domingo, 9 de junho de 2013

[Esboços para pregação] AUTORIDADE NO CÉU E NA TERRA - Mateus 28.16-20

Alguns adoram, alguns duvidam, um já tinha caído fora: a situação da igreja dos apóstolos não era muito diferente da nossa. Uma igreja perfeita, na qual tivessem vivido só crentes e santos, nunca existiu. Os apóstolos eram homens sujeitos às mesmas falhas e às mesmas fraquezas que nos perturbam hoje. Bem poderíamos imaginar que Jesus tivesse feito um sermão para eles, nos seguintes termos: "Olhem, meus discípulos, se as coisas vão continuar deste jeito, vocês não vão longe. A união é que faz a força. Nós começamos com doze, e agora já falta um. E, neste momento, alguns de vocês estão duvidando. Entre vocês não pode haver nenhuma dúvida! Se os homens vão notar que vocês, meus discípulos, têm problemas de fé, como é que o evangelho irá conquistar o mundo...?"
  
Mas o que Jesus faz é algo bem diferente. Ele, o Senhor ressurgido, o Filho de Deus glorificado, ele se aproxima deste grupinho de homens, nos quais se misturam a fé e a descrença, e desvia o olhar deles da própria fraqueza para seu poderoso Senhor: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra". Toda a autoridade! Não só um pouco. Não um poder limitado. Nenhuma autoridade parcial reservada à Galileia, à Palestina, ao Império Romano  à civilização ocidental, à sociedade dos brancos. A autoridade de Jesus abrange toda a terra. E ela abrange o céu também. Assim, sua igreja não será nunca uma "sociedade limitada". E não será nunca uma "sociedade anônima , tampouco. Ela tem nome, nome insubstituível, nome santo e eterno: Igreja de Jesus Cristo. Será que nós, os luteranos, os presbiterianos, os católicos, e todos os outros cristãos, não corremos todos o perigo de esquecermos isso? Que só a igreja de Jesus Cristo, ao qual foi dada toda a autoridade, tem a promissão de vencer as portas do inferno? É um lembrete contra qualquer tipo de sectarismo, seja ou não seja etiquetado com o nome de "igreja".

As palavras que Jesus dirige às primeiras comunidades são tão importantes para qualquer comunidade cristã, sim, para toda a cristandade, que deveriam ser o farol, o ponto de referência, em que nos orientamos em qualquer situação e em qualquer emergência de nossa vida cristã. A Jesus Cristo, nosso Senhor, foi dada toda a autoridade, no céu e na terra. Portanto vamos olhar para ele, não para nós. Vamos orientar-nos em seu poder, não em nossa fraqueza. Não vamos assustar-nos dos poderes a das .dificuldades que se vão levantar em nosso caminho. Não vamos orientar-nos em problemas. Problemas são para ser enfrentados, para ser vencidos, mas não servem para orientar. Quem tentar orientar-se em problemas - no problema social, na crise econômica  em problemas de vida e de fé - esse acaba ficando desorientado, acaba sendo um problema ele mesmo (como, aliás, sempre foi). Como ponto de orientação só serve um lugar: é o lugar onde Jesus está. E Jesus não é só para ser olhado em atitude meditativa e respeitosa, ele é para ser ouvido e obedecido. É sua palavra que nos orienta, que nos guia e que nos põe em movimento.

 Se a cristandade sempre tivesse levado a sério esta declaração básica de Jesus, "A mim foi dada toda a autoridade", então não teria havido lutas de poder, separações, rivalidades ou qualquer outra crise de autoridade, no povo de Jesus. A miséria dos cristão começa no momento em que eles deixam de contar com o poder exclusivo e ilimitado de seu Senhor, no momento em que eles olham para o lado, para ver, se não há um lugarzinho mais seguro para se refugiar uma pessoa mais influente à qual recorrer. Se pudéssemos desviar o nosso olhar de tudo e de todos, inclusive de nós mesmos, olhando com fé simples e ingênua para Cristo, o Senhor, aí poderíamos dispensar as muletas que nós mesmos fabricamos. Poderíamos vencer nossas crises de autoridade, nosso cansaço, nossa tristeza, nossa preguiça. Ouviríamos simplesmente a mensagem e obedeceríamos. Enfrentaríamos sem medo os problemas de nosso tempo, confiados exclusivamente no poder e na autoridade de Cristo. O que nos impede, aliás, de fazer isto mesmo?

"Ide portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar tudo o que vos tenho ensinado". Como se faz um discípulo? "Indo", diz Jesus. Não é, pois, ficando no lugar onde estamos, entrincheirados em nossa tradição, para ver se os futuros discípulos virão a nós. Não há nenhuma escola de discípulos localizada em Jerusalém (ou em São Paulo, ou São Leopoldo...). E verdade: numa escola pode acontecer o milagre de se fazer um discípulo; mas tal milagre não pode ser parte de um programa, de um currículo de colégio, nem de seminário ou Faculdade de Teologia. "Ide, portanto", diz Jesus. Você reparou na palavra "portanto"? O que ela significa? Significa algo essencial. Vou usar de uma comparação: você conhece um cortador de grama elétrico? Se não conhece, pode imaginar. A gente vai levando o cortador pelo gramado, e ele vai conosco. Vai cortando enquanto o levamos. Enquanto ele estiver ligado pelo fio elétrico à tomada de força, ele vai cortando grama. Se desligarmos o fio, a lâmina cortadora para. Aí você pode empurrar o quanto quiser. Verá que esta máquina não foi feita para funcionar sem eletricidade. Pois bem, eu afirmo que a palavra "portanto" é o tal fio que liga a máquina à rede elétrica: "A mim foi dada toda a autoridade". Isto é a força. "Portanto": isto é o fio. "Ide fazei discípulos": isso é o cortador de grama que se movimenta na função para a qual foi feito. Se você esquecer este "portanto", vai ser um cristão frustrado. Um cristão emperrado, um cristão que empurra e que se desanima. Com outras palavras: Cristo nos manda ao mundo não como alguém que quer ficar por aí, só para olhar. "A mim foi dada toda a autoridade. Portanto ide". Isso é: vocês vão ser movidos pelo meu poder. Irão revestidos de minha autoridade. Eu sou o que faz andar o evangelho. Permaneçam ligados a mim. Permaneçam em mim! Ide! "Portanto, portanto": Você nota como esta palavra começa a ter peso? "Eu tenho poder - portanto, vai! Portanto põe mãos à obra, vai para a frente com esta tarefa espinhosa. Abre a boca e fala de meu evangelho" Sim, estas palavrinhas pequenas muitas vezes são muito importantes na Bíblia. É como no Salmo 46: "Deus é nosso refúgio e fortaleza... portanto não temeremos". Você já sabe o segredo deste portanto? Poderá ser essencial para você e para os que Deus pôs a seu lado.

Fazer discípulos, batizando-os em nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e ensinando o que Jesus ensinou: É esta a tarefa que Jesus dá aos seus discípulos. Uma tarefa baseada no "portanto" do qual falamos.

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