quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eclesiologia - O SENTIDO DA ECLESIA NO NOVO TESTAMENTO - Introdução

PREFÁCIO

Eis aqui num livro, simples em estilo, mas ainda profundo em pensamento. É digno, com certeza, de uma consideração cuidadosa pela maioria erudita de nossos líderes batistas, indiferente das crenças presentes no assunto. É um livro que deve estar nas mãos de cada pastor batista em nosso país.

O pastor Overbey faz bem em chamar nossa atenção a um exame cuidadoso do significado da palavra "eclesia", que é traduzida "igreja" nas Bíblias em português. Ele vai direto ao assunto concentrando a atenção sobre o significado bem estabelecido da palavra. Foi a falha dos sistemas Alegórico, Místico e Devocional de interpretação, de fazer pouco caso do significado comum das palavras e regras essenciais de exegese. Milton S. Terry, escrevendo sobre o antigo método alegórico diz: "Deve ser notado imediatamente que seu hábito é fazer pouco caso do significado comum das palavras, e dar margem a todos os modos de teoria fantástica. Este método não retira o significado legítimo da linguagem de um autor, mas a falsifica de acordo com o capricho ou gosto do intérprete. Como um sistema, portanto, ele se coloca além de todos os princípios de leis bem definidos. (Hermenêutica Bíblica, 2º Edição)#. É contra este tipo de interpretação, que faz certas palavras como massa nas mãos do intérprete, que nosso autor escreve com tanto efeito. No momento em que o intérprete abandona o método gramático-histórico de interpretação, o qual dá atenção total ao significado das palavras, ele não tem um princípio regular para governar sua exegese. Assim a palavra para a igreja, eclesia, tem se tornado um nariz de cera, que é torcido e transformado em muitas formas e significados.

Aqui está um remédio saudável para interpretação livre do significado e natureza da igreja. Os batistas, há muito tempo têm aceito esta doutrina protestante, a qual tem servido como um "mecanismo de escape", através do qual muitos têm fugido de suas responsabilidades à instituição local que Jesus Cristo estabeleceu, assim "fazendo a palavra de Deus sem nenhum efeito pela tradição deles".

Esta tese deve-se tornar um antídoto eficaz à crença popular de uma igreja invisível universal, e todos os seus diversos efeitos e tentativas infelizes - ecumenismo; multiplicação de organizações extra-eclesiásticas; menosprezo do estudo cuidadoso da natureza, ordenanças, disciplinas, oficiais, governo e missão da igreja; e a depreciação resultante da importância de trabalhar em e por uma igreja verdadeira do Novo Testamento.

É nossa crença que muitos que estudarem este documento com cuidado, chegarão à conclusão de John Ebrard, o internacionalmente reconhecido alemão e erudito pré-milenário que disse: "Uma igreja invisível é em si mesma uma contradição "em adjecto".. Devemos portanto rejeitar este uso de ecles. invis. O significado dele não é Igreja, mas o reino de Deus como ainda invisível, mas no futuro visivelmente erigida." LOUIS A. MAPLE

Pastor da Igreja Batista de East Maine, Niles, Illinois



CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A palavra Igreja é usada em nossas versões brasileiras da Bíblia para introduzir a palavra grega eclesia. Algumas informações sobre a palavra igreja nos ajudarão a entender melhor o assunto.

De acordo com a maioria dos estudantes da palavra, "igreja" vem do grego e significa "do Senhor", com a palavra "casa" geralmente subentendida. É usada no Novo Testamento referindo-se à Ceia do Senhor, I Cor. 11:20, e para se referir ao dia do Senhor, Apoc. 1:10. Logo no início do séc. III a palavra era usada para se referir ao lugar onde os crentes se reuniam. Ao se referir ao lugar onde os crentes adoravam, o povo o chamava "do Senhor", com a palavra casa subentendida. Depois de um período de centenas de anos, a palavra grega original passou a várias línguas européias quando a Cristandade foi trazida aos povos da Europa. O tempo e as peculiaridades de cada língua tiveram seus efeitos sobre a palavra, mas a mesma ainda continuou reconhecível. Em inglês é "church", no inglês antigo "cirice", no alemão "kirche", em escocês "kirk" e no escandinavo antigo "kyrka"

Uma autoridade resume a informação assim:

A derivação posterior tem sido veemente discutida. O circo em Latim, e uma palavra gótica, kelikn ‘torre, câmara superior’ (provavelmente com sua origem na língua gaulesa) têm sido propostas (a última sugerida pela palavra alemã chilihha), mas são postas de lado como insustentáveis; e há agora um acordo geral entre os estudantes da Bíblia em referi-la à palavra grega kuriakon, um objetivo usado corretamente ‘do Senhor’, dominicum, dominical (francês - kurios senhor), que ocorre, desde o terceiro século pelo menos, usada substantivamente (escocês - doma, ou o igual) = ‘casa do Senhor’, como o nome da casa de adoração dos crentes. Destes os exemplos mais antigos são citados nas Constituições Apostólicas (II.59), em 300, o édito de Maximiniano (303-313), citado por Eusébio (Ec. Hist. IX. 10) em 324; os concílios de Ancyra em 314 (cânon 15), Neo-Cesaréia 314-23 (cân. 5), e Laodicéia (cân. 28). Desde então parece ter sido em uso comum no leste: Por exemplo, Constantino nomeou várias igrejas construídas por ele. (Eusébio De La Laud. Const. XVII). (J. A. Murray, Um Novo Dicionário Inglês Sobre Princípios Históricos. Vol. II).#

A palavra igreja hoje tem uma variedade de significados, alguns dos mais comuns sendo: o lugar onde a assembléia dos crentes se reúne; assembléia cristã; o culto de adoração; a profissão do clero; todos de uma mesma denominação; todos os crentes professos vivos ou mortos.

Antes de continuar mais nosso assunto, podemos dizer sem medo de contradição que todos esses significados não podem ser atribuídos a palavra eclesia no Novo Testamento. Nenhum estudante da Bíblia que conhecemos atribui mais do que dois ou três destes significados à eclesia no Novo Testamento.

Já que a palavra igreja é um termo muito vasto e que tem muitos significados possíveis, e eclesia é um termo mais limitado, devemos ter o cuidado em nosso estudo, para não trazermos os presentes significados da igreja em eclesia como encontrada no Novo Testamento. Hort reconheceu este perigo ao dizer:

A razão pela qual escolhi o termo eclesia é simplesmente para evitar ambigüidade. O termo português igreja, agora o representante mais familiar de eclesia para a maioria de nós, carrega consigo associações derivadas de instituições e doutrinas dos últimos tempos, e assim não podem, no presente, sem um esforço mental constante ser levada a transmitir a força completa e exata que pertenceu originalmente a eclesia. (F. J. A. Hort, A Eclesia Cristã). #

A palavra igreja não devia estar em nossas versões do português hoje, para representar eclesia. Sua aparição no Novo Testamento, cremos, tem obscurecido o verdadeiro significado. A palavra igreja não foi usada nas versões de Tyndale, Coverdale e Bíblia de Cranmer (A Grande Bíblia). Estas e outras versões usaram a palavra congregação para traduzir eclesia. Hort diz:

‘Congregação’ foi a única tradução de eclesia no Novo Testamento Inglês que permaneceu firme durante o reinado de Henrique VIII, a substituição de ‘igreja’ sendo dada pelos revisores genoveses; e ela mantém sua posição na Bíblia dos Bispos numa passagem não menos principal que Mateus 16:18, até a revisão Jacobina de 1611, a qual chamamos Versão Autorizada (Op. Cit.)

De fato é muito provável que ela não tivesse aparecido na versão do Rei Tiago se não existisse as quinze regras que este Rei deu aos tradutores, para guiá-los no seu trabalho. A regra três afirma: ‘As antigas palavras eclesiásticas têm que ser mantidas, por assim dizer, a palavra igreja, não é para ser traduzida congregação, etc.’ (K. W. Robinson, A Bíblia em Suas versões Antiga e Inglesa). #

No longo prefácio à Bíblia do Rei Tiago em 1611, que não é mais imprimida hoje, nem tem sido a muito tempo, está escrito:

Ultimamente, temos de um lado evitado a escrupulosidade dos puritanos, que deixam as palavras eclesiásticas antigas, substituindo-as por outras, quando colocam lavando pelo batismo, e congregação em vez de igreja. (J. R. Dore, Bíblias Antigas: um registro das antigas versões da Bíblia em inglês). #

Em nosso estudo da palavra eclesia no Novo Testamento está claro que devemos ser cuidadosos em destacar a palavra igreja dele, para que leiamos em eclesia o significado da palavra igreja, sem preconceitos que possamos ter pelo uso comum da palavra (igreja) hoje em dia. *

Nosso plano, em geral, neste estudo será examinar a palavra antes dos tempos do Novo Testamento usando o contexto imediato para saber seu significado.


EXPLICAÇÃO DOS SÍMBOLOS
(#) - Título do livro - traduzido
(*) - Acrescentado para esclarecimento
(?) - Exemplo irrelevante. Omitido, pois não pode ser traduzido em português com um significado coerente.
(?) - Nota do editor. Pode referir-se ou ser comparado com a Bíblia Corrigida (João Ferreira de Almeida) à tradução do rei Tiago, e a Autoridade em português à Americana Padrão.


Autor: Edward Hugh Overbey
Fonte: www.obreiroaprovado.com

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Práticas Devocionais - PRÁTICA DA DESCOMPLEXAÇÃO

A prática da descomplexação é a arte da soltura consciente e progressiva de amarras relacionadas originalmente ao pecado e a certos problemas pessoais decorrentes da educação e de experiências frustrantes, por intermédio dos multiformes benefícios do evangelho e das terapias do Espírito.

O homem é por demais complicado. Há muitas razões para isso. Os motivos são profundos e intrincados, mas devem ser descobertos e analisados. Sem dúvida, a causa mais remota de toda complicação emocional e mental é esclarecida pelo capítulo da Teologia que trata da queda do homem. Neste ponto, há uma declaração de Salomão muito oportuna: "Deus fez o homem reto, este, porém, procura complicações sem conta" (Ec 7.29, BJ).

O distúrbio individual e coletivo começou quando o homem teve medo de Deus e dele se escondeu por causa da primeira desobediência. Foi quando se viu e se sentiu estranhamente nu e precisou de cintas para se cobrir. Foi quando perdeu para sempre a naturalidade e passou a conhecer o bem e o mal. Foi quando desconfiou do caráter de Deus e rompeu com Ele. Este é o problema básico. Todos os outros problemas têm relação com o chamado pecado original. É extremamente necessário que o homem se liberte de suas complicações ou aprenda a lidar com elas. Se usados correta e equilibradamente, os exercícios religiosos são de grande valia.

NEM VERME NEM PORTENTO

Os inimigos de Jesus trataram-no como verme, e não como homem (Sl 22.6). O pior é quando algumas pessoas se acham vermes. Elas são muito infelizes e difíceis de trato. Elas se dizem miseráveis, incapazes de tudo, reduzidas em extremo. Não se sentem valorizadas. Elas mesmas se diminuem e são diminuídas pêlos demais. Então se escondem. E, às vezes, como reação natural, agridem os outros.

Outros, no entanto, vão para o lado oposto. Se dizem portentos. Contam numerosas histórias de sucesso: fecharam bocas de leões, puseram em fuga exércitos de estrangeiros, escaparam ao fio da espada. Andam empertigados. São acentuadamente arrogantes. Julgam possuir todos os dons e todas as vantagens. Eles mesmos se exaltam e provocam a exaltação alheia.

Nos dois casos há erros grosseiros. Na verdade, ninguém é verme e ninguém é portento. Como pode ser verme, se você é "por um pouco, menor do que Deus" (Sl 8.5), se Ele lhe deu o domínio sobre as obras de suas mãos e de glória o coroou? Não, você não é verme; é nova criatura em Cristo (2 Co 5.17), é santuário do Espírito Santo (l Co 6.19), é filho de Deus (Jo l. 12), é herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo (Rm 8.17), é mais que vencedor por meio de Cristo (Rm 8.37) e é candidato certo à glória de Deus (Rm 8.18). Acabe com essa bobagem, com essa mentira, com esse complexo. Você não é verme, e assunto encerrado.

Mas também não é portento, super-homem nem semideus. Como pode ser portento, se você "não passa de um caco de barro entre outros cacos" (Is 45.9), se você ainda depende totalmente da misericórdia de Deus? Você precisa de Deus para viver, para ser salvo, para vencer a tentação e a provocação, para enfrentar a tristeza e a dor, para chegar à imortalidade, ao novo corpo, aos novos céus e nova terra e à "glória por vir a ser revelada em nós" (Rm 8.18). Você é um vaso de barro, isto é, você é quebrável (2 Co 4.7). Portanto, acabe com esse outro complexo.

NEM ALÉM NEM AQUÉM

A Bíblia ensina que ninguém deve pensar de si mesmo além do que convém, "mas uma justa estima, ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um" (Rm 12.3, BJ). Essa justa estima proíbe também o outro extremo: ninguém deve pensar de si mesmo aquém do que convém. Se você se exalta sem medida, o seu problema é de superioridade. Se você se diminui sem medida, o seu problema é de inferioridade. Ambos são igualmente indesejáveis e desastrosos. É preciso haver honestidade na avaliação de si mesmo. Se você está além da medida, terá de recuar; se você está aquém da medida, terá de avançar. Desse modo você se livrará de muitos sentimentos pecaminosos, desgastantes e feios; orgulho e jactância, no caso de uma avaliação exagerada para mais; e inveja e ciúmes, no caso de uma avaliação exagerada para menos.

NEM TUDO NEM NADA

A vida de Moisés está dividida em três períodos iguais de quarenta anos; quarenta anos na corte de Faraó, quarenta anos na terra de Midiã e quarenta anos nos desertos da Arábia. No primeiro período, Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e tornou-se poderoso em palavras e obras (At 7.22). Ao final do segundo período, encontramos um Moisés complicado, que não quer aceitar a tarefa de retirar o povo de Deus do Egito, sob a alegação de que nunca foi homem eloquente, nem outrora, nem agora, pois é pesado de boca e de língua (Êx 4.10; 6.12, 30.) No terceiro período, Moisés é aquele líder extraordinário que liberta Israel do jugo dos faraós e o conduz às portas de Canaã, não obstante a obstinação do Egito, a cerviz dura do próprio povo e de todas as circunstâncias especiais do êxodo. Foi o pregador inglês Frederick B. Meyer, morto em 1929, quem melhor definiu o pensamento de Moisés nesses três períodos distintos: nos primeiros quarenta anos, Moisés pensava que era tudo; nos segundos quarenta anos, foi para o outro extremo e dizia que não era coisa alguma; e nos últimos quarenta anos, descobriu que Deus é tudo.

O caminho certo não é passar de toda auto-suficiência para nenhuma auto-suficiência, nem vice-versa, mas passar para a suficiência de Deus. É essa importante verdade que Paulo quer transmitir quando afirma; "A nossa suficiência vem de Deus" (2 Co 3.5). Deus provê tudo: as ideias, a força, o poder, os recursos, o livramento, a proteção e a perseverança. E ainda cobre tudo com a sua bênção. Você precisa abrir mão tanto da soberba como da timidez. Para vencer a soberba, você conta com o auxílio da humildade; para vencer a timidez, você conta com o auxílio da ousadia. Essas duas virtudes — a humildade e a ousadia — são fundamentais para a expansão do reino de Deus. Não são opostas. Completam-se.

O CAMINHO DA DESCOMPLEXAÇÃO

Porque o sentimento de inferioridade pode descambar no complexo de inferioridade, que é algo doentio, e porque o sentimento de superioridade é uma forma de supercompensação do complexo de inferioridade — é de todo imprescindível que você seja livre e curado de ambos os problemas o mais depressa possível. A seguir, algumas providências que podem ajudar.

1. Oração
Abra o seu coração diante de Deus em oração perseverante. Ore sobre o assunto até superar o problema. Lembre-se da disposição de Paulo de enfrentar a questão do espinho na carne; "Por causa disto três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim" (2 Co 12.18).

2. Espírito de luta
No que depender de você para remover a dificuldade, esforce-se ao máximo. Veja o conselho de Paulo: "Você era escravo quando Deus o chamou? Não se preocupe com isso. Mas, se você pode se tornar livre, então aproveite a oportunidade" (l Co 7.21, BLH). Não fique parado. Não fique se queixando e se amargurando. Reaja. Faça alguma coisa. Lute.

3. Aceitação
Se Deus disser não a você, como disse á Paulo a respeito do espinho na carne e a Davi a respeito da vida da criancinha, aceite a situação com paciência e alegria. Há certas coisas inevitáveis, irreparáveis, irremovíveis e irreversíveis por causa da desordem geral provocada pelo próprio homem, desde as gerações passadas até agora. Mas isso não é motivo suficiente para destruí-lo. Aprenda a dizer "seja feita a vontade do Senhor" na hora certa e no caso certo, não levianamente, para se desculpar da preguiça, do medo e da acomodação. A não-aceitação significa rebelião contra Deus, que é loucura e só agrava o problema. Não se obrigue a ter necessariamente os mesmos dons, a mesma inteligência, a mesma capacidade, os mesmos recursos ou a mesma história de seus semelhantes. Todos eles também têm as suas limitações e sérios problemas. É Deus quem reparte os dons com os homens a seu bel-prazer. Afaste-se da inveja. Existe sempre a mesma compensação para todos: "A minha graça te basta" (2 Co 12.9).

4. Aproveitamento
Aprenda a transformar a desvantagem em vantagem. Aqueles que estão acostumados a fazer do Senhor a sua força "são capazes de transformar lugares secos em fontes, transformar tristezas e sofrimentos em alegrias e bênçãos, em lugares cobertos de flores e frutos com a chuva da primavera. Sempre que surge uma dificuldade, eles recebem a força de Deus, vão sempre ao templo em Sião para adorar o Senhor". (Sl 84.5-7, BV.) As mais notáveis obras sociais foram realizadas por pessoas que tinham desvantagens e, por causa delas, se aplicaram ao estudo e ao trabalho para diminuir o sofrimento alheio. Lembre-se também de que muitos de seus problemas e complexos são mero resultado de convenções e modismos de uma sociedade divorciada de Deus, que jaz no maligno e não tem autoridade para impor usos e costumes. São coisas banais, mas capazes de transtornar a auto-imagem e a liberdade com que Cristo nos libertou.


Autor: Elben M. L. Cesar

sábado, 16 de outubro de 2010

Práticas Devocionais - PRÁTICA DA ESPERA

A prática da espera é a arte de aguardar tranquilamente a hora de Deus, sem deixar de fazer o que é de nossa competência e sem fazer o que é da competência de Deus, deixando de lado toda impaciência e todo esmorecimento.

Um dos maiores transtornos do homem é não saber nem querer esperar alguma coisa ou algum acontecimento desejado ou necessário. Assim como "a substância ainda informe" (Sl 139.16) gasta nove meses para se transformar em uma criancinha apta para sair do ventre materno e sobreviver fora dele, muitas de nossas carências não são nem podem ser satisfeitas imediatamente, ao toque de uma varinha de condão, como muitos querem. Jesus esperou trinta anos para iniciar seu ministério público (Mt 4.17; Lc 3.23), três dias para ressuscitar de entre os mortos (Mt 16.21) e quarenta dias para ser assunto aos céus (At 1.3).

A DIFÍCIL ARTE DE ESPERAR

A prática da espera é difícil por causa da impaciência, por causa da pressa, por causa da ansiedade, por causa do imediatismo e por causa da curiosidade. É preciso aprender a lidar com todos esses elementos que tornam a espera dolorosa demais, senão impossível. Um erro é não esperar nada, outro é não saber esperar.

O MÉTODO CERTO

É preciso esperar numa atitude de confiança. "Esperei confiantemente pelo Senhor; Ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro". (Sl 40.1.)

É preciso esperar numa atitude de paciência. "Depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa". (Hb 6.15.)

É preciso esperar numa atitude de tranquilidade. "Vou esperar, tranquilo, o dia em que Deus castigará aqueles que nos atacam". (He 3.16, BLH.)

AS TENTAÇÕES DA ESPERA

Na prática da espera, uma tentação é deixar de esperar, abandonar a esperança, cansar-se de uma espera que parece longa demais. Outra é intrometer-se, resolver a questão de qualquer modo, assumir a responsabilidade de providenciar o que estava nas mãos de Deus. As duas tentações se entrelaçam e só causam aborrecimentos. É o caso de Abraão e Sara, que lançaram mão do expediente de Hagar (Gn 16.1-16). É também o caso de Saul, que adiantou-se a Samuel e fez o que não lhe era permitido (l Sm 13.8-15).

ESPERAS COMUNS

A espera é muito mais frequente do que se pensa. E esta longa lista de espera envolve tanto o crente como o descrente. Paulo lidava com as mesmas esperas com as quais lidamos hoje: a espera de alguém (At 17.16; l Co 16.10, 11), a espera de notícias (l Ts 3.5), a espera de uma oportunidade para viajar (l Tm 3.14; Rm 15.23. 24) etc. Em certas circunstâncias, a espera é desgastante. Em uma de suas epístolas, Paulo confessa; "Já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor" (l Ts 3.5).

ESPERAS MUITO ESPECIAIS

1. É preciso aprender a esperar o fim da tempestade, isto é, o fim da provação, o fim da tentação, o fim do período de vacas magras, o fim do infortúnio, como o de Jó ou o de Davi (quando era perseguido por Saul) etc. No caso da tempestade propriamente dita, que caiu sobre o Mediterrâneo na altura de Creta e provocou o naufrágio do navio em que Paulo viajava, a tormenta durou quatorze dias sem sol nem estrelas (At 27.33).

2. É preciso aprender a esperar a hora de Deus. Ele enfeixou em suas mãos os tempos e as épocas e exerce autoridade sobre eles (At 1.7). O relógio humano não é o relógio de Deus.

3. É preciso aprender a esperar a evolução dos acontecimentos. Todos os acontecimentos relacionados com a vida de José, por mais estranhos e injustos que pareçam, tinham ligação com a posição que ele assumiu como governador do Egito (Gn 45.5). Deus está acima da história.

4. É preciso aprender a esperar a resposta à oração. Isaque e Rebeca esperaram vinte anos de oração para finalmente se tornarem pais de Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). Jesus diz que Deus apenas parece demorado em responder às orações (Lc 18.7).

5. É preciso aprendera esperar a direção do Senhor. Nem sempre a direção que parece lógica e certa é a direção de Deus. Paulo queria continuar na Ásia, mas Deus o queria na Europa. Daí a atuação do Espírito impedindo a viagem para Bitínia e o apelo macedônio (At 16.6-10).

6. É preciso aprender a esperar a morte. Há pessoas que estão doentes e "amarguradas de ânimo" (caso de Jó), que estão cansadas de tanto ver prosperar o mal (caso de Elias) ou que estão ansiosas para estar com Cristo (caso de Paulo). Embora já não queiram viver (Jó 3.20-22; l Rs 19.4; Fp 1.23), elas estão proibidas de provocar a própria morte.

ESPERAS ESCATOLÓGICAS

1. É preciso esperar o desenvolvimento da salvação. A salvação é mais do que o perdão de pecados. Daí a palavra de Paulo: "A nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos" (Rm 13.11).

2. É preciso esperara volta de Jesus. A espera é contínua, pois "não sabeis em que dia vem o vosso Senhor" (Mt 24.42; At 1.11).

3. É preciso esperara redenção do corpo, seja pela ressurreição, seja pela súbita transformação do corpo atual. Na verdade, "gememos em nosso íntimo, aguardando [...] a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23).

4. É preciso esperar a glória total. "Os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós". (Rm 8.18, BJ.)

5. É preciso esperar novos céus e nova terra. Esta é uma das promessas de Deus (2 Pe 3.13).

6. É preciso esperar a plenitude do reino de Deus. A oração duas vezes milenar "Venha o teu reino" (Mt 6.10) ainda não foi respondida na sua amplitude. Daí a espera daquele dia quando se dirá: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos" (Ap 11.15).

ESPERAS INDEVIDAS

1. Já não é preciso esperara vinda do Messias. Este foi o erro da mulher samaritana quando disse a Jesus: "Eu sei [...] que há de vir o Messias, chamado Cristo" (Jo 4.25).

2. Já não é preciso esperara efusão do Espírito. Tal derrame já se deu no dia de Pentecostes, pouco depois da ascensão de Jesus (At 2.1-4).

3. Já não é preciso esperar a proclamação do evangelho. Aplica-se a nós o que os quatro leprosos disseram na época de Eliseu: "Não fazemos bem: este dia é dia de boas novas, e nós nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados; agora, pois, vamos, e o anunciemos à casa do rei" (2 Rs 7.9).


Autor: Elben M. L. Cesar 

Eclesiologia - PREPARANDO-SE PARA A CEIA - EXAMINE-SE A SI MESMO - I CO 11.28

“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice”
I Co 11.28

Para tomar a Ceia do Senhor dignamente convém se prepara antes. Como o pão e o fruto da vide foram preparados antemão assim devemos preparar nossos corações para tomar a Ceia do Senhor .

Preparamos-nos para a Ceia do Senhor quando julgamos a nossa consciência diante de Deus. É uma inquisição espiritual quando procuramos esquadrinhar o nosso coração junto a Palavra de Deus (Sl 77.6, “De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou”).

É bom examinar-nos a nós mesmos com a Palavra de Deus pois é um dever imposto, “examine-se, pois, o homem a si mesmo”. Como a páscoa não era para ser comida crua (Ex 12.9) assim devemos chegar à Ceia do Senhor com examinação preparatória dos nossos corações.

É bom examinar-nos a nós mesmos com a Palavra de Deus pois disso o homem velho detesta. A examinação particular com a Palavra de Deus é contrario aos desejos da carne. A auto-examinação mostra sujeira particular e isso não desejamos admitir. É saudável opor da carne. Mortificação da carne facilita que andemos no Espírito (Gl 5.16, “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”). Se subjugar a carne enquanto se busca alimentar o espírito, a vida cristã torna mais íntima com o Salvador. Nisso entendemos que é bom nos examinar a nós mesmos antes de tomar a Ceia do Senhor.

É bom se examinar antes de tomar a Ceia do Senhor pois auto-examinação é necessitada. Existem muitos falsos professos no mundo cristão de hoje (“Muitos me dirão naquele dia ...”, Mt 7 22). Sem uma auto-examinação que faz-se réu descoberto diante de Deus para Ele escrutinar nossos interiores com a Palavra de Deus podemos nos enganamos a nós mesmos naquilo que é mais severo: a eternidade sem a Sua graça ou presença misericordiosa. Por isso é bom se examinar antes de tomar a Ceia do Senhor. De outra forma comemos e bebemos indignamente e isso não é proveitoso (I Co 11.27-32).

É necessário nos prepara espiritualmente previamente pois pretendemos comer “deste pão”, que é excelente. É o pão da Ceia do Senhor, portanto “deste pão” é “do Senhor”. “Deste cálice” é aquele cálice que é perfumado com o amor sacrifical “do Senhor”. Antes de manejar aquilo que representa o Salvador imaculado e Seu sangue precioso, convém verificar se comemos de mãos limpas e bebemos de vida santa.

É necessário pois Deus vai nos examinar. Foi uma pergunta triste quando Jesus indagou: “Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial?” (Mt 22.12). É sábio nos indagar agora quando há tempo, aquilo que Deus vai indagar no futuro quando não terá mais tempo para se preparar. Reconhecer e se arrepender dos pecados ocultos é difícil, mas necessário. Com fogo o Cristão terá suas obras julgadas (I Co 3.11-15) mas a alma lavada no sangue de Cristo será salva. Leve esse fogo de auto-examinação já ao seu seio! Tenha este sangue cobrindo a nudez e vergonha dos seus pecados antes que seja descoberto diante de todos! Quando o cristão é examinado a graça de Deus se manifesta melhor e conforta-o. Todavia, ai daquele que se examine e não se acha a graça de Deus confortando-o! Portanto é bom nos examinar pois Deus vai examinar todos, e também por causa do conforto que tal sondagem traz ao coração – Thomas Watson.

Bibliografia

WATSON, Thomas, The Ten Commandments, Banner of Truth Trust, Carlisle, 1981.



Autor: Pastor Calvin Gardner
Fonte: www.obreiroaprovado.com

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