sábado, 27 de agosto de 2011

[Mordomia Cristã] A MORDOMIA DA MENTE E DO ESPÍRITO

Texto Áureo: 
Colossenses 3:1 
Leitura Devocional: 
Salmo 19:7-14 

Neste estudo nos ocuparemos da mordomia da mente e do espírito. Esses três aspectos de nossa vida estão muito relacionados. Nenhum deles pode existir isoladamente, e cada um afeta profundamente os outros. É do desenvolvimento harmônico desses poderes que vem a nossa felicidade. 

1. MORDOMIA DA MENTE 

1. A mente humana é um tesouro dos mais preciosos
Às vezes nos achamos pobres, sendo possuidores de um corpo tão maravilhosamente feito e de uma mente capaz das mais elevadas realizações! Somos ricos, riquíssimos mesmo, e devemos usar, como mordomos fiéis, esta riqueza que não se conta em dinheiro, mesmo porque ultrapassa tudo o que o dinheiro possa comprar.
Tomemos, por exemplo, uma atividade da mente - a memória. Por ela armazenamos uma multidão de fatos e coisas. Não é algo para render graças a Deus, esta capacidade que temos de guardar cada dia as informações e experiências recebidas, para depois de dezenas de anos, voltarmos a este depósito, abrirmos-lhe a porta e vivermos de novo a experiência que ali ficou guardada por tanto tempo?

2. Temos o dever de desenvolver nossos poderes mentais
O poder extraordinário da memória, Deus nos entregou, com os múltiplos outros da mente humana, para nosso uso. É nossa obrigação desenvolvê-los, visto que a mente humana tem uma capacidade incalculável de expansão. O crento que não procura crescer mentalmente, adquirir conhecimentos, educar e preparar-se para um serviço maior a Deus e ao mundo, está pecando contra uma das suas mais gloriosas oportunidades. O trabalho de Deus exige mentes vigorosas e bem treinadas.

3. Alguns exemplos bíblicos
Consideremos alguns vultos da Palavra de Deus, e vejamos como se prepararam para o serviço de Deus.
Moisés foi instruído em toda a ciência do Egito, que era a mais adiantada daquele tempo. Quando Deus o chamou, estava preparado para a sua difícil tarefa.
Isaías podia profetizar no palácio real e escrever seu maravilhoso livro porque tinha sido equipado espiritualmente e intelectualmente para esse serviço.
Daniel veio a ocupar a posição privilegiada de vice-rei, porque foi educado com os maiores mestres da Babilônia.
Paulo foi poderoso escritor e pregador, preparado aos pés de Gamaliel, o maior educador dos seus dias.
Um Moisés, um Isaías, um Daniel e um Paulo são, na verdade, produtos da graça de Deus, e não podem ser explicados somente do ponto de vista intelectual. O poder de Deus opera sobre cérebros bem equipados para os misteres que lhes foram confiados.
Para o crente, o desenvolvimento intelectual não é facultativo e sim necessário. Trata-se de um talento que Deus lhe deu, que ele não pode enterrar sem graves prejuízos para si e para o reino de Deus. Qualquer que seja a tua atividade, meu irmão, mesmo que seja braçal, tens uma mente que precisa ser exercitada para a glória de Deus.

4. Inimigos da mente
Lembra-te dos inimigos da mente que procuram destruí-la e inutilizá-la. A mente deve dominar o corpo, e não o corpo dominar a mente. O corpo é servo da mente e, não, senhor. Não permitas que Satanás a domine. Sansão deixou-se dominar por Dalila. Aos poucos foi cedendo terreno, até que se viu derrotado nas mãos do inimigo. Assim Satanás investe contra nossas mentes com insinuações malévolas. Expulsemo-las antes que elas nos vençam. Um ditado inglês diz que não podemos evitar que um pássaro pouse em nossa cabeça, mas podemos impedir que ele aí faça seu ninho. Conservemos nossa mente sempre provida de alimento próprio - pensamentos nobres, atitudes dignas e desejos puros. "Se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima... Pensai nas coisas que são de cima". Cl. 3:1-2. Este é o melhor antidoto para as investidas do diabo.
Disse alguém que não se pode varrer a escuridão de um quarto, mas pode-se acender a luz e assim afugentá-la. Paulo nos dá uma lista preciosa de atitudes que podemos manter, com as quais encheremos nossa mente de tal forma que não haja nela lugar para qualquer coisa menos digna.
Meditemos nessas atitudes: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor nisso pensai". Fl. 4:8.

2. A MORDOMIA DO ESPÍRITO

1. A predominância do espírito
As forças mais poderosas dentro de nós são as de natureza espiritual. Elas é que devem dominar as forças físicas e mentais, e determinar o caráter de nossas ações. No incrédulo domina o corpo, no crente, o espírito. "Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o espírito para as coisas do espírito". Rm. 8:5.
Alguém comparou o corpo, a mente e a alma, às tres divisões do templo judeu. O corpo corresponde ao átrio dos gentios, à parte externa; a mente é o lugar santo, onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios; a alma é representada pelo santo dos santos, ou lugar santíssimo, onde o sumo sacerdote penetrava, uma vez por ano, para interceder pelos pecados do povo. Aí se encontrava a arca do concerto, símbolo da presença de Deus.

2. Nosso dever de crescer
Temos o dever de crescer constantemente na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, II Pe. 3:18, assim robustecendo nossa alma com os manjares celestiais que o Senhor nos providencia.
Não há poderes, quer do corpo, quer da alma, que se desenvolvam sem exercício continuado e metódico. Se não podemos descurar de nossos poderes físicos e mentais, muito menos podemos fazê-lo com os poderes espirituais. Seria uma anomalia encontrar crentes de físico forte e mente bem treinada cujas almas vivessem raquíticas, por falta de alimento adequado e suficiente. A verdade é, porém, que encontramos crentes cujo crescimento espiritual está em desproporção flagrante com o crescimento físico e mental. Todos temos de lutar contra a tentação de negligenciar o alimento que vem do céu, o tônico fortalecedor da nossa vida espiritual.

3. Recursos à nossa disposição
Deus colocou à nossa disposição recursos abundantes para o nosso desenvolvimento, dentre os quais salientamos três: o estudo da Bíblia, a prática da oração e uma vida de serviço na causa do Mestre.
1. A Bíblia - Manancial perene de inspiração e fonte inesgotável de poder para retemperar a alma do crente, ela deve ser procurada cada dia. Seus ensinos são para o nosso coração "mais doces do que o mel e o licor dos favos...e em os guardar há grande recompensa:. Sl. 19:10-11.
2. A oração - Que mordomo, desejoso de fazer a vontade de seu senhor, não o procura para resolver problemas, para traçar planos, para ouvir seus conselhos, para palestrar sobre interesses comuns? Deixaríamos nós, mordomos do Rei eterno, de confabular com ele sobre os interesses do seu reino? Deixaríamos de buscar sua orientação sábia e segura para nos desempenharmos galhardamente na nossa mordomia?
3. O serviço - Em geral costumamos considerar os benefícios que recebemos como resultado da nossa aceitação de Cristo. Deveríamos antes pensar nos benefícios que podemos trazer aos outros, pelo fato de sermos crentes. Pedro diz que a nossa vida, antes da experência redentora, era uma vida vã, fútil e vazia de significação. II Pe. 1:18.
Cristo transformou-nos e assim nós que, como Onésimo, éramos outrora inúteis, nos tornamos muito úteis, Fm. 11. Nossa vida agora tem um propósito, um objetivo - vivemos para servir aquele que nos resgatou pelo preço do seu sangue.
Não há privilégio maior que o de trabalhar na seara divina. Seres imperfeitos, cheios de limitações, somos convidados a cooperar numa obra de valor eterno, que influencia as vidas neste mundo e pela eternidade em fora.
Os psicólogos modernos têm verificado que a grande necessidade de homens e mulheres, com problemas de toda sorte é lançarem-se de corpo e alma ao serviço de uma causa nobre. Para os problemas da personalidade, Jesus já tinha a solução que os psicólogos hoje procuram, quando disse: "Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á", Mt. 16:25. O homem que quiser uma vida normal e feliz, tem de vivê-la com a mente voltada para fora, e não para dentro de si mesmo. Toda a espécie de infelicidade é causada pelo egoísmo. Quando o homem coloca Deus e o próximo como objetos de sua atenção, quando se dispõe a "perder" a sua vida num serviço alegre e desinteressado, há de descobrir a chave que abre as portas de uma vida feliz. Crentes-problema se transformarão em crentes-bênção no dia em que lançarem mão do arado, conservando os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da fé, Hb. 12:2.

4. Saúde espiritual
Existem certos elementos essenciais à saúde do corpo, chamados vitaminas. A ciência descobriu que a falta dessas vitaminas no organismo, produz certas deficiências, que podem ocasionar graves males ao corpo humano. Por isso, quando o médico verifica certos sintomas no doente, receita vitaminas para corrigir o mal. 
Da mesma forma existem enfermidades da alma, que são provocadas pela falta de certos elementos na vida do crente. O crente deve orar ao Médico divino, que o ajudará a descobrir a causa da sua fraqueza espiritual, e como corrigi-la.
Na medicina, as vitaminas são conhecidas pelas primeiras letras do alfabeto. Na medicina da alma, as vitaminas vão até à ultima letra.

Examine a lista abaixo, veja qual a sua carência, e tome diariamente as vitaminas que Deus lhe indicar, quando de suas orações a ele: 

A mor - Rm. 13:8
B ondade - Rm. 12:20
C onsagração - Rm. 12:1
D iligência - Pv. 22:29
E ntusiasmo – Is. 41:6
F é – Mc. 11:22
G ratidão - Sl. 116:12
H umildade - I Pe. 5:6
I ntegridade - Dn. 1:8
J ovialidade – Fl. 4:4
L ealdade - I Cor. 4:2
M ansidão – Sl. 37:11
N obreza – At. 17:11
O bediência - I Sm. 15:2
P ureza – Pv. 22:11
R etidão – Sl. 119:1
S antidade – Hb. 12:1, 12-14
T rabalho – Mt. 21:28
U nião – Cl. 2:2
V isão – Jl. 2:28
Z elo - II Cor. 9:2 

PERGUNTAS PARA REVISÃO
1. Qual é o dever do crente em relação aos seus poderes mentais?
2. Discorra sobre os inimigos da nossa mente.
3. Mencione alguns recursos à nossa disposição para nos desenvolvermos espiritualmente.
4. Tente recordar-se dos elementos necessárias à nossa saúde mental e espiritual. Se possível, mencione as passagens. 

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Autor: Walter Kaschel
Tradução: David A Zuhars
Fonte: www.obreiroaprovado.com

sábado, 13 de agosto de 2011

[Esboço para pregação] CÉU ABERTO PARA VOCÊ (2)

Mateus 3.13-17 
Leitura Complementar: 
Salmo 42 

Nosso texto nos fala de João Batista, o homem que preparou o caminho de Jesus. João não se acha no centro daquilo que acontece. No centro está Jesus. Mas antes de nos dirigirmos a este centro, queremos demorar-nos, por alguns instantes, junto àquele homem simples e rude, vestido de roupa grosseira, que parece mais ser um profeta do Antigo Testamento, transposto para o Novo. Ele é um pregador, um homem de fala rude, grosseira como sua própria roupa. Fala do Reino de Deus, que vem chegando; fala do juízo do qual ninguém vai escapar; chama os homens ao arrependimento. Diz que ninguém se fie em sua religião herdada, que ninguém se fie no fato de ser filho de Abraão. Diz que Deus é capaz de criar filhos a Abraão "destas pedras". Diz que o machado já foi colocado à raiz da árvore, pronto para abatê-la: "Arrependei-vos, porque está próximo o Reino de Deus." E quando observa que, entre a multidão que se ajunta em redor dele, às margens do Rio Jordão, onde ele batiza os que se arrependem, se encontram muitos fariseus e saduceus, ele lança ao rosto destes líderes religiosos: "Raça de cobras! Quem vos levou a fugir da ira vindoura?" 

Um homem incômodo, este João Batista. Ele não põe nenhum mel nos lábios de seus ouvintes. Não trata os abscessos purulentos da injustiça com pomadinhas bem cheirosas. Ele corta o abscesso, abre o furúnculo, fazendo o mal aparecer em toda a sua gravidade. Apesar disto, uma multidão o rodeia. Um movimento de arrependimento, um despertamento em grande escala se inicia. O povo confessa publicamente o seu pecado, pedindo para ser batizado por João. É como se a terra fosse sendo virada, revolvida e preparada para receber a semente do evangelho.

O próprio João ainda não conhece o evangelho. Ele batiza com água, pregando o arrependimento e o juízo. Sabe e diz que o Cristo, que há de vir, batizará com fogo e com Espírito Santo. Sabe e diz que o Cristo será maior que ele. Sabe e diz que ele, João Batista, nem é digno de levar as sandálias do Messias, pelo qual ele espera. João Batista tem, portanto, uma ideia bem definida de Cristo, tem uma imagem dele: a imagem do homem de Deus, com o machado à mão, pronto para derrubar a árvore da injustiça. Esta imagem, por certo, não era nenhuma fantasia. João Batista era profeta, e os profetas não costumam seguir nem fantasias, nem sonhos. Mas agora acontece uma coisa inesperada. Quando João se encontra com o próprio Cristo, ele vê que a imagem que dele tinha feito precisava ser corrigida.

Antes de tudo, João Batista se choca, sim, se escandaliza, por uma coisa: Jesus se aproxima dele misturado ao povo. Sem explicar coisa alguma, ele se coloca na fila dos pecadores, bem no meio desta "raça de cobras", entre os fariseus fingidos e os funcionários corruptos e pede para ser batizado junto com eles. João Batista compara este Jesus de Nazaré com a imagem que ele tinha do Cristo em sua ideia, e diz: não poder ser. Ele quer convencer Jesus de que não é conveniente o que ele deseja. Quer fazê-lo mudar de ideia: "Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?"

Vamos confessá-lo: bem no íntimo, entendemos muito bem este João Batista. Jesus realmente ia fazendo uma coisa chocante e inesperada. É que nós também temos uma imagem de Cristo, imagem que se choca com o Cristo verdadeiro, imagem que precisa ser corrigida por ele. Talvez tenhamos dele uma imagem de pastor de ovelhas, de olhar doce, que leva um cordeirinho nos braços. Talvez, para nós, seja o grande milagreiro, do qual esperamos ajuda em nossos problemas pessoais. E, quando nos encontramos com o Cristo verdadeiro, notamos que esta imagem não confere. Notamos que a relação pessoal com Cristo transforma a imagem que tínhamos dele. E a coisa mais chocante, outrora como hoje, é que Jesus realmente se coloca na fila dos pecadores, que ele não fica pairando no alto, anunciando o juízo justo sobre esta humanidade perversa, mas que ele sofre o juízo, junto com os pecadores que o rodeiam. Em verdade, Jesus, quando diz "Assim nos convém cumprir toda a justiça", já se acha voltado em direção à cruz, iniciando seu caminho de humildade, de obediência e de sacrifício.

Sim, João Batista teve que aprender uma lição muito dura. A sua imagem de Cristo sofreu uma mudança tremenda. Em realidade, esta imagem foi derrubada. Foi substituída pelo Cristo real. E neste ponto poderemos aprender uma coisa importante deste rude pregador. Ele não se agarra à imagem de Cristo que tivera antes. Ele se deixa corrigir. Faz o que Cristo lhe diz, mesmo que não o compreenda. Batiza com as águas turvas do Jordão aquele que iria batizar os homens com fogo e com Espírito Santo.

E agora nos voltemos de João Batista para o próprio Cristo. Voltemo-nos ao centro de nosso texto. Ou será que já estamos lá? O próprio João Batista não nos mostra o caminho? Ele não deixa que Jesus se misture com os pecadores? Ele não deixa Cristo tomar conta da situação? Em verdade, ele o faz. Façamos nós o mesmo e olhemos para aquele, ao qual o rude pregador do deserto nos acaba de preparar o caminho.

Depois de batizado, depois de "cumprida toda a justiça", "Jesus saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: liste é meu Filho amado, em que me comprazo".

Uma voz do céu? Para nós, pessoas do século vinte e um, é duro aceitar isto. Não só por ser difícil de imaginar, por contrariar a nossa experiência de cada dia. Mas, pensamos, mesmo que seja! Mesmo que sobre Jesus o céu esteja aberto, que ele tenha comunhão direta com o Pai, que ele realmente seja o Filho amado, que é que tem isso comigo? Comigo, que vivo num mundo diferente, um inundo, sobre o qual o céu parece fechado de vez, um inundo cheio de desarmonia e de desgraça? Pensamos nas injustiças e nas maldades que se nos apresentam em cada noticiário de televisão ou de rádio; pensamos em iodas estas coisas angustiantes que pairam sobre nós como nuvens escuras, fechando o céu, escondendo Deus! Pensamos nos acidentes de tráfego, na miséria dos pobres, nos matrimónios destruídos, na juventude revoltada, no grande circo que estão fazendo para tirar o dinheiro do bolso das pessoas! Será que esta mensagem do céu aberto ainda tem cabimento? Para nós, pelo contrário, o céu parece trancado a chave, apesar dos voos espaciais que os homens realizam. O primeiro astronauta, o russo Gagarin, não teria tido razão, quando afirmou que lá, nas alturas, não viu nada de Deus? A ciência, a técnica com todas a suas invenções, não foi tapando mais e mais aquele céu para nós, no qual acreditamos na infância, de tal forma que hoje nem sabemos mais se ele existe?

Mas o que acabamos de descrever é o que pensa o descrente. Você dirá, com razão, que precisamos olhar para a igreja, quando nos pomos à procura do céu. Não é ela que nos deve apontar a abertura do céu? Sim, ela deve. E esta a sua tarefa. Sua única tarefa. Mas, ela não é dona desta abertura. A igreja não abre o céu para ninguém. Até poderá acontecer que a própria igreja entre em crise, que ela se envolva em todos os problemas da terra e que se esqueça totalmente de apontar para o céu aberto. E então surgem os fariseus, os acusadores, que, no dizer de Jesus, "fecham o céu para os homens". E não acontece que o nosso próprio rosto tantas e tantas vezes reflete um céu fechado, assim como um lago reflete as nuvens escuras, num dia chuvoso?

Agora ouçamos com atenção: a tarefa da igreja não é dizer que sobre ela o céu está aberto. Nem dizer que ela é capaz de abrir o céu. A tarefa da igreja é pregar a mensagem (incrível, se o Espírito Santo não a comprovar) de que o céu está aberto sobre Jesus. Sobre aquele Jesus que entrou na fila dos pecadores, que se deixou batizar com eles, que sofreu por eles, que os amou até a morte, que ressurgiu e subiu ao céu, mantendo o caminho aberto para os pecadores, dos quais se tornou irmão. Compreenda este segredo maravilhoso: se o céu está aberto sobre Jesus, e se Jesus se põe ao lado do pecador, então o céu também está aberto sobre o pecador que se põe ao lado de Jesus. Então o céu pode estar aberto, aqui e agora mesmo, sobre você e sobre mim. Basta reconhecê-lo, na fila, e aceitá-lo como Salvador. Então este nosso mundo, cheio de realidades contraditórias, cheio de maldade e perversidade, mudou de natureza. Então há esperança para o mundo. Então não permanecerá uma realidade fechada, obscura, ameaçadora. Então o evangelho foi realmente implantado neste mundo: quando uma pessoa chega a crer, quando ela se põe a seguir Jesus, no caminho da obediência, aí Deus lhe diz, assim como disse a Jesus: "Este é meu filho amado". E o céu deixará de ser fechado para ele.

Será que poderemos guardar segredo desta notícia gloriosa? Se nós realmente chegarmos a conhecer o lugar onde o céu está aberto, então vamos passar a notícia adiante. Vamos orar "Pai nosso que estás no céu", não apenas: "Meu Pai que estás no céu". Porque Jesus também não disse apenas "Meu Pai". Ele disse "nosso Pai". Em todos os sentidos, ele incluiu a você e a mim no seu povo, povo que salvou da perdição.

E se você perguntar: Onde acontece isso? Onde posso ler essa experiência maravilhosa? Eu lhe responderei: Muito perto de você. Não é que precise ir às margens do rio Jordão para ver o céu aberto. Na oração, na leitura da palavra de Deus, na comunhão do culto dominical, no Batismo e na Ceia do Senhor, na prática do amor de Cristo. Deus continua abrindo o céu sobre Cristo, o seu Filho, no qual pôs a sua complacência, para toda a eternidade.

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Autor: Lindolfo Weigärtner

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

[Esboço para pregação] CARTA DE DEUS

2 Timóteo 3.10-16 
Leitura Complementar: 
Salmo 119.165-176 

Quantas bíblias há? Ora, há milhões, em centenas de línguas diferentes. E em realidade há uma Bíblia só. É a palavra de Deus. É a descrição daquilo que Deus fez, criando e mantendo o mundo, seguindo suas criaturas extraviadas para salvá-las, revelando-se em Jesus Cristo, abrindo por ele o caminho da salvação para todos os que o quiserem aceitar. 

Sim, graças a Deus: há uma Bíblia só. Não é verdade que há uma Bíblia protestante e outra católica. As pequenas diferenças de tradução, a inclusão de algumas páginas a mais, no Antigo Testamento, não têm importância alguma. Deus seja louvado por termos este tesouro em comum: a Bíblia Sagrada. Ela vai permanecer a base de nossa fé. Nela Deus explicou com clareza qual a sua vontade e quais os seus planos. Católicos, protestantes, seitas, crentes e descrentes, todos precisam enfrentar esta realidade: este maravilhoso livro é um só. Sua mensagem é uma só, e é uma mensagem dirigida a todos, por igual. Ninguém tem o direito de fazer com este livro o que bem entende. Deus é o Senhor deste livro. Cristo é o seu conteúdo. O Cristo, ainda encoberto no Antigo Testamento, e revelado no Novo. Assim, ao lermos a Bíblia com fé, vamos notando que já não são as letras dela que falam. É Deus mesmo que nos vai chamando, que nos vai orientando, consolando e fortalecendo. É por isso que o evangelista João chama Jesus de "Palavra de Deus", ou "Verbo de Deus". É importante que o compreendamos: a Bíblia não é nenhuma coleção de sabedorias religiosas ou de doutrinas a respeito de Deus. Nela se revela o próprio Deus pessoal. O Deus, que em Cristo se tornou homem. 

Quantas bíblias há? Uma só, como acabamos de dizer. E, no entanto, de certa forma podemos afirmar que há duas bíblias. Ou, ao menos, que há uma cópia viva da Bíblia Sagrada, um espelho, no qual se reflete o evangelho. Esta cópia, este espelho, esta explicação viva da Escritura Sagrada são os cristãos. O apóstolo Paulo chegou a escrever à comunidade de Corinto (2 Coríntios 3.2-3): "Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações e lida por todos os homens, estando já manifesta como carta de Cristo, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente". 

Há quem diga que hoje em dia os descrentes não são mais convertidos com a simples leitura da Bíblia Sagrada; que eles são convertidos com a leitura daquela carta de Cristo, que é uma comunidade viva, criada e guiada por seu Espírito. Não vou dizer que aqueles que assim falam estejam com toda a razão. Eles só têm razão em parte. Porque ninguém deve separar estas duas cartas. A carta da Bíblia, documento dos grandes feitos de Deus no passado, e a carta viva de uma comunidade onde o mesmo Deus hoje vai realizando e cumprindo suas promessas e onde vai escrevendo sua vontade nos corações de seus filhos. Deus não tem duas vontades diferentes. Ele tem uma vontade só. A vontade de Deus revelada na Escritura Sagrada é a mesma que ele manifesta através de suas cartas escritas hoje, nos corações dos crentes, através de seu Espírito Santo. E, sempre que estas duas cartas não combinarem, devemos ficar alertas. Então há algo errado, ou com nossas vistas, que talvez se tornaram fracas ou míopes e que não enxergam mais direito o que está escrito na Bíblia, ou, então, a carta de Cristo ao mundo, a carta viva, que é a sua comunidade, foi sendo borrada, manchada e tornada ilegível pela descrença. 

Vejamos o que o apóstolo Paulo diz em nosso trecho bíblico, que lemos há pouco. Talvez, leiamos mais uma vez a passagem toda, bem atentos ao que ele diz das "duas cartas" de que falamos. 

Notamos que, na primeira parte de nosso trecho, Paulo fala de si mesmo, de seu ensino, seu procedimento, sua paciência, seu amor, sua fidelidade. Fala de seus sofrimentos e da perseguição que sofreu. Diz que todos os que querem servir a Cristo sofrem contrariedades e perseguição. Quem não conhece bem as cartas do apóstolo, até poderia pensar que ele vai pregando a si mesmo, colocando a sua própria pessoa como exemplo a ser imitado. Mas isto, em realidade, não acontece. Na mesma carta aos Coríntios (2 Coríntios 4.5), da qual já falamos, Paulo diz: "Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus." Pois é isso mesmo que nós precisamos enxergar para entendermos bem esta passagem. Paulo não se prega a si mesmo. Ele apenas descreve um servo de Jesus Cristo. Nada mais e nada menos. Ele diz a verdade. Não exalta a sua própria pessoa. Ele exalta Jesus Cristo, seu Senhor. Exalta-o com sua vida e com seu testemunho. Paulo passou a ser uma carta viva de Jesus, que podia ser lida e entendida até por analfabetos. Quem via a sua fé, sua paciência, sua firmeza na perseguição, era levado a perguntar: De onde este homem tem tudo isso? De onde recebe a sua força? Qual é o segredo de sua vida? Por que é diferente dos homens "perversos e impostores que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados"? E se houver, na vida de Paulo, um passado escuro (e sabemos que houve mesmo), que aconteceu com ele? E então os que liam esta carta, a saber, a vida de Paulo, daquele Paulo regenerado, nascido de novo pelo Espírito de Deus, esses iam sendo atraídos, puxados realmente para junto de Jesus. Quer dizer que não ficavam agarrados ao servo de Jesus, que era Paulo. Eles não eram cegos! Viam bem que este homem era um pecador. Paulo mesmo não negava que era um homem com defeitos e fraquezas, um homem como eles mesmos. Mas eles viam o que Cristo tinha feito dele e o que ele continuava fazendo dele e por ele. E assim eles liam esta "bíblia", nesta carta manifesta de Cristo, e passavam a procurar a fonte, da qual se alimentava aquele servo de Jesus. 

E é o próprio Paulo que lhes indica esta fonte. Ele escreve a seu jovem amigo Timóteo: "Desde a infância conheces as Sagradas Letras (isto é, a Bíblia, no caso, o Antigo Testamento), que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus". 

Aqui temos a chave para a compreensão de nossa passagem bíblica. O servo de Jesus dá o testemunho de sua vida. Ele deixa que outros leiam a carta que Jesus escreveu através do trabalho, do testemunho, do amor, do serviço obediente de seu servo Paulo. Mas não fica por aí. Ele leva os seus irmãos a beberem da mesma fonte da qual ele bebeu, e da qual ainda está bebendo. Se não fizesse isso, se apenas convidasse as pessoas a beberem do copo dele, ele não iria longe. O seu copo ficaria vazio. Ele acabaria não tendo mais água nem para si mesmo. 

Os que distribuem água em tempo de seca precisam ir à fonte mais vezes do que qualquer outra pessoa. Mas não basta que eles vão para matarem a própria sede e para irem buscar água para outros. Eles precisam mostrar o caminho para a fonte a todos os sedentos. Senão eles acabam se matando de tanto correr para cá e para lá. Foi isso mesmo que Paulo fez com Timóteo. Ele lhe indicou o seu exemplo, deixou que lesse aquela carta viva de Cristo. Mas não parou nisso. Indicou-lhe a fonte, a Sagrada Escritura, e o Senhor desta Escritura, o próprio Deus, revelado em Jesus Cristo. "As Sagradas Letras podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Jesus Cristo." Entendamos bem: ele não diz que a Bíblia salva; diz que a salvação vem pela fé em Jesus Cristo. Mas a leitura da , Bíblia nos torna sábios para esta salvação. E isso realmente não é pouco. 

Tendo entendido isto, não nos vamos mais chocar com aquilo que Paulo continua dizendo: que a Escritura é "inspirada por Deus e útil para o ensino e para a educação na justiça...". Ele não nos convida a brigarmos por causa de letras e palavras da grande carta de Deus. Não nos permite jogar uma passagem contra outra, nem apoiar uma passagem com a outra, como se a Bíblia necessitasse de inspiração por parte de nós. Anuncia que Deus é o Senhor de toda a Sagrada Escritura e que importa acharmos, ouvirmos e obedecermos a ele, que nos vai falando através da mensagem que inspirou. Quer que leiamos os detalhes da Grande Carta, mas não quer que nos fixemos em detalhes, perdendo de vista o centro da Bíblia. Pois o centro da Bíblia é a comunicação de que Deus nos ama. Que ele deu o seu próprio Filho para que nós, os perdidos, pudéssemos ser salvos. Essa é a mensagem resumida da Bíblia, é o todo dela. É a mensagem inspirada que Ha contém. Mensagem que realmente é infalível. A gente pode confiar nela. É palavra de Deus. Palavra de Deus, que não engana ninguém. Porque Deus é o Deus da Verdade. 

E o que tudo isso tem comigo? Muito. Entendendo que a Bíblia é realmente a carta de Deus para o mundo todo, ela também o é para mim. Desprezando este livro, não n brindo e não lendo a carta de amor que Deus dirigiu a mim, estarei desprezando o próprio Deus. 

E a carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo nos corações dos cristãos? Não a poderei desprezar tampouco. Será para mim uma questão de vida ou de morte seguir ou não seguir o exemplo dos servos de Jesus, em cuja vida eu estou lendo, como se fosse uma carta aberta. Será decisivo para mim que eu aprenda a ler esta carta viva de Cristo, conferindo o resultado da leitura com o que Deus me diz na Bíblia Sagrada. 

E, afinal, o que importa é que eu mesmo me torne uma tal carta de Cristo, uma bíblia viva, que, com seu exemplo e com sua obediência, oferece orientação e apoio àqueles que estão tateando no escuro. Há pessoas que estão desejando ardentemente ler uma tal carta, não borrada, não falsificada, simples e clara, um comentário vivo da grande carta de amor de Deus, a Sagrada Escritura.

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Autor: Lindolfo Weingätner

terça-feira, 9 de agosto de 2011

[Perguntas e respostas] QUEM PODE DAR A INTERPRETAÇÃO CORRETA DA BÍBLIA?

Atos 17.10-12

Que tipo de linguagem encontramos na Bíblia? Será uma linguagem hermética e dirigida a pessoas especiais? Alguns acham que só pessoas "iniciadas" podem interpretar um livro sagrado. Outros acreditam que só uma instituição ou uma pessoa autorizada tem condições de dar uma interpretação oficial das Escrituras. Mas será que isso é verdade? Aqui vemos que quando Paulo pregou o evangelho na cidade de Beréia, os bereanos não aceitaram tudo o que ouviram sem examinar as Escrituras para confirmar o que ouviam. Isso nos ensina que qualquer pessoa tem o direito e a responsabilidade de interpretar a Bíblia. Deus usou linguagem comum nas Escrituras para que qualquer pessoa pudesse ter acesso à verdade divina. Naturalmente, isso não quer dizer que qualquer um pode ver no texto bíblico aquilo que não está lá. Leia também o texto bíblico de 2 Pedro 3.14-16.

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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

sábado, 6 de agosto de 2011

[Perguntas e respostas] QUE ATITUDE DEUS ESPERA DE NÓS COM RESPEITO À SUA PALAVRA ESCRITA?

Josué 1.7-8

A Palavra escrita de Deus é a nossa orientação segura. Josué possuía apenas a lei de Moisés em sua época. Hoje, temos a Bíblia inteira para nos dar orientação sobre a vontade de Deus para nos dar orientação sobre a vontade de Deus para a nossa vida. Sem dúvida alguma, nossa atitude deve ser de obediência à Palavra de Deus. Nem sempre sempre acharemos fácil aceitar todos os seus conselhos; muitas vezes, teremos certeza de que nossas idéias são melhores do que as de Deus. No entanto, mais cedo ou mias tarde descobriremos que Deus tem razão. Procure meditar na Palavra de Deus e obedecer à vontade do Senhor.

Reflexão:
Quanto vale a obediência à verdade?
Certo homem trabalhava na estrada de ferro, sempre acompanhado de seu filho querido. Certa ocasião, o menino achou algumas pedras bonitas e reluzentes e distraído, passou a procurar mais pedras que brilhavam. Enquanto vasculhava entre os trilhos não percebeu a aproximação de um trem a 60 quilômetros por hora.  Quando o pai contemplou o quadro e percebeu a vida do filho em perigo, gritou com toda a força: "Paulinho, deite-se no chão"; imediatamente o menino deitou-se entre os trilhos, e de olhos fechados ouviu o barulho ensurdecedor do trem que passava a alguns centímetros acima de sua cabeça. Passado o susto, o menino correu para o pai, que, feliz, abraçou o filho que sabia o que era obedecer.

Se obedecer a uma autoridade terrena pode representar a diferença entre a vida e a morte, quanto mais obedecer ao Pai Celestial.

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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

[Esboço para pregação] HÁ TEMPO DE AMAR

João 12.1-8
Leitura Complementar: 
Salmo 118.1-9;25-29

Será que Judas não tem razão? Ele reclama. Ele está indignado. Protesta contra um ato de desperdício sem igual, cometido frente a Jesus, um ato que até envolve a própria pessoa do Mestre. Judas é tesoureiro dos discípulos. Ele precisa ver, dia por dia, como ajunta o dinheiro necessário para comprar o pão e os peixes e o que mais faz falta para a manutenção de Jesus e de seus companheiros. Ele é que sabe calcular! Calcular para ele é a coisa mais importante da vida. Não admira que tenha logo reparado naquele vidro de perfume de nardo que Maria, irmã de Lázaro, levava nas mãos. É uma fortuna, aquele vidro. Vendido em casa de rico, poderá render trezentos denários. Trezentas moedas de prata! Era o que um trabalhador ganhava em um ano inteiro! Daria para as despesas de um mês, nesta sua pequena comunidade ambulante, mais uma porção de coisas, como esmolas por exemplo, e um reforço de sua caixinha particular, quem sabe, cai-xinha que ele mantinha em segredo, como garantia, caso aquele movimento de Jesus falhasse...

O que esta mulher fez é uma loucura! Quebrar aquele vidro caríssimo, derramar aquele bálsamo precioso, aquele perfume estrangeiro sobre os pés de Jesus: isso doía! Doía a um homem que sabia calcular, como ele. E depois de gastar aquela fortuna, depois de gastar à toa aqueles trezentos denários, esta Maria ainda faz outra loucura, outra coisa imprópria, que nunca se ouviu: enxuga os pés de Jesus, ainda molhados do perfume precioso, com os próprios cabelos! Não, isso tudo é passar do limite do bom senso. Judas se revolta. Ele resolve abrir a boca. Desta vez ele vai falar. É verdade, vai ser um escândalo, reclamar no meio do banquete que esta Maria, sua irmã Marta e seu irmão Lázaro estão dando para eles. Mas ele não pode ficar calado. E fala: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?"

Vamos parar um pouco aqui. Vamos ignorar que Judas é um discípulo que, em seu coração, já se afastou de Jesus. Vamos ignorar que ele não se preocupa pelos pobres, mas que se preocupa mais por sua caixinha particular. Vamos ignorar que Judas é um discípulo desonesto. Vamos ouvir suas palavras como sendo uma pergunta séria a nós, a nossa comunidade, a nossa igreja. Porque se Judas tem razão, tanto faz se ele se preocupa, ou não, pelos pobres. Verdade é verdade! Então, aí está a pergunta: como é que nós lidamos com o dinheiro da igreja, com as ofertas dadas a Jesus e a sua comunidade? Onde é que estão os pobres, no orçamento de nossa comunidade, de nossa paróquia? Eles não entraram? Não foram levados em conta? Se isto for o caso, as palavras de Judas nos atingem. Porque os pobres realmente deverão ser uma preocupação para a comunidade de Cristo. "Dai-lhes vós de comer." Jesus o tinha dito a seus discípulos, embora na ocasião eles só tivessem cinco pães e dois peixes. Talvez para nós até seja bom que Judas nos lembre dos pobres. Nós, que somos capazes de gastar trezentos denários (vale dizer, dez salário mínimos) para comprar um televisor a cores, e esquecer que em nosso lugar há uma família que não consegue comprar nem um litro de leite por dia para o nené doentio! Assim, não vamos passar por cima daquilo que Judas diz, somente por ter sido Judas aquele que se lembrou dos pobres. Os motivos dele - que é que importam? Se os pobres não têm advogado de defesa entre nós, então até um Judas poderá servir para nos lembrar deles...

Mas o caso é que no dia em que Maria ungiu os pés de Jesus com aquele perfume precioso, os pobres tinham advogado. Um advogado melhor que Judas. Um advogado que realmente amava os pobres. Que lhes pregava o evangelho, que vivia em seu meio, que tocava as suas feridas, curava as suas enfermidades, que repartia com eles o pouco que tinha. Este advogado era Jesus. Lembremo-nos deste fato para não entendermos mal a mensagem de nosso texto. E o que Judas diz só se torna errado porque ele faz de conta que Jesus se tenha esquecido dos pobres. Notamos que sua reclamação contra Maria é, em verdade, uma reclamação dirigida contra Jesus. Judas não estava contente com a maneira com que Jesus lidava com os pobres. Ele deve ter achado que era um advogado melhor dos necessitados. Achava que o que importava, era distribuir dinheiro entre os pobres. Que o principal problema do ser humano era o dinheiro. Que tudo mais se resolvia, quando a base material da vida estava garantida.

Nós, que chegamos a conhecer Jesus Cristo e a amá-lo, sabemos que não é assim. O que Jesus trouxe aos pobres não era só pão. Ele amava os pobres, assim como amava todas as pessoas, com as quais lidava. Por isso compartilhava tudo com eles: sua vida, sua mensagem, seu amor - não só o seu pão. E isso, para nosso próprio relacionamento com os pobres (no país de pobres em que vivemos), faz uma diferença fundamental. Ainda hoje muitos se levantam em defesa dos pobres. Os motivos são os mais variados, nobres e menos nobres. Mas, se o motivo que os faz falar não for o amor, amor autêntico, então suas palavras não são sérias. Então eles têm segundas in-tenções. Os pobres às vezes se deixam enganar, ao menos por algum tempo. Depois vão notar que foram logrados, que um falso advogado lhes ofereceu pão, e depois os foi explorando, se foi apoderando deles, porque em realidade não ligava para eles. Ligava só para si mesmo, sua teoria sobre os pobres, sua honra e, quem sabe, sua posição de poder e a fortuna que poderia fazer, advogando a causa dos pobres e explorados.

Jesus diz: "Os pobres, sempre os tendes convosco." Não entendemos estas palavras como se Jesus quisesse dizer que os pobres não importavam tanto. Não! Ele quer dizer que os pobres sempre precisarão de nós, e nós dos pobres, e ai de nós, se os esquecermos! Ai de nós, se for necessário que um Judas se levante para nos lembrar deles. Se nos esquecermos de que temos por Senhor o único defensor e advogado dos pobres, que realmente os ama, e que os faz ser amados por seus discípulos! Ai de nós, se não amarmos os pobres, com todas as implicações, porque, se assim for, não estaremos trilhando o caminho de Cristo!

Mas, agora, voltemos a dar atenção àquela ação estranha de Maria. Gastar aquela fortuna num instante, com um gesto tão estranho, tão fora do comum! Derramar aquele perfume precioso, ungir os pés de Jesus, e depois enxugá-los com os próprios cabelos! Será que é um capricho momentâneo? Será que Maria se acha tão comovida, tão perturbada por dentro, que seu raciocínio, seu pensamento claro fica desligado? Será que ela não sabe o que faz, que se deixou levar pelos sentimentos de compaixão e de veneração por Jesus, esquecendo-se do suor e do trabalho que tinha custado aquele perfume precioso? Será que esta mulher não sabe contar até trezentos?

O nosso texto não fala dos motivos que levaram Maria a ungir os pés de Jesus e a usar os próprios cabelos como toalha. É bem possível que ela tenha sido perturbada. Talvez a única pessoa perturbada, abalada por dentro, entre todos os que cercavam Jesus nesta hora. Mas nós sentimos que esta perturbação, essa comoção interna, não era nenhuma loucura leviana. Se era loucura, era a loucura do coração, a loucura de um amor santo e ingênuo, a loucura do serviço humilde e abnegado.

Entendemos nós ao menos um pouco do segredo deste amor? O rapaz que ganha o salário mínimo e que compra um buque de rosas caras para sua noiva, ele entende um pouco deste segredo. O casal que faz um empréstimo acima de suas capacidades para poder levar o filho acidentado, de táxi, para o especialista de São Paulo, esse entende também. E quem coloca flores preciosas no altar da igreja, se o fizer com humildade, em gratidão a Deus, ele sabe do segredo também.

Mas ainda há mais uma coisa na atitude desta mulher: ela parece a única pessoa que, neste momento, realmente está vendo. Ela vê com os olhos videntes, os olhos abertos pelo amor. Ela antevê a morte de Jesus. É por isso que não pode reservar o perfume para depois. Depois só poderia servir para embalsamar um corpo morto. Ela precisa derramar o perfume agora, enquanto o seu Senhor está com vida. É como se nos quisesse lembrar: Não guardem as flores só para os túmulos das pessoas. Os vivos é que precisam delas. E precisam muito! Se até Jesus precisava de sinais de amor, ao enfrentar sua última luta, no caminho da obediência!

Veja Maria, com seu gesto fora do comum, agiu assim como Deus age. Deus é "mão aberta", ele é magnânimo, deixa o sol brilhar e deixa a chuva cair sobre bons e maus, sobre justos e injustos. Ele se dá ao luxo de criar flores e colibris e arco-íris, mesmo que nenhuma pessoa chegue a vê-los e admirá-los. Assim o amor de Jesus, a imagem de Deus Pai, nunca foi mesquinho. Ele "desperdiçou" o pão e os peixes, desperdiçou seu perdão, gastou sua vida aceitando os que ninguém queria, até um ladrão crucificado que a ele se confiava.

Assim entendemos, porque Jesus diz a Judas: "Deixa-a. Ela guardou isto para o dia em que me embalsamarem." Quer dizer: ela antecipou o que se costuma fazer com uma pessoa falecida. Deu mostras de seu amor, de sua comoção interna, por causa de meu sofrimento e de minha morte. Deixai-a. Entendei o que ela faz. E Jesus aceita, com brandura, a oferta de Maria. Faz os demais entender que é um conforto incomparável que recebeu por parte de uma discípula.

"Há tempo de buscar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de deitar fora" (Eclesiastes 3.6). Mas junto a Jesus, sempre há tempo de amar. E é isto que importa.

Oremos: Senhor, em tua presença aprendemos a amar de fato. Em tua presença aprendemos o que é comunhão dos santos. Louvado sejas por teu amor, que te fez dar a vida em nosso benefício. Nós queremos responder o teu amor com o nosso. Ajuda-nos para que em nosso dia-a-dia possamos servir-te como fiéis discípulos teus. Amém.

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Autor: Lindolfo Weingärtner


[Perguntas e respostas] TERIAM OS AUTORES DA BÍBLIA REGISTRADO SUAS PRÓPRIAS OPINIÕES?

2 Pedro 1.19-21

Ao contrário do que alguns imaginam, os autores da Bíblia não foram usados como uma máquina de escrever quando redigiram os textos sagrados. Não foi algo parecido com uma psicografia! No entanto, mesmo conscientes e mostrando seu estilo peculiar, foram usados por Deus para revelar a vontade divina para nós e não suas próprias opiniões. A prova de que eles não escreveram suas opiniões particulares é que muitos autores bíblicos nem compreendiam a plena profundidade daquilo que estavam redigindo, como foi o caso das profecias. Vemos assim, que o Espírito de Deus supervisionou a sua própria Palavra, ainda que tenha usado instrumentos humanos.

Curiosidades:
  • Você sabia que a Bíblia demorou mais de um milênio para ser escrita?
  • Dentre os seus autores encontramos reis, sábios, um médico, um vaqueiro, pescadores e um cobrador de impostos?
  • Apesar de tanta diversidade, a Bíblia tem uma mensagem clara: Deus cheio de amor veio salvar o homem dos seus pecados por meio de Cristo.
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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

terça-feira, 2 de agosto de 2011

[Perguntas e respostas] QUAL É O VALOR DA BÍBLIA? SERIA A BÍBLIA UM LIVRO CONFIÁVEL E VINDO DE DEUS?

2 Timóteo 3.16-17

A Bíblia, ou as Escrituras Sagradas, é a revelação escrita de Deus aos homens. Ela é clara em afirmar sua origem divina. As Escrituras são divinamente inspiradas e proveitosas para nos ensinar a verdade de Deus. Esse livro, que é o guia dos cristãos, é o mais importante livro do mundo. Seu testemunho afirma que ela é uma obra plenamente confiável, e que é a Palavra de Deus. São 66 livros, 39 no Antigo Testamento, anteriores ao nascimento de Cristo, e 27 no Novo Testamento, escritos depois de Cristo. A essência da mensagem bíblica é a seguinte:
  • Explicar a origem do homem.
  • Mostrar a origem do mal e do pecado no mundo.
  • Ensinar que Deus deseja a salvação dos homens.
  • Afirmar que a salvação de Deus está na pessoas de Jesus.
  • Há esperança e vida eterna para todo aquele que se volta para Deus, por meio de Cristo Jesus.
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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

[Perguntas e respostas] QUE É O HOMEM?

Gênesis 5.1-2

Essa pergunta tão simples e importante nem sempre é corretamente respondida. Enquanto alguns têm procurado dizer que o ser humano é maior ou igual a Deus, outros o reduzem a uma posição inferior à dos animais. Idolatria, exploração humana, crimes, escravidão são alguns exemplos dos erros decorrentes de uma visão incorreta sobre o ser humano. Deus criou o homem à sua semelhança (e à sua imagem - leia Gênesis 1.26), a base de sua dignidade. Aqui está um pequeno resumo da visão bíblica sobre o ser humano:

Fato - Consequência

  • É criatura - Jamais pode ser equiparado a Deus ou divinizado.
  • É frágil - O orgulho e arrogância humana são tolice (leia Salmos 8.3-8.
  • É imagem de Deus - Possui dignidade especial, não pode ser considerado apenas "um animal". Matar pessoas é crime contra Deus (Gênesis 9.6). Possui inteligência, moralidade e criatividade.
  • É comunitário - Deus criou homem e mulher, dando valor à família e à vida em comunidade.
  • Possui domínio - Como imagem de Deus, o homem domina sobre a criação, o que implica em responsabilidade (Gênesis 1.26).
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Fonte: Bíblia de Estudo Esperança

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