sábado, 30 de outubro de 2010

Práticas Devocionais - PRÁTICA DA CONFIANÇA

A prática da confiança é a arte de colocar em Deus toda a capacidade de crer, em qualquer lugar, em qualquer tempo e em qualquer situação, mediante a negação da incredulidade própria e a afirmação da onipotência divina. É a capacidade de amarrar-se a Deus, e não aos problemas que tolhem a alegria de viver. A plena confiança ocupa todo o espaço vazio entre Deus e o homem, reduz drasticamente a taxa de ansiedade e traz benefícios incalculáveis para a saúde mental e para o bom funcionamento do corpo humano.

A plena confiança não surge de uma hora para outra. Ela é gradativa, vai crescendo aos poucos, vai se apoderando da pessoa, vai se avolumando, vai enchendo a distância entre Deus e o homem. Assim aconteceu com Abraão. Abraão saiu de sua terra e de sua parentela para uma terra que Deus lhe mostraria (Hb 11.8).

Depois de marchas e contramarchas, ele acreditou que seria o pai de uma grande nação, tão numerosa como as estrelas do céu, como o pó da terra ou como a areia da praia, mesmo tendo uma esposa estéril e avançada em anos, mesmo levando em conta o seu corpo já marcado pela morte (Rm 4.18-21; Hb 11.11, 12.)

Por fim, depois de nascido e crescido o filho da promessa, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque na certeza de que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo de entre os mortos, caso o sacrifício do menino se consumasse (Hb 11.17-19).

Entre o chamado de Abraão e o que aconteceu na terra de Moriá, passaram-se talvez uns quarenta anos. Nesse período, a confiança de Abraão cresceu poderosamente, não sem erros (como o caso de Ismael) e alguns fracassos (como o uso de expedientes escusos para proteger-se contra Faraó e Abimeleque).

A prática da confiança se faz a partir da primeira resposta aos apelos de Deus e às promessas da sua Palavra. Ela precisa crescer ao ponto de aprender a esperar contra a esperança, isto é, a ter fé e esperança mesmo quando não há o menor motivo para crer, como aconteceu com Abraão. Este é o clímax da confiança.

CONFIANÇA FRUSTRANTE

O homem tem sido tentado a pôr a sua confiança em pessoas e coisas, que não suportam o peso dessa confiança, e em promessas que Deus nunca fez. Daí as exortações da Palavra de Deus:

1. É preciso confiar em Deus, e não em si mesmo: "Quem confia em seu bom senso é insensato" (Pv 28.26, BJ).

2. É preciso confiar em Deus, e não na carne: "Bem que eu poderia confiar também na carne [...] Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo" (Fp 3.4-11).

3. É preciso confiar em Deus, e não em homens: "Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor" (Jr 17.5).

4. É preciso confiar em Deus, e não em príncipes: "Não confieis em príncipes, [...] Em quem não há salvação" (Sl 146.3).

5. É preciso confiar em Deus, e não em palavras falsas: "Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam" (Jr 7.8).

6. É preciso confiar em Deus, e não em bens e riquezas: "Quem confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como a folhagem" (Pv 11.28).

7. É preciso confiar em Deus, e não em carros e cavalos: "Ai dos que [...] confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor" (Is 31.1).

CONFIANÇA EM QUALQUER SITUAÇÃO

A confiança em Deus é especialmente válida em circunstâncias adversas e em situações difíceis.

1. E preciso confiar em Deus "ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte" (Sl 23.4).

2. É preciso confiar em Deus "ainda que um exército se acampe contra mim" (Sl 27.3).

3. É preciso confiar em Deus "ainda que as águas tumultuem e espumejem, e na sua fúria os montes se estremeçam" (Sl 46.3).

4. É preciso confiar em Deus "ainda que as figueiras não produzam frutas, e as parreiras não dêem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais" (Hc 3.17, BLH).

A BASE DA CONFIANÇA

A possibilidade e a obrigação do exercício da plena confi¬ança repousam nos seguintes fatos:

1. As promessas de Deus. Deus tem o hábito de fazer "santas e fiéis promessas" (At 13-34). Ele nos tem dado "suas preciosas e mui grandes promessas", para que por meio delas nos tornemos participantes da natureza divina (2 Pe 1.4). Uma dessas promessas é a efusão do Espírito, já realizada (At 1.4; 2.33). Portanto não há lugar para o vazio.

2. O caráter de Deus. O Deus que faz as promessas "não pode mentir" (Tt 1.2). Ele "não é homem, para que minta" (Nm 23.19). Portanto não há lugar para a desconfiança.

3. A graça e o amor de Deus. O Deus que faz as promessas e que não pode mentir é extremamente dadivoso (Tg 1.5). "Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?" (Rm 8.32.) Portanto não há lugar para a ansiedade.

4. O poder e os recursos de Deus. O Deus que faz as promessas, que não pode mentir e que é extremamente dadivoso tem todo poder no céu e na terra, sobre tudo e sobre todos. Daí a exortação: "Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus" (Sl 46.10). Portanto não há lugar para o medo.

O FORTALECIMENTO DA CONFIANÇA

A confiança precisa ser fortalecida. A Bíblia diz que Jônatas fortaleceu a confiança de Davi em Deus (l Sm 23.16). A essa altura, Davi já tinha dado mostras de uma enorme confiança em Deus ao enfrentar o gigante filisteu (l Sm 17.37). O fortalecimento da confiança dá-se:

1. Por meio da comunhão com Deus. A pessoa em contínua e profunda comunhão com Deus absorve consciente e inconscientemente muito vigor, muita energia, muita coragem, muita seiva.

2. Por meio da oração. É perfeitamente correto e válido confessar diante de Deus a pequenez de nossa confiança e suplicar uma confiança mais ousada.

3. Por meio da Palavra de Deus. A leitura e meditação da Palavra de Deus alimenta o espírito e transmite valores extraordinários.

4. Por meio de exemplos. São notáveis os exemplos de confiança plena em Deus de Abraão, Josué e Calebe (Nm 14.1-12), Davi (l Sm 17.31-40), Ezequias (Is 36 e 37) e Paulo (At 27.1-44), além de outros encontrados na história eclesiástica. Todos encorajam, desafiam e fortalecem a prática da confiança.

5. Por meio da experiência. É preciso aprender a confiar, não desanimar com as crises de falta de fé, levantar-se depois da queda, quantas vezes for necessário, e seguir adiante.

OS GALARDÕES DA CONFIANÇA

A prática da confiança não deve ser abandonada, porque ela tem "grande galardão", como diz enfaticamente a Palavra de Deus (Hb 10.35).

1. Ela produz uma sensação de felicidade: "Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e não pende para os arrogantes, nem para os afeiçoados à mentira" (Sl 40.4).

2. Ela produz paz de espírito: "Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti" (Is 26.3).

3. Ela produz firmeza: "Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para sempre" (Sl 125.1).

4. Ela produz ausência de temor: "Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei" (Sl 56.4).

5. Ela realiza proezas: "Em Deus faremos proezas" (Sl 60.12).


Autor: Elben M. L. Cesar

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