Israel e de Davi. Mas foi, sem dúvida, a meta de Jesus. Ele foi obediente ao Pai até o fim. Não foi uma obediência relutante, desejando que houvesse outro caminho. Não foi uma obediência mesquinha, na esperança de que talvez o Pai lhe amasse por obedecer. Não foi uma obediência orgulhosa, do tipo “Ei, olhe para mim!”. Foi uma obediência voluntária – “eu espontaneamente a dou” (João 10.18). Foi uma obediência confiante – “porque me amaste antes da fundação do mundo” (João 17.24). Foi uma obediência humilde – Jesus não se envergonha de nos chamar irmãos (Hebreus 2.11). E essa obediência foi a sua alegria.
Quando nós usamos a linguagem da filiação em nosso discipulado e aconselhamento, se nós apenas transmitimos a promessa da intimidade e do livre acesso, que Romanos 8 ensina, então estamos contando apenas parte da história. Filhos não são apenas os recipientes de amor, copos vazios de amor que precisam ser cheios. Eles também são aqueles que ativamente amam seu Pai. E João nos diz: “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos” (2 João 6).
Eu poderia chegar ao ponto de dizer que o tema dominante vinculado à filiação no Antigo Testamento e no Novo não é intimidade, acesso, afeição, nem mesmo segurança. É obediência.
Tudo se encaixa em Romanos 8. Deus nos predestinou para sermos conformes à semelhança, à imagem do seu Filho, a fim de que ele fosse o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8.29). E, portanto, Paulo diz, “Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Romanos 8.12-14, NVI). A meta dos filhos é a obediência. A próxima coisa que Paulo diz é que pelo Espírito nós clamamos “Aba, Pai” (Romanos 8.15). E assim o círculo se fecha. Intimidade e obediência andam lado a lado na história do Filho.

Uma nova história

Nós vivemos numa era terapêutica, uma era de relacionamentos quebrados e famílias fraturadas, em que pais são tolos, bufões, capatazes, ou apenas completamente ausentes. Os filhos criam a si mesmos até a fase adulta por meio de imagens da internet e da TV. Francamente, com as filhas é ainda pior. Então, não deveria nos surpreender que, na linguagem bíblica de filhos e filhas, nós encontramos um poderoso antídoto para um veneno mortal.
Mas, de fato, em nossa identidade como filhos e filhas de Deus nós recebemos algo muito mais poderoso do que um antídoto para os fracassos de nosso tempo. Recebemos uma identidade que nos chama além de nós mesmos e de nossas necessidades emocionais para o enredo da glória de Deus. 
Um dia, a nossa esperança será recompensada; a nossa obra terá um fim. “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus” (Romanos 8.19). E essa expectativa não será frustrada. Naquele dia, uma nova história começará: a história da gloriosa liberdade dos filhos e filhas de Deus.

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Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/03/aprenda-o-que-a-biblia-ensina-sobre-ser-filho-de-deus/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+voltemosaoevangelho+%28Voltemos+ao+Evangelho%29

quarta-feira, 11 de março de 2015

[Cristologia] A SERPENTE NO POSTE E A CRUZ DE CRISTO - por Nick Batzig

Quando Jesus explicou a natureza de sua morte expiatória na cruz para os israelitas de seus dias, Ele apelou para o que é, indiscutivelmente, um dos símbolos redentivos mais fascinantes da história da peregrinação de Israel pelo deserto: a serpente de bronze no poste (Números 21.4-9; João 3.14). A serpente de bronze é o tipo mais claro da obra salvífica de Jesus no Calvário. De todos os tipos e sombras, não houve outro que tenha predito melhor a grande obra do Salvador do que esse. Jesus podia ter apontado para a páscoa ou para qualquer tipo de sacrifício que demonstrasse sua futura morte expiatória. Mas ele escolheu apontar para esse tipo em sua discussão com Nicodemos.

Aqui há 14 pontos retirados do livro “The Mystical Brazen Serpent with the Magnetical Virtue Therefore, or Christ Exalted Upon the Cross”, escrito por John Brinselym; do sermão “Moses and the Bronze Serpent”, feito por Tim Keller e do livro “Brief Exposition of the Epistles to the Seven Churches in Asia”, de Robert Murray M’Cheyne. Todos eles nos ensinam como Números 21.4-9 serve para nos aprofundarmos no entendimento do Evangelho:

1. A serpente de bronze foi o meio de salvação usado por Deus para os Israelitas que foram mordidos pelas serpentes no deserto. Jesus crucificado é o meio de salvação de Deus para todos aqueles que foram infectados mortalmente pelo veneno do pecado no deserto desse mundo caído.

2. A serpente de bronze era a única forma de salvação para os Israelitas. Jesus crucificado é o único meio de salvação para o judeu e para o gentio (considere a leitura histórico-redentiva de João 3.16 à luz de João 3.15. No Antigo Testamento, os israelitas eram amados por Deus, por isso receberam uma forma tipológica de cura; no Novo Testamento nos é dito que “Deus ama o mundo”, o que inclui judeus e gentios, de tal forma que ele deu Seu Filho para a redenção do Seu povo, que inclui pessoas de toda língua, tribo, nação e linguagem).

3. A serpente de bronze era uma representação visual da ira de Deus contra o povo murmurador. Cristo crucificado é uma representação visual da ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça humana.

4. A serpente de bronze representava a propiciação da ira de Deus. Quem olhasse para a serpente saberia que a ira de Deus seria afastada. A cruz de Cristo demonstra a ira de Deus, assim como a afasta. A misericórdia e a verdade se encontram na cruz; justiça e paz se beijam na morte de Jesus.

5. A serpente de bronze era uma representação simbólica das serpentes venenosas que morderam o povo e trouxeram consequências mortais por conta do pecado. Cristo representa aqueles que foram arruinados pelo pecado, tomando para si um corpo em semelhança da carne pecaminosa – embora sem pecado – para que Ele pudesse, por meio de sua morte, salvar aqueles que foram envenenados pelos seus próprios pecados até a morte. Ele se fez maldição para que nós recebêssemos as bênçãos de Deus.

6. A serpente de bronze servia para lembrar os Israelitas da causa de seus pecados. Ela tinha por finalidade levar à memória deles para o Jardim do Éden, onde Satanás veio em forma de serpente para tentar seus primeiros pais. A punição para o pecado, trazido ao mundo por meio da tentação daquela antiga Serpente, foi colocada sobre Jesus na cruz. A penalidade do nosso pecado recaiu sobre Ele. Ele se tornou pecado por nós, para que, Nele, nos tornássemos justiça de Deus.

7. A respeito da serpente no deserto, a cura dependia da palavra de Deus a respeito de seu meio de salvação. Com Cristo crucificado, a salvação é dependente da palavra de Deus a respeito de seu meio de Salvação.

8. Assim como os israelitas envenenados foram chamados a crer no comando de Deus – e a serpente de bronze foi o objeto desse comando -, nós vemos que tanto o meio quanto o instrumento da salvação de Deus são tipificados. No relato da interação de Jesus com Nicodemos, tanto o meio quanto o instrumento de Deus para a salvação são apontados. O Salvador crucificado é o meio da salvação de Deus. A fé (ou “olhar para Ele”) é o instrumento da salvação.

9. Os israelitas infectado foram chamados externamente a olharem para a serpente de bronze para serem curados. Os pecadores são chamados externamente a olharem para o Filho de Deus crucificado para serem salvos.

10. A serpente foi levantada na frente dos Israelitas, no meio do campo, para que todos aqueles que fossem mordidos olhassem para ela e fossem curados. Cristo foi levantado – primeiro na cruz, depois em sua ressurreição, então em sua ascensão e, por fim, na pregação do Evangelho – para que os pecadores olhem para Ele e sejam salvos.

11. A serpente de bronze era o central e totalmente suficiente meio de cura dos Israelitas. A cruz é o central e totalmente suficiente meio da obra salvífica de Cristo para curar todo aquele que nele crer. 

12. Assim como Deus escolheu um homem, Moisés, para levantar a serpente de bronze no poste para que as pessoas olhassem e fossem curadas, Deus escolheu ministros para proclamarem Jesus por meio da pregação de Cristo crucificado, para que todo homem possa contemplá-lo e ser salvo.

13. Assim como olhar para a serpente de bronze era um meio tolo de cura para os israelitas envenenados, olhar para o Salvador crucificado (um homem executado publicamente) é um meio tolo, aos olhos do mundo, para a salvação de pecadores condenados à morte.

14. A serpente de bronze foi levantada em favor de muitos, para a salvação da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Cristo foi levantado em favor de muitos, para a salvação da humanidade da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Somente aqueles que olham, em fé, para Cristo, são redimidos da mordida mortal do pecado.

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Fonte: http://reforma21.org/artigos/a-serpente-no-poste-e-a-cruz-de-cristo.html

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